Já não se via um resultado assim há 82 anos. O 4-1 do Benfica obtido no estádio do Dragão foi apenas a segunda vez que o conjunto encarnado marcou quatro golos no terreno do rival, após o longínquo triunfo em 42/43. Os encarnados repetem o feito, e acrescentam ao 4-1 da primeira volta na Luz, o mesmo resultado na casa dos portistas.

Faltam apenas disputar-se seis rondas na na Liga Portuguesa. O Benfica confirmou o bom momento no ataque às derradeiras jornadas; os azuis e brancos mostraram que nem sequer estão em condições de discutir a corrida - O título de campeão - houvessem dúvidas - irá mesmo ficar na capital.

Tragédia grega com dois atos

Não estava sequer decorrido um minuto de jogo e o Benfica já vencia por 1-0. Vangelis Pavlidis colocava a bola a beijar as redes aos 41 segundos. Para as bancadas pintadas de azul era um vislumbre do pesadelo que iriam viver ao longo da partida. Os dragões chamaram para si o esférico, deambulavam, circulavam, mas o Benfica é que trouxe para o dragão a 'licença para matar'. O 3-4-3 de Anselmi permite superioridade no miolo, mas depois faltava poder diferenciador na frente. Mora é quase sempre a referência e é obrigado muitas vezes a carregar sobre ombros uma responsabilidade que não devia ser só sua. Confortável em bloco baixo, a turma encarnada canalizava rapidamente jogo na frente, com tabelinhas entre o miolo e as alas. Quando o jogo coletivo encaixa, aparecem as individualidades, e essas, o Benfica tem de sobra. O que dizer da jogada de Akturkoglu: entortou um adversário e atirou ao poste. O turco voltou a atirar aos ferros, assim como Pavlidis. Mas a primeira parte não fecharia sem mais um golo do grego. Cabeceamento certeiro para o fundo da baliza e ao intervalo a vantagem era confortável para o conjunto de Bruno Lage.

Os números eram mentirosos: Muita posse para o FC Porto, mas inócua, face à eficácia encarnada. No segundo tempo, o Benfica 'meteu a quarta' e apostou no xeque-mate. Assumiu as rédeas da partida, com Aursnes, o dínamo do costume, e com Carreras e Di María a abrirem o livro. Os encarnados tanto ameaçaram que o 3-0 surgiu com naturalidade. Pavlidis foi de novo mortífero, depois de assistência do argentino, no primeiro hat-trick do grego com a camisola encarnada. O FC Porto, timidamente, ensaiou a resposta. Adiantou linhas e reduziu por Samu, e durante alguns (escassos) minutos conseguiu dividir o jogo com o rival. Só que os portistas desguarneceram a defesa e permitiram que o conjunto orientado por Bruno Lage alcançasse a goleada num tento de Otamendi.

Momento

Certo que 'havia todo o tempo do mundo' para recuperar do golpe inicial, mas o golo sofrido ainda antes do primeiro minuto abala qualquer equipa, e ainda para mais num clássico. A vantagem madrugadora trouxe estabilidade aos homens de Lage que assim puderam jogar com o resultado e encarar o encontro no Dragão com outra tranquilidade.

Melhores

Pavlidis 

Primeiro jogador do Benfica a marcar três golos na casa do FC Porto e isso já diz tudo. O dianteiro abriu as contas antes do primeiro minuto, dilatou à beira do intervalo, e deu o 'ko' final aos portistas com o hat-trick. Alguém se lembra que o grego passou um mau bocado no início da época?

Pior - Os incidentes que mancham o clássico

As tochas atirada pelas claques do Benfica tendo como alvo os comuns adeptos que assistiam ao encontro na bancada inferior. Absolutamente lamentável. Juntam-se ainda a estes incidentes os confrontos da claque Coletivo do FC Porto com a polícia.

Reações

Bruno Lage afirma que tudo correu bem, Pavlidis fala num "dia especial"

Martín Anselmi e Diogo Costa pedem desculpa aos adeptos