O treinador português, Carlos Carvalhal, concedeu uma entrevista à televisão britânica BBC onde falou de vários momentos da sua carreira enquanto técnico. Atualmente sem clube depois de sair do Swansea, o técnico português fez várias revelações relacionadas com a sua tranjectória no futebol, desde a terceira divisão portuguesa até à Premier League.

"Não sou o tipo de treinador que fala do mesmo modo para todos os jogadores. Há os que são mais introspetivos e aí temos de agir de outra forma", começou por dizer Carlos Carvalhal sobre a sua estratégia de comunicação com os jogadores.

"O que os motiva? Alguns são motivados pelo orgulho, outros pelo dinheiro ou pelo medo. Há que entender as suas personalidades. Na primeira conversa que tenho com cada um deles, depois de dois ou três minutos fico a saber muito sobre a sua personalidade. É instintivo", acrescentou o ex-técnico do Swansea.

Ainda sobre a relação que tem com os seus jogadores, Carlos Carvalhal não deixou e apontar críticas à atual mentalidade dos atletas e destacou outro aspecto que muitas vezes se torna 'inimigo dos treinadores': 'os 'personal trainers'.

"Eles [jogadores] vivem num mundo só deles e isso prejudica-os. Têm 'personal trainers', eu acho isso inacreditável, não sabem o que estão a fazer", começa por dizer Carlos Carvalhal sobre o assunto, revelando depois um episódio pelo qual passou no Swansea.

"Os 'personal trainers' são um grande 'inimigo' dos treinadores. Passei por isso no Swansea com um jogador que sofreu uma lesão num joelho. Dois dias antes de um jogo ele estava em casa a treinar com o 'personal trainer'. Quem é responsável por isso? Os jogadores acham que é encantador ter um 'personal trainer', que parece bem, mas não estão ligados ao treinador e com o que ele faz durante toda a semana", frisou o técnico português.

Outro dos tópicos da entrevista de Carlos Carvalhal na BBC foi o tipo de relacionamente do técnico português com os presidentes dos clubes. Com uma carreira de 20 anos no futebol, o treinador português assumiu que já teve problemas quando presidentes e dirigentes tentam intrometer-se em assuntos do balneário e contou um episódio quando ainda treinava o Leixões.

"Quando estava no Leixões, na 3.ª divisão portuguesa, chegámos à final da Taça de Portugal e na época seguinte o presidente disse-me antes de um encontro: 'Vais jogar com este e com aquele jogador', mas respondi-lhe que não. 'Vou jogar com a equipa que eu preparei'. Então ele retorquiu: 'Faz o que entenderes, mas se perderes já sabes o que vai acontecer', começou por contar Carlos Carvalhal.

"Nós ganhámos o jogo e depois, em frente aos jogadores, dei ao presidente a braçadeira e disse: 'Agora temos um novo treinador. Você quer ser treinador, então assim seja'. E sai dali. Deixei o clube, como é óbvio. Não posso tolerar que o presidente vá ao balneário dizer-me quem deve jogar, essas decisões são do treinador e esses momentos são cruciais para nós", sentenciou Carlos Carvalhal sobre o assunto.

"Em todos os clube spor onde passei, nas primeiras semanas senti que estava a ser testado pelos principais jogadores do plantel. É aí que se definie o nosso sucesso no clube, ou ganha-se ou perde-se o grupo. Se ganhares essa batalha, tens os jogadores na mão e eles vão dar-te tudo. Se perderes, estás acabado. Numa questão de semanas ou meses, serás despedido", rematou o técnico português.