O antigo internacional José Augusto considerou hoje que a seleção portuguesa de futebol, com o estágio nos Estados Unidos, “colocou o dinheiro à frente daquilo que podia ser uma participação condigna no Mundial2014”.
José Augusto disse à agência lusa ter sido esse o "handicap" da participação portuguesa no Brasil, em que falhou o acesso aos oitavos de final, e aponta o dedo à planificação e falta de experiência para preparar este tipo de competição.
“Depois do jogo com a Grécia deveríamos ter feito as malas e rumado ao Brasil e preparado os jogadores da melhor forma possível para o jogo com a Alemanha, que era a seleção mais forte do grupo, para obter um resultado à altura das nossas condições”, referiu.
José Augusto considera que a seleção portuguesa teve uma prestação “muito negativa frente à Alemanha” e que a goleada sofrida (4-0) acabou por “influenciar, anímica e desportivamente, o desempenho dos jogadores nos restantes jogos”.
“Os 4-0 não só afetaram moralmente a equipa como o estado anímico com que receberam o segundo jogo (com os Estados Unidos), que podia ter corrido melhor e não correu”, justificou o antigo internacional e treinador português.
Ainda de acordo com José Augusto, esta situação está relacionada com a falta de adaptação à recuperação física dos jogadores. Tanto dos que jogam em Portugal como nos restantes campeonatos europeus e que tiveram uma época desgastante.
“Isso foi fundamental e fez com que a participação não fosse aquela que deveria ter sido”, defendeu José Augusto, considerando que o triunfo no último jogo frente ao Gana (2-1) serviu apenas para atenuar o balanço final da participação.
José Augusto considerou ainda que, além de Portugal possuir o melhor jogador do Mundo (Cristiano Ronaldo), tem ainda outros com alguma relevância e que deviam ter tido uma participação muito mais à altura das suas características.
“E isso, na minha ótica, com a experiência que tenho de fases finais e de treinador, só não foi possível devido à falta de recuperação física, anímica e tática. Nunca conseguimos apresentar um modelo de jogo que realmente viesse facilitar as características do Ronaldo”, explica.
O antigo internacional reconhece que a seleção portuguesa teria que jogar para Cristiano Ronaldo, “mesmo sabendo de antemão que o seu estado físico não era muito bom, mas que era recuperável, como foi, mas isso não aconteceu”.
"Portugal melhorou um pouco do primeiro para o segundo jogo e no terceiro fez muito melhor, mas já de nada serviu. Mesmo assim, o milagre podia ter acontecido. O Cristiano Ronaldo teve nos pés várias oportunidades, que em situações idênticas e em melhor condição física, não falha. Mas, ali falhou”, disse.
José Augusto não coloca em causa o lote dos eleitos do selecionador Paulo Bento, considerando não haver muito mais por onde escolher, e deixa já o alerta, com a análise do Mundial, para a qualificação para o Campeonato da Europa daqui a dois anos.
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