Na ressaca do 38º campeonato do Benfica, o SAPO Desporto falou quem está bem atento e próximo da realidade dos encarnados. Álvaro Magalhães vestiu a camisola do Benfica entre 1981/82 e 1989/90 com um total de 263 jogos e um palmarés notável, no qual se destacam quatro campeonatos conquistados.
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Agora, o antigo futebolista assistiu a uma reconquista ao leme de Roger Schmidt, que considera justa: "Foi um campeonato merecido. Primeiro, porque foi a equipa mais regular e que mostrou em quase todos os momentos que foi a melhor equipa a jogar futebol em Portugal. O FC Porto foi um digno vencido e também foi uma equipa que deu luta até ao final, tal como o SC Braga", começou por referir, deixando ainda grandes elogios à estrutura encarnada com quem mantém alguma proximidade:
"A boa organização da estrutura do Benfica, a começar pelo seu presidente e pelo Dr. Lourenço Coelho [Diretor Geral do Futebol], permitiu a escolha de um treinador e jogadores fantásticos. Um dos grandes méritos foi a escolha de um líder para a equipa - um treinador estrangeiro com um mentalidade diferente. A sua liderança permitiu que os jogadores se concentrassem para ganharem o campeonato", frisou.
A verdade é que na caminhada para o título, houve períodos mais conturbados, nomeadamente na derrota frente ao FC Porto e na receção ao Chaves, mas Álvaro Magalhães guarda bem na memória o dia em que o Benfica deu o passo decisivo rumo ao título: "No jogo contra o SC Braga. Depois de uma primeira volta até ao início do Mundial, a equipa mostrou uma grande regularidade. Depois, tiveram jogos menos bons, mas nunca perderam a cabeça e conseguiram voltar ao seu melhor nível. Isso deve-se à liderança e preparação do treinador, da sua equipa técnica e da estrutura. Eu na altura disse: «ganhando o SC Braga, o Benfica é campeão»", sublinhou.
Nesta caminhada até ao triunfo final também é impossível não falar do mérito de Roger Schmidt, tanto na recuperação de jogadores como Gonçalo Ramos e João Mário como na aposta na formação com a ascensão de nomes como António Silva e João Neves.
"Eles vieram da formação, mas foi ele [Schmidt] que os treinou! Jogar na equipa A é diferente de jogar na equipa B. O António Silva era o quarto ou quinto central do Benfica e treinava com os séniores", explicou.
Sobre Gonçalo Ramos, Álvaro Magalhães foi ainda mais afirmativo e não esqueceu os tempos em que o jogador era mal aproveitado:
"Schmidt colocou Gonçalo Ramos na posição dele, que é de ponta de lança. Houve outros treinadores que inventaram que o Gonçalo Ramos era médio organizador quando ele é um ponta de lança de raiz", criticou.
Quando questionado sobre se este sucesso do técnico alemão poderá servir para contrariar a ideia do insucesso que os estrangeiros têm por cá, o antigo defesa também não se ficou por meias palavras: "O Benfica sempre teve treinadores portugueses e estrangeiros. Nos primeiros anos em que eu estive no Benfica foi praticamente treinadores estrangeiros. Para mim não há cá portugueses e estrangeiros, os treinadores são todos iguais. A nacionalidade não conta, é a personalidade, liderança, conhecimento e a capacidade de um estrangeiro chegar a Portugal e ser campeão. Mas também tem de ter uma grande estrutura ao seu lado, e essa estrutura deu condições ao Schmidt para ter sucesso", argumentou.
A festa não terá dado tempo para grandes conversas, mas Álvaro Magalhães fez questão de falar com algumas das figuras do título: "Felicitei o presidente e o Dr. Lourenço Coelho, que são as pessoas mais próximas. É evidente que numa equipa de futebol o presidente e o diretor desportivo são os principais obreiros porque foram eles que escolheram o treinador, os jogadores, e que tiveram mais perto do balneário. Toda a direção está de parabéns".
O último grande agradecimento foi também a quem apoiou o Benfica durante toda a temporada: "Há também mérito do 12º jogador. Os sócios do Benfica são os melhores do mundo, senão o melhor", rematou.
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