O inédito título do Leicester em Inglaterra foi tema de uma conferência na Universidade Europeia, em Lisboa no passado dia 16 de maio. Sob o lema "Leicester City: um caso de sucesso na Gestão e no Desporto", o título dos ´foxies` foi dissecado pelos especialistas.
Entre os convidados, estavam Rui Pedro Soares, presidente do conselho de administração de Os Belenenses Futebol SAD, Tomaz Morais, especialista em Liderança no Desporto, Luís Vilar, coordenador científico de desporto da Universidade Europeia e Daniel Sá, diretor-executivo do IPAM. O debate foi moderado pela jornalista da TVI, Cláudia Lopes.
O presidente da SAD do Belenenses explicou que parte do sucesso da equipa de Ranieri esteve na forma como os direitos televisivos em Inglaterra são negociados centralmente pela Premier League, sendo que 50 por cento do valor é distribuído igualmente por todos os clubes, 25 por cento distribuído em função do rendimento desportivo e os restantes 25 por cento são distribuídos em função das audiências. Em Portugal, por exemplo, cada clube negoceia o seu contrato. Enquanto em Inglaterra o primeiro classificado tem uma receita três maior que o último classificado, em Portugal a diferença é superior a dez vezes. Ou seja, nunca um clube pequeno poderá ser competitivo com um grande, explicou dirigente.
Luís Vilar, comentador e coordenador científico de desporto da Universidade Europeia, explicou o sucesso do Leicester na componente tática. O docente explicou que Ranieri teve de adotar uma estratégia defensiva, jogando com um bloco baixo e em contra-ataque. Daí ter dois médios-centros baixos que correm muitos quilómetros para manter o equilíbrio no meio-campo (Kanté: 1.69m e Drinkwater: 1.73m), centrais muitos fortes no jogo aéreo para as bolas paradas (ex., Robert Huth) e avançados rápidos (Vardi) e criativos (Mahrez) que criaram desequilíbrios em pouco tempo com bastante espaço (40 a 50 metros).
O futebol como negócio foi abordado por Daniel Sá. O diretor-executivo do IPAM referiu que na Liga Inglesa todos os dirigentes, treinadores e jogadores protegem o produto Premier League, pois percebem a importância da sua conduta para o sucesso do negócio que todos exploram. Ao invés, referiu que em Portugal os presidentes e treinadores têm por vezes demasiado protagonismo, e denigrem o próprio negócio que procuram rentabilizar. A constante criação de um clima de suspeição sobre as arbitragens e condutas de parceiros de negócio (entenda-se clubes desportivamente concorrentes) não torna o futebol português atraente para os patrocinadores.
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