
O Chelsea recebe, na noite desta terça-feira, o Benfica, na 2.ª ronda da fase liga da Champions. O jogo acabou por cair para segundo plano, já que o grande destaque é o regresso de José Mourinho a Stamford Bridge, agora como adversário do clube onde é o técnico com mais títulos.
José Mourinho vai defrontar o seu Chelsea pela 15.ª vez na carreira e, olhando para os anteriores jogos, não se pode dizer que tenha sido feliz. Nos outros 14 encontros como técnico de Manchester United, Tottenham e Inter Milão, Mourinho venceu quatro jogos e perdeu por sete vezes diante dos Blues.. Houve três empates.
Os benfiquistas esperam que o treinador de 62 anos possa melhorar esses dados estatísticos a seu favor.
No dia em que o 'Special One' visita uma casa onde foi muito feliz, fomos ver como foram as duas passagens do treinador português pelo Chelsea.
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"I think I’m a special one". E era mesmo Especial
"O meu desejo é sair. Tenho interessados e vontade de sair". Esta foi uma das muitas frases deixadas por José Mourinho, enquanto os jogadores do FC Porto celebravam a conquista da Liga dos Campeões no relvado do Arena AufSchalke, em Gelsenkirchen, no dia 26 de maio de 2004. O destino continuaria a ser azul, mas agora em Londres, no Chelsea, depois de vencer quase tudo o que havia para vencer com os Dragões, incluindo uma Taça UEFA e uma Champions.
Os primeiros passos para o nascimento do 'Special One' começaram a ser dados quando o técnico levou o seu FC Porto até Old Trafford para surpreender o mundo do futebol e eliminar o poderoso Manchester United, de Sir Alex Ferguson, da prova milionária (2-1 no Dragão, 1-1 em Inglaterra). Depois de celebrar com o icónico sprint no mítico Old Trafford, o futuro do técnico ficou selado. "No dia seguinte tinha dois grandes clubes a baterem-me à porta. Um azul e um vermelho", confessou Mourinho, na sua biografia.
A 2 de junho de 2004, enquanto atendia dezenas de jornalistas na sala de imprensa de Stamford Bridge, na sua apresentação como treinador dos Chelsea, deixou escapar mais uma das suas icónicas tiradas: "I think i'm a special one". Assim, sem mais, sem falsas modéstias.

Em campo provou porque era especial. Levou o Chelsea ao seu primeiro título inglês em 50 anos (não era campeão desde 1954/55) logo na primeira época, transformou os londrinos numa equipa difícil de bater e Stamford Bridge numa fortaleza. Dois campeonatos, uma Taça, uma Supertaça e duas Taças da Liga depois, Roman Abramovich, o magnata que o convenceu a trocar o FC Porto pelos londrinos e que lhe ofereceu um Ferrari preto como prenda, afastou-o do cargo.
A sua primeira época nos Blues é assombrosa: apenas seis derrotas em 59 jogos, cinco delas na Liga dos Campeões, uma delas diante do seu FC Porto, n Dragão (2-1). As outras foram nos 'oitavos' da Champions em Camp Nou com o Barcelona (venceu 4-2 em casa e passou), nos quartos de final diante do Bayern Munique (seguiu também em frente) e outra nas meias-finais da prova, quando perdeu 1-0 com o Liverpool, depois de um 1-1. Na Premier League, apenas uma derrota, em casa do Mancheser City.
Apesar dos dois títulos de campeão de Inglaterra, o principal objetivo continuava a fugir: a Liga dos Campeões. No ano seguinte à sua chegada, a queda deu-se nos oitavos de final, diante do Barcelona (1-1 em casa e 1-2 em Espanha).
No terceiro ano, viu o título fugir para o Manchester United (ficou em segundo) e, mais uma vez, a Champions a escapar, ao ser eliminado nas meias-finais pelo Liverpool nas grandes penalidades (4-1), depois de 1-0 em casa e 0-1 fora. Uma queda diante do técnico Rafa Benítez, com quem nunca se deu bem. É que pela segunda vez em três anos, o espanhol levava a melhor sobre o 'Special One' na Champions, apesar de todos os ataques de Mourinho a Benitez.
De 'Special One' a 'Fired One'. Mas história, essa ninguém apaga
Em setembro de 2007, com apenas três vitórias em oito jogos, Roman Abramovich perdeu a paciência e demitiu o português. O israelita Avram Grant pegou na equipa a meio e conseguiu o que Mourinho não tinha alcançado: levar os Blues à final da Champions, que perderiam para o Manchester United, nas grandes penalidades.
O italiano Massimo Moratta viu nele a pessoa certa para levar o Inter Milão Milão aos títulos e em apenas duas épocas, sagrou-se bicampeão italiano e venceu a Liga dos Campeões em 2010, em pleno Santiago Bernabéu diante do Bayern Munique. O 'Special One' era agora 'Il Speciale'.
Florentino Pérez também viu o mesmo que Massimo Moratti e chamou-o a Madrid. Em três épocas no Real (de 2010 a 2013), venceu um campeonato diante do poderoso Barcelona de Pep Guardiola, mas a tão sonhada Liga dos Campeões continuava a fugir.

Pelo meio, Roman Abramovich já tinha visto o seu Chelsea vencer a tão desejada Liga dos Campeões em 2011/12 com o improvável Roberto Di Matteo, depois de eliminar Nápoles, Benfica, Barcelona e bater o Bayern Munique na final, nas grandes penalidades (4-3).
No final do verão de 2013, Mourinho ignorou o ditado sobre não se voltar aonde já se foi feliz e regressou a Stamford Bridge. Chegou como o 'Happy One' como se intitulou, pronto a corrigir os erros do passado.
No primeiro ano, bateu com o nariz na porta da final da Champions, ao ser eliminado pelo Atlético Madrid (0-0 em casa e 1-3 fora). Na Premier League, teve a pior classificação, ao terminar em 3.º a dois pontos do Liverpool e a quatro do Manchester City.
Tentaria a Champpions na época seguinte, em 2014/2015, mas aí nem passou dos oitavos de final, o cair diante do PSG (1-1 fora e 2-2 em casa, após prolongamento, quando os golos marcados fora tinham peso). Recuperou o título na Liga Inglesa, o seu terceiro nos Blues.
Só que desta vez durou menos em Stamford Bridge. Na terceira época, novamente despedido por Abramovich em 2015, depois de uma derrota por 2-0 diante do Leicester de Claudio Ranieri, o homem que Mourinho foi substituir da 1.ª vez que pegou nos londrinos, em 2004.
As nove derrotas em 16 jogos (quatro vitórias e três empates) e o impensável 16.º lugar na Premier League tornaram-se insustentáveis. Ao todo, apenas nove vitórias em 25 jogos na temporada 2015/2016.
Nas duas passagens pelo clube londrino, José Mourinho saiu como técnico com mais títulos conquistados no clube (oito) e com a maior percentagem de vitórias (66%) entre os treinadores com mais de 100 jogos na Liga Inglesa, de acordo com a 'Opta'.
Nas sete temporadas (duas delas incompletas) no Chelsea, José Mourinho conquistou três Premier Leagues, uma Super Taça de Inglaterra e três Taças da Liga inglesa. Ao todo, José Mourinho comandou o Chelsea em 321 jogos: somou 204 vitórias, 69 empates e 48 derrotas, 575 golos marcados e 240 sofridos.
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