O Benfica qualificou-se esta quinta-feira para os oitavos de final da Liga Europa. Para tal, os encarnados empataram a zero em casa do Toulouse, um resultado obtido à custa de muito e desnecessário sofrimento, isto se tivermos em conta a diferença de qualidade das equipas.
Contudo o estatuto não ganha jogos e, depois de uma primeira parte onde os encarnados souberam contrariar o ímpeto inicial dos franceses, beneficiando até de duas ocasiões flagrantes para marcar, a segunda parte acabou por ser a antítese daquilo que se esperava que fosse uma partida sempre sob controlo da formação portuguesa.
Os comandados de Roger Schmidt acabaram o jogo com o credo na boca, e terão muito a agradecer, quer ao guarda-redes Trubin, quer à ineficácia de um adversário que dispôs de ocasiões mais do que suficientes para, no mínimo, levar o jogo para prolongamento.
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O jogo: Complicar o que parecia simples
Apesar de estar em vantagem na eliminatória, Roger Schmidt parecia não querer correr riscos para a partida em Toulouse, fazendo alinha de início Neres e Di María nas alas, em apoio a Rafa e Tengstedt no ataque; uma equipa de tração à frente que dava a ideia de querer controlar a partida e assegurar, não só a qualificação, como também a vitória.
Todavia os encarnados estavam cientes que, perante o seu fervoroso público, o Toulouse iria entrar em jogo determinado em chegar ao golo que empatasse a eliminatória. Tal de facto aconteceu, os franceses exploravam os corredores, beneficiando da ineficaz cobertura que Di María e Neres davam aos seus laterais, mas, apesar de alguns sustos, não surgiam oportunidades.
Esgotados os primeiros vinte minutos, o Benfica foi equilibrando as operações, tendo agora mais bola, e tendo mesmo o primeiro remate digno desse nome por intermédio de Rafa. O Toulouse não se quis ficar atrás e também criou a sua primeira oportunidade três minutos depois, mas o cabeceamento de Donnum saiu à figura de Trubin.
À entrada do último quarto de hora da primeira parte, os encarnados pareciam ter a partida controlada, não dando espaço ao Toulouse no último terço, e procurando rápidas transições para o ataque. Até ao intervalo foram mesmo das águias as únicas oportunidades para marcar; a primeira aos 33 minutos quando Di María esticou-se após cruzamento de Bah mas falhou o desvio à boca da baliza por centímetros, e a segunda já em tempo de compensação por António Silva que, na cara do guarda-redes do Toulouse, não conseguiu marcar.
Ao intervalo parecia que o Benfica tinha todas as condições para arrumar em definitivo com o jogo e a eliminatória na segunda parte, e que o golo acabaria por chegar. Mas aparentemente Roger Schmidt não estava totalmente satisfeito com o desempenho da sua equipa e, surpreendentemente, decidiu deixar Morato e Tengstedt nas cabines, fazendo entrar Álvaro Carreras e Arthur Cabral...mal sabia Schmidt o que acabara de fazer.
Com efeito, o técnico alemão não deve ter demorado muito até perceber a asneira que fizera. Os dois substitutos transformaram o jogo, sim, mas não da maneira como Schmidt esperaria. Carreras era incapaz de travar as iniciativas ofensivas dos franceses, e Cabral não tinha capacidade de segurar a bola lá à frente.
Detetando à má entrada do lateral esquerdo espanhol, o Toulouse resolveu explorar aquele filão, começando a chegar com muito mais perigo junto da área de Trubin, beneficiando do desacerto total da equipa portuguesa.
E aí começaram a acumular-se as oportunidades de golo; entre os 47 e os 66 minutos, a equipa da casa juntou um punhado de oportunidades, cada uma mais perigosa que a anterior, e que só não resultaram em golo, ora graças às brilhantes intervenções de Trubin, ora por mera ineficácia dos jogadores do 'TêFêCê'.
Perante tal inesperada avalanche ofensiva, Roger Schmidt lá conseguiu estancar a hemorragia, fazendo entrar Aursnes para a ala esquerda, por forma a poder ajudar um Carreras sem capacidade para suturar a ferida que se havia aberto no seu corredor.
Pela primeira vez no jogo uma substituição de Schmidt surtiu efeito; é certo que o Toulouse continuava por cima, mas agora já com mais dificuldades em criar o mesmo perigo que criara nos primeiros vinte minutos.
Até final o Benfica teve de se remeter à sua defesa e segurar a magra vantagem de um golo, já que lá à frente o a incapacidade de construir ou segurar a posse de bola no meio campo adversário era total e evidente. Num último suspiro a equipa da casa voltou a ameaçar, mas aí Trubin voltou a brilhar, negando o golo a Sierro já nos descontos.
O Benfica marca assim presença nos oitavos de final da Liga Europa, depois de dois jogos onde, não estando ao seu melhor nível, fez o suficiente para ultrapassar o 13º classificado da Liga Francesa.
O momento: O neerlandês voador
Corria o minuto 55, o Toulouse mostrava-se bem mais ameaçador no início da segunda parte. Suazo ganhou espaço (mais uma vez) no lado direito do ataque e cruzou para o coração da área, onde surgiu vindo de trás Spierings que, de cabeça, falhou aquilo que parecia um golo certo e uma das oportunidades mais clamorosas dos franceses ao longo do jogo.
O melhor: Trubin contra a turbulência
O Benfica terá muito a agradecer a Anatoly Trubin pela qualificação para os oitavos de final. O guardião ucraniano foi dos poucos (juntamente com João Neves) que manteve a sua consistência ao longo de todo o jogo, mostrando-se como elemento nuclear no equilíbrio emocional dos encarnados na segunda parte. Destaque para duas defesas de enorme grau de dificuldade, aos 66 e aos 92, que negaram o golo ao Toulouse.
O pior: Se não está partido não tentes concertar
Após uma primeira parte onde o Benfica soube controlar o ímpeto ofensivo do Toulouse, beneficiando até das melhores oportunidades, Roger Schmidt resolveu trocar Morato e Tengstedt por Carreras e Arthur Cabral.
A verdade é que a entrada dos dois jogadores baixou em muito, por um lado a estabilidade defensiva, e por outro a capacidade de esticar o jogo na frente. Muito daquilo pelo que passou o Benfica na segunda parte se deve às mexidas de Schmidt, que apenas conseguiu emendar a mão quando fez entrar Aursnes.
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