Lopetegui saiu, Peseiro chegou e o FC Porto lá venceu. Venceu o primeiro jogo, perdeu o segundo - para a Taça da Liga, da qual estava já quase eliminado - e venceu mais dois. O balanço foi positivo mas também enganador. Este FC Porto tem muito a corrigir, em futebol e em atitude, para poder sonhar com o título.
Ao quinto jogo deste Dragão de Peseiro aquilo que se viu foi um regresso quase total à era de Lopetegui em muitos aspetos. No futebol mastigado, nos ataques previsíveis, nos passes para trás. Junte-se a isso erros de palmatória na defesa - Maicon, sim, mas também Ángel no primeiro golo - e o resultado é uma derrota caseira contra uma equipa com aspirações de um lugar a meio da tabela, numa altura em que estava obrigado a vencer para chegar moralizado ao 'clássico'.
Verdade seja dita, neste domingo o FC Porto foi refém da principal lei de Murphy. Se algo podia correr mal, correu mal. Em dez segundos a equipa estava a perder, com José Ángel a ficar mal na fotografia mas também com uma finalização fortuita de Walter. Aos 62’ viu o árbitro Rui Costa anular mal um lance que daria golo de Brahimi. Foi ainda castigado pelo erro individual de Maicon. Tudo isto influenciou o resultado, mas pelo futebol que exibiu não se pode dizer que a equipa de Peseiro merecesse sorte muito melhor.
Layún tentou mais uma vez carregar a equipa - para não variar, ainda assistiu - e Danilo Pereira dominou a sua zona do meio-campo, mas do lado oposto do espetro Herrera voltou a exibir-se abaixo do nível necessário, André André falhou bem mais do que o habitual e Maicon…já lá vamos. Aboubakar ainda acertou na baliza de Bracali uma vez, mas desperdiçou diversas outras ocasiões. Com Brahimi, mais do mesmo: fintas com pouco ou nenhum resultado, juntando a isso a indisciplina demonstrada no momento em que foi substituído.
O grande calcanhar de Aquiles deste FC Porto, porém, foi mesmo a forma como os defesas abordaram os lances, com desconcentrações frequentes nas marcações (e aqui nem Layún saiu incólume: veja-se este lance). A nível técnico, o mais grave de todos foi o erro de Maicon aos 66 minutos, com o defesa portista a ensaiar uma finta que saiu furada. Mas houve outro momento do central que os adeptos portistas censuraram ainda mais: quando, em desvantagem no marcador, este caminhou com toda a calma para o banco de suplentes, sem indicação de substituição. Uma atitude incompreensível para um capitão e que mereceu ainda mais assobios do que a prestação da equipa.
E se o FC Porto cometeu erros de palmatória na defesa, mérito deve ser dado a quem tão bem os aproveitou. O paraguaio Walter Sosa conquistou, pelo menos, lugar nas primeiras páginas dos jornais de todo o país. Se no primeiro golo teve alguma sorte na finalização, no segundo não hesitou perante Casillas e finalizou com grande eficácia. Ficou ainda perto de um momento de magia, com uma tentativa de desvio de calcanhar que podia ter tido melhor resultado.
Depois de já ter derrotado o Benfica nesta mesma Liga, o Arouca de Lito Vidigal voltou a derrotar um 'grande', uma forma ideal de colocar um ponto final numa série menos positiva. A equipa arouquense está num muito confortável sétimo posto e pode até sonhar com a Europa. Já o FC Porto de Peseiro terá muito a corrigir para conseguir resultados positivos nos próximos testes. O Estádio da Luz e o mítico Signal Iduna Park, em Dortmund, estão ao virar da esquina.
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