
Portugal acaba de se sagrar campeão da Liga das Nações pela segunda vez. A Seleção Nacional bateu a Espanha nas grandes penalidades por 5-3. Diogo Costa brilhou ao travar o remate de Alvaro Morata.
Depois do 2-2 nos 90 minutos e de ninguém ter marcado no prolongamento, o jogo foi decidido através da marcação de grandes penalidades, onde Portugal converteu os cinco remates. Só Álvaro Morata falhou nos 'Nuestros Hermanos', que nem tiveram de marcar o quinto penálti.
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João Neves a lateral direito? Foi um erro contra a Alemanha e voltou a ser um erro contra a Espanha
A muito criticada decisão de colocar João Neves na lateral direita na meia-fina diante da Alemanha (2-1) voltou a ser repetida por Roberto Martinez e, Nico Williams tratou de demonstrar que espanhol que comanda a seleção lusa estava errado. O golaço diante dos germânicos valeu a Francisco Conceição um lugar no onze, que 'perdeu' Francisco Trincão e Ruben Neves em relação ao jogo da última quarta-feira diante da 'Mannschaft'. Vitinha foi titular.
Entrada boa de Portugal, a ter bola, mantendo a Espanha longe da sua área, e com João Neves a ter a primeira oportunidade, mas a disparar por cima, após amortecimento de Bernardo Silva.
Portugal ia 'secando' as principais figuras espanholas, principalmente Lamine Yamal, sempre bem marcado, tal como Pedri. Mas era preciso olhar para os outros, coisa que falou nos dois golos espanhóis no primeiro tempo.
Pedri aos 15 e Nico Williams aos 17 traduziram o crescimento espanhol no jogo com dois lances de muito perigo, e a mostrar também que João Neves não podia ser solução para marcar o veloz e talentoso extremo que atua no Athletic Bilbao. Faltava apoio ao médio que Roberto Martinez teima em transformar em lateral direito, quando há dois no banco.
O talento do meio-campo espanhol veio ao de cima, no 1-0, aos 21 minutos. Um toque de calcanhar de Oyarzabal deixou Zubimendi com campo aberto, o médio aproveitou o espaço, meteu em Lamien Yamal que centrou de pronto. Ruben Dias não conseguiu afastar a bola, João Neves tirou-a de Diogo Costa mas deixou o esférico à mercê de Zubimendi que só teve de encostar.
O melhor que podia acontecer a Portugal, aconteceu, pelo seu melhor jogador nesta 'final-four' da Liga das Nações. Nuno Mendes desceu pelo seu corredor, trocou com Pedro Neto, entrou na área e disparou forte e seco, para o 1-1. Unai Simon sem capacidade para travar o tiro do lateral esquerdo luso.
Depois de Nico Williams deixar a nu, por duas vezes, o erro de ter João Neves na lateral direita, a Espanha traduziu em novo golo a superioridade em campo. Meio-campo luso sem capacidade para travar os médios espanhóis: condução de Pedri, passe para Oyarzabal que se desmarcou nas costas de Gonçalo Inácio e Ruben Dias para desviar para o 2-1. Simples. Portugal pediu falta de Le Normand sobre Bernardo Silva no início da jogada, mas o árbitro Sandro Schärer, um homem de critério largo, disse que não havia nada e confirmou o golo.
Roberto Martinez: mais reativo que ativo
Roberto Martinez voltou a ser reativo e não ativo, ao aproveitar o intervalo para correções: deixou Francisco Conceição e João Neves nos balneários, lançou um lateral direito de raiz - Nélson Semedo - e ainda Ruben Neves, adiantando Bernardo Silva para uma das alas do ataque. A equipa ficava mais perto do seu 'normal', sem adaptações.
Aos 48 minutos, os milhares de portugueses no Allianz Arena ainda gritaram golo, quando Bruno Fernandes disparou de longe para o fundo das redes, mas o golo foi anulado porque Pedro Neto, que combinou com o médio, vinha de posição irregular.
Portugal parecia melhor, mais estabilizado, a Espanha ia jogando com a vantagem, sem necessidade de acelerar.
Era preciso algo de diferente no jogo de Portugal para marcar. E quem melhor do que o melhor jogador português na prova? Nuno Mendes voltou a subir no terreno, enganou Lamine Yamal e Mingueza com uma finta de corpo, acelerou para a área e serviu Cristiano Ronaldo para o 2-2, aos 61 minutos. O centro do lateral desviou num defesa, foi ter com o avançado de 40 anos, que ganhou no físico a Cucurella e marcou o seu primeiro golo num final por Portugal (4 jogos), o oitavo nesta Liga das Nações, o seu 138.º pela Seleção A, em 221 jogos.
O incansável Nuno Mendes, um comboio sem travão, resolvia na frente e... na defesa. Aos 63 minutos, travou um remate de Pedri, que levava selo de golo, após grande lance do médio criativo que atua no Barcelona, em mais um 'buraco' na defensiva lusa.
Rafael Leão e Renato Veiga renderam o amarelado Gonçalo Inácio e Bernardo Silva e, perto do final, Cristiano Ronaldo, lesionado, cedeu o seu posto a Gonçalo Inácio. Na Espanha, Luis de la Fuente Fabian Ruiz e Pedri por Isco e Mikel Merino, na zona central.
Diogo Costa, que chegou a assustar ao pedir assistência, brilhou com duas fantásticas defesas, a remates de Fabian Ruiz e Isco.
Sentia-se o 'cheiro' a prolongamento no ar, que rapidamente chegou ao 'nariz' do árbitro, como mostram os (apenas) dois minutos de desconto que deu e que nem deixou que fossem cumpridos. Antes, Cristiano Ronaldo, tocado, deu o seu lugar a Gonçalo Ramos.
Rafael Leão, o agitador
O prolongamento foi de Rafael Leão, o homem que veio agitar o jogo de Portugal. O extremo deu água pela barba a Mingueza, de tal forma que o selecionador espanhol mudou aquele corredor, com a entrada de Pedro Porro (no outro lado, Alex Baena rendeu Nico Williams). Mas Nuno Mendes e Leão continuavam a carregar por aí, num prolongamento dominado por Portugal.
No segundo tempo do prolongamento, Luis de La Fuente tirou Lamine Yamal, que estava na direita, para colocar Yeremi Pino, mais um para ajudar a travar Nuno Mendes e Rafael Leão. Na seleção nacional, Diogo Jota entrou no posto de Pedro Neto para os últimos 15 minutos do prolongamento. Mas golos, nem vê-los.
Foi preciso recorrer às grandes penalidades para se encontrar o vencedor desta edição da Liga das Nações. E aí, Portugal foi mais competente, convertendo todos os cinco remates, contra a Espanha que falhou um, por Alvaro Morata. Grande defesa de Diogo Costa.
Portugal conquista o terceiro troféu internacional da sua história, depois do Euro2016 e da Liga das Nações de 2019. A seleção lusa sucede exatamente à espanhola, e é a primeira com duas conquistas desta nova prova de seleções da UEFA.
Na primeira final ibérica de sempre, Portugal leva a melhor sobre Espanha, nesta que é a 2.ª vitória lusa em seis jogos com Espanha em jogos de fases de finais.
Também será a oportunidade para Cristiano Ronaldo, aos 40 anos, finalmente marcar numa final com a camisola das ‘quinas’, depois de ter ficado em branco no Euro2004, perante a Grécia, no Euro2016, frente à França, e em 2019 na Liga das Nações no duelo com os Países Baixos.
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