O árbitro Artur Soares Dias assumiu o “enorme orgulho” de poder representar Portugal no Campeonato do Mundo de futebol de sub-20, que vai ter início no sábado, na Nova Zelândia.
O ‘juiz’ natural de Vila Nova de Gaia, de 35 anos, que vai ser coadjuvado pelos assistentes Álvaro Mesquita e Rui Licínio, repete a nomeação do Europeu de sub-17 de 2011, mas considera que vai alcançar agora um dos pontos mais altos da sua carreira.
“Esta é a segunda grande competição internacional de seleções da FIFA e é uma grande satisfação conseguir representar Portugal além-fronteiras. Ao confiarem em nós demonstraram que temos competências e qualidades”, afirmou Artur Soares Dias, em entrevista à agência Lusa.
O árbitro está a organizar a participação no Mundial há mais de dois meses, partilhando as várias áreas que, juntamente com a sua equipa, se tem debruçado na preparação. “Temos de estar atentos a todo o enquadramento técnico, físico, médico e até a questão do ‘jet lag’. Além disso, é necessário uma análise de ‘scouting’ das 24 equipas que vão estar presentes, porque não sabemos para que jogos vamos ser nomeados. É verdadeiramente um trabalho de equipa e com muitas horas de dedicação”, sublinhou.
O árbitro, da Associação de Futebol do Porto, revelou que apitar jogos de uma competição de sub-20 exige uma vocação especial para saber gerir as emoções da juventude, confessando uma especial técnica de preparação.
“Tenho vindo a realizar o treino com os meus dois filhos, para ver se estou preparado para gerir esses jogadores mais jovens”, sublinhou, sorridente.
Num tom mais sério, Artur Soares Dias assinalou as diferenças identificadas neste escalão: “É natural que os jogadores mais novos tenham um enquadramento diferente do jogo do que um jogador sénior, embora alguns deles, diga-se, já estejam habituados a este nível de pressão, ou talvez maior, por serem profissionais de alto rendimento em grandes clubes”.
Artur Soares Dias afirmou que, nos últimos anos, árbitros como Pedro Proença ou Olegário Benquerença colocaram a imagem da arbitragem portuguesa “num patamar elevadíssimo”, sentido a responsabilidade de dar sequência a esse nível. “Ainda tenho mais 10 anos de carreira e tenciono atingir o nível deles mesmo sabendo que o caminho é longo, mas considero que arbitragem portuguesa tem muitos bons valores e que temos condições e apoios para manter esse patamar de elevadíssima de qualidade”, vincou.
Já Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, disse encontrar em Artur Soares Dias qualidades para continuar a boa imagem que Portugal tem neste âmbito internacional.
“O Artur tem a humildade de perceber que está em constante evolução e com mais de 10 anos de carreira pela frente, na qual pode fazer mais de 400 jogos, vai continuar a melhorar e a manter a boa imagem da arbitragem portuguesa”, frisou o dirigente.
O responsável máximo pelos árbitros lusos apontou alguns números para frisar a relevância da presença de uma equipa de arbitragem lusa num Mundial.
“A FIFA tem 210 países inscritos, desses só uma dezena terá árbitros neste Mundial. Dos 54 países da Europa, apenas quatro serão representados na arbitragem, e Portugal vai ser um deles. Tenho a certeza de que os nossos árbitros nunca trabalharam tanto, nem tão bem, como estas gerações”, rematou.
A última vez que Portugal teve uma equipa de arbitragem num Mundial de sub-20 ocorreu em 2009, no Egipto, com a presença de Olegário Benquerença e dos assistentes Bertino Miranda e José Cardinal.
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