Da deslocação do FC Porto à Madeira, safaram-se os três pontos. Exibição pobre dos campeões nacionais, neste encontro que fechou a 27.ª jornada da I Liga de Futebol, num jogo onde os Dragões souberam aproveitar bem os erros do adversário. O Nacional deu boa réplica, falhou uma grande penalidade, ‘ofereceu’ o único golo do jogo e terminou o encontro com o mesmo número de remates à baliza do adversário (3).
Esta foi a 9.ª derrota seguida do Nacional na prova, cada vez mais afundado na cauda da tabela. O FC Porto somou o sexto triunfo seguido, aproveita da melhor forma a derrota do Benfica para aumentar para seis os pontos de vantagem sobre o terceiro colocado e mantém pressão no Sporting, equipa que lidera com mais seis pontos que os Dragões.
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O jogo: cansaço e não só
Cinco jogos em 15 dias deixam marcas em qualquer equipa. E se dois desses jogos forem de uns quartos de final de uma Liga dos Campeões, onde a intensidade é de outro nível, as consequências físicas podem ser mais devastadoras, principalmente para uma equipa como o FC Porto que tem jogado quase sempre com os mesmos e que promove pouca rotação no onze.
E foi isso que aconteceu aos Dragões na Madeira, onde sofreram e muito para vencer o Nacional, último da Liga. Sérgio Conceição explicou na zona de entrevistas rápidas o que estava a falhar, principalmente no primeiro tempo.
"Normalmente temos um modelo definido e no qual jogamos há muito tempo, que é o 4-4-2. Os jogadores percebem as dinâmicas. Tínhamos jogado diferente na Champions [4-3-3] e era importante dar continuidade ao que fizemos de bom [frente ao Chelsea]. Mas juntámos os avançados e os alas muitos altos na linha defensiva. Não foi planeado dessa forma, isso acontecia com médios a receber de frente e a tentar encontrar espaço, mas muito no corredor. E aí, quando perdíamos a bola tínhamos o Grujic ao meio, daí as sucessivas aproximações do Nacional", justificou.
O 5-4-1 do Nacional deixava o FC Porto desconfortável porque os laterais não conseguiam ligar com os extremos, deixando muitas vezes Luís Diáz e Corona sozinhos, sempre muito marcados. Taremi recuava para tentar ligar com os médios e os alas, mas depois faltava alguns movimentos que o FC Porto faz bem, como ataque à profundidade, obrigando a linha defensiva contrária a oscilar. Os três médios apareciam demasiadas vezes perto da área do Nacional, mas quase sempre sem condições de criar desequilibro com os avançados.
O 4-3-3 deixava o Nacional confortável que, assim que recuperava a bola, conseguia colocar em Riascos, João Camacho e Kenji Gorré (entrou aos 14 minutos) para estes tentarem o um contra um frente aos laterais portistas, sempre sozinhos. E o perigo do Nacional vinha daí, como se provou no penalti cometido por Zaidu sobre Camacho aos cinco minutos (defendido por Marchesin).
Quando Sérgio Conceição viu o Nacional a crescer no jogo no segundo tempo, respondeu com Marega, Toni Martinez e Romário Baró, voltou ao 4-4-2 e estancou o jogo adversário. Passou a ter mais bola, graças a Romário Baró, passou a pressionar melhor, embora não tenha criado verdadeiros lances de perigo.
Aliás, no segundo tempo, apenas um remate enquadrado com a baliza, dos três que o FC Porto fez em todo o jogo, tantos quantos o Nacional. Estes números explicam, em parte, a grande dificuldade da formação campeã nacional em vencer o último da I Liga, quatro dias depois de ter vencido o Chelsea nos ‘quartos’ da Champions (FC Porto eliminado após perder 0-2 na primeira-mão). Os Dragões até terminaram o encontro com mais faltas cometidas (16 contra 13).
O cansaço teve um peso no jogo, principalmente no segundo tempo, nos jogadores com mais jogos nas pernas como Zaidu, Manafá, Corona e Sérgio Oliveira. Mas Sérgio Conceição terá de recuperar a equipa o mais cedo possível porque vem aí um mês frenético: sete jogos em 28 dias até ao final da época, todos para a I Liga.
Já o Nacional (último com 21 pontos) terá uma missão difícil na luta pela salvação: ainda vai jogar com Benfica e Sporting, além de Famalicão, Vitória de Guimarães, Tondela e Moreirense. A luta pela permanência promete, com 10 pontos a separar o último do 10.º.
Momento-chave: Marchesin defende penalti de Éber Besa e mantém tudo a zeros
Logo aos seis minutos o Nacional ganhou uma grande penalidade, por falta na área de Zaidu sobre João Camacho, em mais um lance imprudente do lateral esquerdo. Chamado a converter, Éber Bessa permitiu a defesa de Marchesín. Depois dos 90 minutos, fica por saber como seria o jogo se o Nacional se colocasse na frente e obrigasse o FC Porto a subir mais as suas linhas, ficando mais espaço para os contra-ataques dos madeirenses.
Os Melhores: 'Marche' travou a marcha nacionalista, Taremi com faro de golo
Além do penalti defendido logo aos seis minutos, Marchesín mostrou-se sempre atento nos postes. Os três remates feitos pelo Nacional à baliza acabaram nas suas mãos, e ainda teve tempo para uma saída aos pés de João Camacho e de acertar sete dos 12 passes longos que tentou.
Tarem marcou pelo terceiro jogo seguido, chegou ao 11.ª na I Liga e ao 18.º tento na época. Depois de uma fase em que esteve quase dois meses sem faturar, o iraniano fez o gosto ao pé frente ao Tondela, Chelsea (golaço de bicicleta) e agora nacional. É o melhor marcador do FC Porto esta época. O golo aos madeirenses premeia o trabalho de Taremi: pressionou o guarda-redes, obrigou António Filipe ao erro e depois só teve de dizer 'sim' à sétima assistência de Corona na I Liga.
Pouco brilho: Dragões com laterais encravados
Muito do pouco futebol do FC Porto frente ao Nacional também se deve a pouca participação de Manafá e Zaidu no jogo. O nigeriano fez um jogo para esquecer: cometeu penalti, perdeu quatro dos cinco duelos que disputou com João Camacho, sentiu muitas dificuldades a defender e não apareceu na frente a ajudar Luís Díaz. O mesmo com Manafá: os poucos cruzamentos que fez foram para fora, perdeu a bola algumas vezes no ataque sem estar pressionado. Uma exibição muito abaixo do esperado por parte dos dois laterais.
Reações: Conceição ainda olha para o título, Manuel Machado lamenta ineficácia
Manuel Machado: "Ao intervalo se o resultado fosse inverso seria mais ajustado"
Rui Correia: "Se marcássemos o penalti, o jogo seria totalmente diferente"
Sérgio Conceição e o título: "Acreditamos que é possível"
Taremi: "Temos tido muitos jogos, jogar de três em três dias é difícil"
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