Os clubes da Premier League continuam a discutir os detalhes do 'Project Restart', que visa implementar medidas de segurança para o regresso do futebol a 8 de junho. A pressão é muita já que alguns jogadores, como o argentino Sergio 'Kun' Aguero, estão com medo face a possibilidade de disseminação do novo coronavírus.
A Premier League enfrenta uma perda estimada mil milhões de libras (1.136.900.000 de euros) se esta temporada não for retomada, após a suspensão em meados de março devido ao surto de COVID-19.
Reunidos na passada esta sexta-feira por videoconferência, os clubes voltaram a mostrar vontade em retomar a prova no início de junho e tentaram acalmar os jogadores em questões de saúde, embora a Premier League tenha declarado em comunicado que "nenhuma decisão foi tomada na reunião ".
Jogar os 92 jogos que restam à porta fechada reduziria essa perda, evitando a devolução de milhões de libras às emissoras de televisão que detém os direitos de transmissão dos jogos.
No plano desportivo, o Liverpool praticamente conquistou o seu primeiro campeonato em três décadas, mas há outras questões a serem decididas, como as equipas que o acompanharão na Liga dos Campeões e as que irão descer de divisão.
Mas, com a expectativa de jogar novamente em menos de 40 dias, os clubes enfrentam um desafio logístico, já que o Reino Unido é um dos países mais afetados pela COVID-19.
Agüero: 'A maioria dos jogadores tem medo'
"A maioria dos jogadores tem medo porque tem filhos, crianças e família ou vive com os pais. Se voltarmos, tenho a certeza de que todos ficarão apreensivos porque, se uma pessoa começar a ficar doente, o que vamos fazer?", questionou Agüero no programa de televisão espanhol 'El Chiringuito'.
A ideia de os jogadores concentrados em hotéis enquanto decorrer os jogos não agrada a todos.
"Espero que não seja esse o cenário. É uma loucura pensar que ficaremos oito semanas longe da família", disse o atacante do Brighton, Glenn Murray.
Além disso, o jogador de futebol descreveu como uma "farsa" a possibilidade de os jogadores usarem máscaras de proteção nos treinos.
O ex-capitão do Manchester United, Gary Neville, um dos proprietários da equipa da segunda divisão de Salford City, é um dos muitos que acreditam que as questões financeiras estão a ser colocadas à frente das de saúde.
"Quantas pessoas têm morrer a jogar futebol na Premier League antes que se torne inaceitável? Se não fosse uma decisão financeira, não haveria futebol por alguns meses", disse Neville à 'Sky Sports'.
Apenas fornecer os testes necessários para fazer a bola rolar novamente no Reino Unido já é uma dor de cabeça para os políticos.
Segundo a imprensa local, jogadores, treinadores e funcionários envolvidos tem de passar nos testes duas ou três vezes por semana. "Se o futebol recomeçar, os testes serão essenciais para voltar a treinar. Com um único caso, tudo explodiria", alertou Eva Carneiro, ex-médica do Chelsea, à BBC.
Embora os testes sejam privados, há um debate social aberto sobre jogadores de futebol jovens e saudáveis a usar testes que podem ser necessários para outros indivíduos mais vulneráveis.
A Premier League não pode permitir outro desastre na comunicação deste processo, depois de vários passos falsos que lhe custaram caro.
Devido a críticas da opinião pública, Liverpool, Tottenham e Bournemouth recuaram nos seus planos de usar dinheiro público para pagar pelo desemprego parcial dos seus funcionários.
E como será quando o Liverpool garantir o título?
Também se teme que o regresso do futebol faça com que os adeptos se desleixem no cumprimento das regras de distanciamento social, ainda que as partidas sejam disputadas às porta fechada.
Na quinta-feira, o autarca de Liverpool, Joe Anderson, disse acreditar que "milhares de pessoas" vão cercar o estádio de Anfield no dia em que os 'Reds' encerrarem o jejum de 30 anos sem vencer o título.
Com tanto em jogo, a Premier League fará os possíveis para evitar seguir o exemplo de França e Holanda, que suspenderam permanentemente os seus campeonatos.
No entanto, a liga mais poderosa do mundo a nível financeiro pode ter que enfrentar sérias dificuldades se não conseguir fazer a bola rolar novamente nas próximas semanas.
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