Seis golos em 45 minutos, quatro deles nos últimos 10 minutos. Assim se resume o Portugal 5-1 Polónia da noite de sexta-feira, jogo da 5.ª jornada da Liga das Nações de futebol. No Dragão, perante 47.239 espetadores, a seleção nacional foi a tempo de acordar para uma grande segunda parte, pintada com nota artística e quatro golaços, um deles de bicicleta, de Cristiano Ronaldo.
Os objetivos principais estavam alcançados: apuramento e 1.º lugar do Grupo A1. Segue-se o jogo na Croácia na 2.ª feira para cumprir calendário e observar caras novas no fecho da fase de grupos, antes da fase a eliminar da prova.
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O Jogo: Dar uma parte inteira de avanço pode não funcionar noutras alturas
"A primeira parte foi muito má, mas a segunda foi do melhor que vi." Foi dessa forma simples, mas assertiva, que Roberto Martínez resumiu a exibição de Portugal diante dos polacos. Que foi uma má primeira parte, todos viram (no estádio e pela TV). Mas como explicar tanto desnorte?
Zero remates enquadrados era o que Portugal tinha a apresentar no final dos primeiros 45 minutos, apesar dos inócuos 64 por cento de posse de bola. A pressa em tentar chegar à baliza traduzia-se em perdas de bola sucessivas, dando origem a contra-ataques dos polacos. Além do mais, quando Portugal tinha bola e apanhava a Polónia já organizada, todo o processo era lento. Todos parados, a quererem bola no pé, poucas movimentações para abanar a defesa polaca.
Os polacos, mesmo com tantas baixas, criavam perigo, pecando apenas na finalização. Diogo Costa tinha sido chamado a intervir em três remates, dos seis feitos nos primeiros 45 minutos.
A entrada de Vitinha ao intervalo no lugar de João Neves mudou Portugal, porque alguém do meio-campo passou a pensar o jogo, a meter pausa quando necessária, a acelerar quando era preciso, a esperar pelo momento oportuno para o passe.
Portugal tinha agora alguém a comandar no passe, também passou a pressionar mais a frente e com mais intensidade, ganhando a bola mais cedo. Nuno Mendes soltou-se na esquerda, rompendo muitas vezes pelo meio para criar superioridade, ficando Dalot mais atrás a dar equilíbrio.
Depois foi esperar que as individualidades resolvessem, como fez Rafael Leão no 1-0, Bruno Fernandes na 'bomba' para o 3-0 após bola recuperada por Vitinha, Pedro Neto no 4-0, lançado nas costas do lateral esquerdo por Cristiano Ronaldo e o próprio Cristiano Ronaldo no 5-0, num pontapé acrobático a passe de Vitinha, ele que já tinha feito o 2-0, de grande penalidade. E outros golos ficaram por marcar.
Do segundo tempo, além da melhoria significativa, fica também destacado a eficácia nos remates em direção à baliza: seis tiros, que deram cinco golos. É de louvar.
O que não merece louvor é a forma como se ofereceu tanto à Polónia. O golo do 1-5 é uma oferta de Nuno Tavares, a querer sair a jogar dentro da área com tanta gente, com um passe a queima para Vitinha. Antes, Diogo Costa e a ineficácia tinham evitado mais golos para os polacos.
Apuramento para os quartos de final conseguido, 1.º lugar garantido do Grupo A 1 que coloca Portugal como cabeça de série no sorteio, ou seja, vai defrontar um dos segundos colocados dos restantes três grupos desta Liga A. Para já, sabe que não apanha a Espanha, mas França ou Itália poderão ser adversários, tal como Alemanha ou Países Baixos ou Hungria, Dinamarca ou Sérvia.
Na segunda-feira, Portugal cumpre calendário diante da Croácia, ainda em risco de não se apurar. Bruno Fernandes (castigado), Bernardo Silva, Pedro Neto e Cristiano Ronaldo não vão à Croácia. Fábio Silva e Geovany foram Quenda chamados, pelo que teremos uma Seleção de muitas mudanças a fechar a fase de grupos da Liga das Nações.
Momento-chave: Agarra-me se puderes
A revolta tinha sido lançada por Rafael Leão logo no início do segundo tempo. Mas aos 59 minutos, resolveu cavalgar desde a sua área, deixando adversários para trás na velocidade, antes de lançar Nuno Mendes, que lhe devolveu a simpatia para o 1-0, de cabeça. Até aquele momento, se alguém merecia um golo no lado luso, era ele. Depois desse golo, tudo mudou.
Os Melhores: E tudo Vitinha mudou
Com Vitinha em campo, tudo mudou no jogo de Portugal: futebol mais pausado, jogo mais pensado, criatividade. As duas assistências para golo são o reflexo do impacto que o médio teve no jogo de Portugal na segunda parte, além de ter lançado Dalot para o remate que acabou em grande penalidade, convertida pelo capitão Ronaldo.
Cristiano Ronaldo não esteve bem no primeiro tempo, mas merece uma menção pela assistência e pelos dois golos apontados, principalmente pelo segundo, marcado de forma acrobática. Portugal não foi para o intervalo a perder graças a Diogo Costa, autor de várias defesas. Não merecia sofrer o golo quase a terminar o jogo.
Em noite 'não': Aquela primeira parte é para deitar fora
O meio-campo de Portugal não funcionava na primeira parte, não por culpa de João Neves, mas pela escolha de Roberto Martínez. Fica por explicar o porquê de optar pelo médio ex-Benfica no vértice mais recuado do meio-campo, quando era preciso ter bola, chamar os polacos, pensar o jogo. Zero remates à baliza na primeira parte deve algo inédito no jogo de Portugal nesta Liga das Nações.
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