Lisboa ficou hoje com cara de poucos amigos na sequência do empate entre Portugal e Espanha, por 3-3, em jogo da primeira jornada do Grupo B do Campeonato do Mundo 2018, que se realiza na Rússia.
Com o apito inicial do árbitro italiano Gianluca Rochi a tarde prometia. O sol aquecia o Terreiro do Paço e milhares de adeptos portugueses iam-se posicionado para poder desfrutar do jogo no ecrã gigante montado para o efeito, virado para o Rio Tejo.
Lá longe os barcos ligavam as duas margens. Alheio a isso, Cristiano Ronaldo, em Sochi, na Rússia, ia ‘partindo a louça’. Logo aos quatro minutos colocou Portugal a vencer, de grande penalidade. O chão quase tremeu com o público a saltar.
Os poucos espanhóis presentes, que não chegavam às duas dezenas, ficaram ‘sem pinga de sangue’. Não bastava terem trocado de selecionador 48 horas antes, como se encontravam a perder com os ‘vizinhos’ lusos. Mas Diego Costa resolveu fazê-los sorrir, aos 24 minutos, apesar do veredicto do ‘VAR da Praça do Comércio’ assobiar em protesto contra a decisão do árbitro italiano. Afinal do autor do golo tinha empurrado Pepe.
O silêncio apoderou-se do Terreiro do Paço, que contava com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, até que o mágico Cristiano Ronaldo tirou um ‘coelho da cartola’, em cima do intervalo.
Contudo, como diz o ditado, se de um lado chovia, do outro trovejava. Diego Costa, aos 55 minutos, e Nacho, aos 58, colocaram a ‘roja’ na condição de vencedor e os comandados de Fernando Santos pareciam sofrer do mesmo mal que os portugueses que se encontravam a escassos metros da estátua de D. José I: apatia.
No cimo do arco da Rua Augusta estava o ‘terceiro anel'. Dezenas de adeptos não saíram dali até Cristiano Ronaldo fazer o ‘hat-trick’ e selar o resultado. Apesar do empate, os portugueses foram abandonando a Praça do Comércio com cara de poucos amigos, a provar que afinal não consideram ‘nuestros hermanos’ assim tão ‘hermanos’.
Festejos não houve, mas a conquista deste ponto deixou alguma esperança em todos eles. A portuguesa Emeri, acompanhada do brasileiro Gabriel, compara o jogo de hoje com a campanha lusa no Euro2016, onde se sagrou campeã europeia.
"Foi um jogo muito emocionante. O último golo de Cristiano Ronaldo foi ótimo. Foi algo de que já não estávamos à espera. Mudou o jogo de Portugal. Adoraria que isto fosse como no Europeu, o campeão dos empates, até á vitória final. Ronaldo mereceu o Óscar", afirmou.
Vestidas com as cores de Portugal da cabeça, onde estavam umas estrelinhas, aos pés, Ingrid e Thaís, estudantes brasileiras que se encontram no projeto Erasmus, em Portugal, consideraram o jogo "sensacional".
"É o nosso primeiro jogo em Portugal. Estamos a estudar cá. Foi um 3-3 e temos o coração a mil. Domingo o Brasil vai ganhar (frente à Suíça). Queremos sempre que Portugal e Brasil ganhem", remataram.
Envergando orgulhosamente uma bandeira espanhola, mesmo no centro do Terreiro do Paço, estava Paola. Ela não teve dúvidas em apontar a origem desta derrapagem hispânica. Afinal o melhor guarda-redes, na opinião dela, ficou de fora, e vive em Portugal.
"Quando Espanha estava a vencer 3-2 acreditámos que poderíamos ganhar o jogo. Portugal marcou. Parabéns. Faltou Casillas para a Espanha ganhar. Espero que agora com o Irão que a Espanha ganhe. Desejo muita sorte à Espanha. Cristiano Ronaldo jogou muito bem", disse.
Mais cerebral foi o jovem português Tiago. Deixando a emoção de lado, reconheceu que a Espanha jogou bem e que Portugal beneficiou de ter nas suas fileiras o melhor jogador do mundo.
"Foi dos melhores jogos que vi da seleção nos últimos tempos. Fomos muito apertados, por isso o empate foi justo. Portugal esteve a sofrer, mas Ronaldo é Ronaldo. A jogar assim, será vitória fácil com Marrocos. Podemos passar o grupo e depois, nos oitavos, seja com a Rússia ou o Uruguai, temos possibilidade de passar", profetizou.
Portugal volta agora a entrar em ação na próxima quarta-feira, em Moscovo, às 13:00, no encontro diante de Marrocos, que hoje perdeu (1-0) com o Irão ‘de’ Carlos Queiroz, seleção que lidera o Grupo B, com três pontos.
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