O ‘Evereste' que Portugal deve subir até ao desejado e inédito título Mundial de futebol começa a ser escalado sábado, frente ao Uruguai, adversário com selecionador experimentado e uma equipa valorizada, além dos terríveis Luis Suárez e Cavani.
Nos oitavos de final, sábado, em Sochi, Portugal terá pela frente a única seleção que ainda não sofreu qualquer golo, fazendo o pleno dos nove pontos, após derrotar Egito e Arábia Saudita por 1-0 e, já apurado, a anfitriã Rússia por 3-0.
Com vários conhecidos do futebol português, casos de Maxi Pereira, Coates, Cristian Rodríguez e Urreta, o Uruguai começa por ser a identidade do mais velho selecionador na competição, Oscar Tabárez, de 71 anos, e há 12 à frente da equipa, desde 2006, cumprindo na Rússia o seu quarto mundial.
Face a estes dados, poucos treinadores conhecerão tão bem os seus pupilos como Tabárez, que aposta, sobretudo, no sistema 4x4x2 tradicional, sendo que o conjunto ganha outra amplitude quando no meio campo se posiciona em losango.
As grandes referências dos sul-americanos são, obviamente, Luís Suárez, do FC Barcelona, e Edinson Cavani, do Paris Saint-Germain, dois dos melhores avançados do mundo e que há muito tempo se unem na ‘celeste', jogando de cor e resolvendo, muitas vezes, os problemas que o coletivo não consegue solucionar.
Explosivos, eficazes e letais, Suárez e Cavani têm a capacidade, como poucos, para decidir um desafio a favor do seu país, de pouco mais de três milhões de habitantes.
Sempre com garra e técnica, o Uruguai privilegia muitas vezes o futebol direto para os seus dois avançados, mas ao ‘miolo' sobra igualmente qualidade para um estilo mais pensado e apoiado, de um bloco que é especialista em lances de ‘laboratório' nas bolas paradas, bem como no jogo pelo ar - foi assim que marcou os cinco golos que leva na competição.
O campeão do Mundo de 1930 e 1950, que atravessa um período de transformação geracional, sem alterar o estilo, tem a capacidade de ser um ‘camaleão' na adaptação ao estilo de jogo e Portugal será o seu primeiro teste a sério, enquanto os pupilos de Fernando Santos já apanharam sustos com a Espanha (3-3), Marrocos (1-0) e Irão (1-1).
Sem a intensidade competitiva de Marrocos, que criou grandes dificuldades aos lusos, o Uruguai é, no entanto, um opositor muito aguerrido na disputa homem a homem e que, bastas vezes, prefere dar a iniciativa ao contrário para o surpreender no contragolpe.
O empate sofrido com penálti nos descontos, altura em que o videoárbitro também validou a igualdade da Espanha com Marrocos (2-2), retirou a Portugal o primeiro lugar do grupo e a possibilidade de defrontar a Rússia, bem como seguir o lado da grelha competitiva com oponentes teoricamente menos complicados, além de, até à final, só por uma vez sair de Moscovo.
Portugal, que ainda não realizou uma exibição verdadeiramente convincente e consistente, costuma transcender-se com opositores mais fortes, sendo isso que Fernando Santos espera, depois de garantir que a fase de grupos é mais stressante para os seus pupilos.
Quaresma, que marcou, de ‘trivela’, golo de rara beleza, contra o Irão, mostrou a Fernando Santos que há mais génio individual além de Cristiano Ronaldo para resolver jogos.
Falta agora que algumas peças subam o seu nível competitivo, para que Portugal esteja à altura de todo o seu potencial: até ao momento, o todo não tem refletido a soma do valor das partes.
A ligação do meio campo ao ataque não tem sido fácil para Portugal, que tem sentido problemas para criar perigo no último reduto adversário: dois terços dos remates foram de fora da área e na pequena área são quase uma miragem.
A transição defensiva dos uruguaios nem sempre é eficiente, pelo que Portugal pode aproveitar para avançar em profundidade, sendo que nesse caso Gonçalo Guedes é mais rápido e móvel do que André Silva, para fazer companhia e Cristiano Ronaldo.
O ataque luso deve privilegiar o futebol pelo chão, uma vez que os centrais Godin e Jiménez, parceiros no Atlético de Madrid, têm rotinas bem afinadas e são torres difíceis de transpor pelo ar: os laterais Varela e Cáceres parecem o ponto mais débil.
Estes antagonistas nunca se encontraram em partidas oficiais, mas apenas em dois particulares, com um triunfo de Portugal (3-0, em 1966) e um empatou (1-1, em 1972).
Portugal e Uruguai defrontam-se sábado às 21:00 locais (19:00 em Lisboa), no Estádio Olímpico Fisht, em Sochi, em encontro dos oitavos de final do Mundial de 2018.
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