Foi uma noite em que quase tudo acabou por correr bem ao Benfica: as águias somaram o triunfo de que precisavam para não deixarem o Sporting fugir no topo da tabela, mantêm-se a apenas um ponto do rival da Segunda Circular, tiveram a sorte do seu lado quando foi preciso (nas duas bolas enviadas pelo Rio Ave ao poste) e ainda viram o seu mais recente reforço, o jovem avançado brasileiro Marcos Leonardo, marcar no seu jogo de estreia de águia ao peito.

Mas o triunfo por 4-1 do Benfica na receção ao Rio Ave, embora por números expressivos e com uma meia hora final relativamente tranquila, esteve longe de ser fácil.

Roger Schmidt apostou no mesmo onze que havia derrotado o Braga a meio da semana, mas o Benfica entrou com pouco fulgor e, aliado a isso, encontrou pela frente um Rio Ave que desde cedo mostrou vontade de ter posse de bola no meio-campo contrário. Os vilacondenses não vieram à Luz só para defender - longe disso - e com um pouco mais de eficácia poderiam ter causado um grande dissabor aos mais de 55 mil espectadores presentes no estádio.

Marcaram cedo, tiveram duas excelentes oportunidades para chegar ao 0-2 (valeu Trubin ao Benfica), mas sofreram o empate perto da meia hora, curiosamente no seguimento de lance em que trocaram a bola entre si durante um largo período. Porque perante jogadores da categoria de João Neves, Rafa ou Di Maria, qualquer erro de paga caro e foi o que aconteceu. O Benfica empatou, só que no arranque da segunda entrou novamente sem fulgor e o Rio Ave voltou a mostrar ao que vinha. Aí, foram os postes da baliza a valer ao Benfica.

As águias, enfim, despertaram e a partir do momento em que se viram em superioridade numérica e, pouco depois, em vantagem no marcador, não mais voltaram a tremer, dando até para o tal golo de Marcos Leonardo, a deixar os adeptos encarnados com água na boca.

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O jogo: Cheirou a surpresa, mas o Benfica salvou-se a tempo

O primeiro lance de perigo até pertenceu ao Benfica, por Rafa, aos cinco minutos, mas depressa o Rio Ave surpreendeu, tomando conta do jogo e abrindo o ativo. Boateng até falhou por pouco o golo no início da jogada, mas os vilacondenses insistiram e Fábio Ronaldo assistiu Guga para o 1-0. Pensou-se que o Benfica partiria para cima do adversário, a correr atrás do prejuízo, as águias continuaram a não conseguir impor o seu jogo e foi o Rio Ave que esteve perto de voltar a marcar, por duas vezes. Trubin negou, primeiro, o golo a Fábio Ronaldo e, pouco depois, a Boateng.

Não marcou o Rio Ave, marcou o Benfica, numa transição rápida. João Neves recuperou a bola, lançou Rafa e este, em grande forma, arrancou ao seu estilo antes de servir Di María que, sem marcação, atirou colocadíssimo para o 1-1. Na primeira parte, porém, não houve mais oportunidades de golo e quem as criou a abrir o segundo tempo foi, novamente, o Rio Ave. Boateng, com Trubin batido, cabeceou ao poste e pouco depois foi João Graça a acertar, também ele, no ferro da baliza.

Os adeptos da casa não estavam a gostar e sentia-se alguma impaciência nas bancadas. Mas tudo mudou pouco depois. Santos, que tinha visto um primeiro amarelo pouco antes, cortou um lance de perigo com a mão e foi expulso. Em superioridade numérica, o Benfica só precisou de três minutos para chegar ao 2-1. Jogada de insistência na sequência de um canto, com a bola a chegar a António Silva, que não perdoou.

A partir daí o jogo só teve praticamente um sentido, com o Benfica a marcar por mais duas vezes e a criar mais alguns lances de perigo. Com classe, Aursnes cruzou com conta, peso e medida para Marcos Leonardo cabecear na perfeição para o 3-1 e, também com muita classe, já nos descontos, Rafa assistiu João Mário para o 4-1 final.

O momento: Rio Ave reduzido a dez

Minuto 58: O Benfica parece, finalmente, começar a crescer no jogo, depois de vários sustos. Mas o resultado continua em 1-1. Até que Aderlan Santos, o único jogador do Rio Ave já amarelado (falta sobre Rafa a abrir o segundo tempo), interceta com a mão um passe de Arthur Cabral, interrompendo um lance de ataque promissor das águias. O árbitro mostra o segundo cartão amarelo ao central brasileiro, os vilacondenses ficam em inferioridade numérica e apenas três minutos volvidos o Benfica consuma a cambalhota no marcador.

A figura: Rafa continua a ser o homem do momento no Benfica

Alheio às dúvidas em relação ao seu futuro, Rafa atravessa um grande momento de forma e voltou a fazer a diferença para o Benfica, numa exibição coletiva das águias que teve longos períodos algo 'cinzentos'. Foi dele a arrancada e a assistência para Di María fazer o 1-1 numa altura em que o Rio Ave estava em vantagem e mandava no jogo. Foi dele, também, a assistência para o quarto e último golo das águias, com um passe primoroso para João Mário, que só teve de encostar. Pelo meio, esteve igualmente no lance do terceiro golo, com outro pormenor delicioso e foi ele a sofrer a falta do primeiro amarelo a Aderlan Santos.

As reações

- Roger Schmidt "feliz" por Marcos Leonardo, António Silva assume que expulsão "acaba por ajudar"

- Luís Freire diz que "o árbitro não esteve à altura do jogo", Guga destaca "qualidade" do Rio Ave

O resumo