As eliminações prematuras de Alemanha, Brasil e Canadá fazem do Mundial feminino de futebol de 2023 uma autêntica caixa de surpresas, chegando aos oitavos de final sem favoritos claros ao título e com um escaldante confronto Suécia-Estados Unidos.
A surpresa poderia ser maior se Portugal, em estreia absoluta no torneio, tivesse vencido as norte-americanas no último jogo do Grupo E, mas o empate 0-0 permitiu às bicampeãs em título evitar um escândalo maior e manter-se na corrida por um inédito terceiro troféu consecutivo.
No período de compensação, aos 90+1 minutos, Ana Capeta, que tinha entrado aos 89, acertou no poste esquerdo da baliza norte-americana, cuja derrota deixaria de fora da prova a recordista de troféus, com quatro conquistados em oito edições, atrás dos Países Baixos, vice-campeão do mundo, e de Portugal.
“Ver os gigantes tombarem e os novatos apurarem-se faz deste campeonato um dos mais imprevisíveis e interessantes de sempre. (...) O tempo em que se podia prever tudo terminou”, sentenciou Jill Ellis, a treinadora que levou o ‘Team USA’ à conquista do troféu em 2015 e 2019.
Os Estados Unidos continuarão a não ter vida fácil para reescrever a história, uma vez que vão defrontar a impressionante Suécia, vice-campeã olímpica e uma das três seleções que terminou a primeira fase com o ‘pleno’ de vitórias, a par do Japão e da Inglaterra, campeã europeia.
“Talvez seja melhor defrontá-las no domingo do que nas meias-finais ou na final”, observou o selecionador sueco, Peter Gerhardsson, deixando o aviso às adversárias: “Sabemos que podemos vencê-las”.
Se os Estados Unidos apenas tremeram, a Alemanha, campeã do mundo em 2003 e 2007, caiu com estrondo no fecho da fase de grupos, ao empatar 1-1 com a Coreia do Sul, abrindo caminho à qualificação para os ‘oitavos’ à Colômbia e à estreante seleção de Marrocos.
A Alemanha, que foi ainda finalista vencida no Mundial de 1995 e ocupa o segundo lugar do ranking da FIFA, nunca tinha sido eliminada antes dos quartos de final em todas as participações anteriores, desfecho dificilmente previsível quando goleou Marrocos por 6-0 na estreia, há menos de duas semanas.
A eliminação das germânicas, uma das maiores potências do futebol feminino, foi o culminar de um Campeonato do Mundo repleto de resultados insondáveis, a começar pelo jogo de abertura, no qual a coanfitriã Nova Zelândia bateu sensacionalmente a Noruega, campeã em 1995, por 1-0.
Pelo meio, o Brasil, campeão sul-americano e sempre candidato ao pódio – apesar de nunca ter vencido a prova -, também ficou pelo caminho, atrás da França e da Jamaica, tal como o Canadá, campeão olímpico em título, superado pela coanfitriã Austrália e a Nigéria.
Se Portugal ficou a alguns centímetros de distância, Marrocos conseguiu mesmo tornar-se a única das oito seleções estreantes a apurar-se para os oitavos de final, nos quais vai defrontar a França, e o primeiro país árabe a ultrapassar a fase de grupos.
Outro confronto promissor vai opor o Japão à Noruega, enquanto Inglaterra e Países Baixos terão tarefas mais acessíveis frente a Nigéria e África do Sul (que, tal como as marroquinas e as jamaicanas, nunca tinha chegado tão longe) e do embate entre Colômbia e Jamaica resultará uma presença inédita nos ‘quartos’.
A nona edição do Mundial feminino de futebol realiza-se de 20 de julho a 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia.
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