Passados 37 dias desde o caricato momento em que se recusou a abandonar o relvado em Aveiro, na Supertaça, frente ao Benfica, depois de receber ordem de expulsão, Sérgio Conceição voltou a orientar a equipa do FC Porto a partir do banco de suplentes. E, com ele, trouxe uma autêntica revolução no onze dos azuis e brancos.
Pepe, David Carmo, André Franco, Alan Varela, Gonçalo Borges, Iván Jaime, Fran Navarro e Evanilson saltaram para a titularidade, em relação ao anterior jogo (empate 1-1 caseiro com o Arouca), com João Mário, Fábio Cardoso, Wendell, Eustáquio, Nico González, Pepê, Taremi e Toni Martinez a começarem no banco.
E não foi só nas pedras do seu xadrez que Conceição mexeu. O treinador mexeu também no sistema tático, com os dragões a surpreenderem e a apresentarem-se num esquema com três centrais. E a verdade é que o FC Porto venceu e, pela primeira vez esta temporada, não sofreu golos num jogo.
Ainda assim, esteve longe de ser uma vitória fácil e tranquila. Desde cedo os azuis e brancos sentiram dificuldades perante um Estrela da Amadora que mostrou personalidade, capacidade para sair a jogar, para ter a bola e para criar desequilíbrios. A turma da casa terá até criado mais ocasiões de golo do que o FC Porto. Valeu Taremi - 'forçado' a saltar bem cedo do banco - a fazer a diferença com a sua capacidade de finalização. O iraniano, de quem tanto se tem falado nas últimas semanas e não necessariamente pelos melhores motivos, ainda não tinha faturado esta temporada, mas com o seu primeiro golo da época ofereceu três importantes pontos aos dragões.
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O jogo: Lucidez de Taremi quebrou um Estrela que merecia mais
O começo do jogo ficou marcado por lesões, lances polémicos e muitas paragens (não admira que a primeira parte tenha tido nove minutos de descontos). Nos primeiros dez minutos a bola não terá estado em jogo mais do que três. O Estrela da Amadora entrou melhor, chegou à área do FC Porto e pediu uma grande penalidade, não atendida pelo árbitro, num lance do qual Marcano saiu lesionado. Pouco depois, lance perigoso do Estrela, com Leo Jaba a rematar às malhas laterais e novos pedidos de grande penalidade, desta feita atendidos por João Pinheiro. Mas não pelo VAR, que convidou o árbitro a rever as imagens, acabando este por reverter a decisão.
Os minutos iam passando com as paragens a sucederem-se. Perto do quarto de hora foi Evanilson a lesionar-se e a ceder o lugar a Taremi. Só passados os primeiros 15 minutos o encontro ganhou algum ritmo e fluidez e voltou a ser o Estrela a criar perigo, num remate desviado por um defesa que quase traiu Diogo Costa. Mas quem marcou foi o FC Porto, praticamente na primeira real ocasião de que dispôs.
Nas bocas do mundo, Taremi tinha sido veemente assobiado pelos adeptos da casa antes do apito inicial, quando se dirigia para o banco. E o iraniano quis continuar a dar que falar. Pepe recuperou uma bola a meio campo num lance dividido com um adversário e de pronto lançou Taremi. A defesa do Estrela falhou no posicionamento e o avançado do FC Porto fez o resto, mostrando toda a sua classe ao tirar Miguel Lopes do caminho antes de atirar a contar.
O FC Porto esteve por duas vezes perto do 2-0 antes do intervalo, com perdidas quase inacreditáveis de Fran Navarro e Gonçalo Borges, mas o Estrela também podia ter empatado, valendo aos visitantes uma grande defesa de Diogo Costa. A segunda parte começou com os minutos a passarem sem grandes motivos de interesse. O Estrela ia tendo mais bola e passando mais tempo no meio-campo do FC Porto, mas sem criar grande perigo. O FC Porto também não conseguia, contudo, ameaçar o 2-0 e com o passar dos minutos o nervosismo da turma de Sérgio Conceição perante a vantagem mínima foi notório. Até Diogo Costa, habitualmente tão seguro, tremeu e o empate esteve à vista. Valeu aí o reforço Alan Varela, a cortar na linha de golo, em cima do minuto 90, um remate de depois de o guarda-redes internacional português ter deixado a bola escapar.
O momento: Classe de Taremi
Minuto 29: Pepe ganha a Ronald em cima da linha divisória e de imediato faz um passe em profundidade a desmarcar Mehdi Taremi. Este, com muita classe, tirou Miguel Lopes da frente e rematou cruzado, sem hipóteses, com a bola a bater ainda no poste antes de entrar para o fundo das redes. Foi o primeiro golo da época de Taremi com a camisola do FC Porto...e que importante foi.
Os melhores: Taremi decisivo, Pepe determinante
Se Taremi foi decisivo ao assinar o golo que ofereceu ao FC Porto três importantes pontos na Reboleira, Pepe foi determinante para a equipa de Sérgio Conceição ao longo dos 90 minutos. Para além de uma série de cortes, interceções e desarmes no capítulo defensivo, esteve ainda na recuperação de bola e na assistência para o único golo da partida. Nada mau para quem, aos 40 anos, vinha de lesão e ainda só tinha feito um jogo nesta edição da Liga.
Os piores: Galeno desaparecido e Omurwa adormecido
Galeno foi um dos três jogadores que se manteve no onze do FC Porto em relação ao empate da ronda anterior com o Arouca, mas o extremo brasileiro, a atuar como ala esquerdo, fazendo todo o corredor, não criou os desequilíbrios que costuma criar, parecendo meio desaparecido no encontro, talvez por do outro lado estar um irreverente Gonçalo Borges, sempre pronto para criar esses tais desequilíbrios no flanco direito. E se no FC Porto Galeno esteve desaparecido, no Estrela da Amadora o defesa Omurwa esteve adormecido, pelo menos no lance do golo: foi ele que se 'esqueceu' de subir com o resto da linha defensiva dos anfitriões, deixando Taremi em posição legal.
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