Em apenas cinco jogos o FC Porto passou de uma liderança confortável com seis pontos de vantagem para apenas um, se o Benfica vencer o Nacional este domingo. Em Moreira de Cónegos, a equipa voltou a fazer uma exibição cinzenta, com uma péssima segunda parte. Conseguiu resgatar um ponto e elevar para 26 a série de jogos sem perder mas viu fugir quatro pontos em duas jornadas seguidas. É preciso dar uma outra imagem esta terça-feira, frente a AS Roma.
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O jogo: Nem à jeito, nem à força
Sérgio Conceição tem de repensar muito bem a forma de preparar o FC Porto para o que resta da época. Os 'dragões' têm estado mal no último terço nos derradeiros jogos, com muita intranquilidade na hora de definir as jogadas e muita falta de eficácia nas poucas oportunidades criadas. Tal como no domingo passado no D. Afonso Henriques, os campeões voltaram a não ser brilhantes no Minho, agora em Moreira de Cónegos.
Conceição diz que é uma questão de eficácia mas o problema é bem maior. Está na forma como o FC Porto quer sair a jogar, está na forma como a equipa denota incapacidade para penetrar em blocos defensivos compactos e baixos. Está na falta de criatividade a meio-campo e no desnorte no último terço. Há muito músculo e pouca cabeça.
Em Moreira de Cónegos, casa onde o FC Porto não vence há quatro jogos, só a versão musculada da equipa colocou o Moreirense em dificuldades, numa altura em que o cansaço já era muito no lado dos 'cónegos' e os 'dragões' abusavam do jogo direto, com Soares, André Pereira e Fernando Andrade na frente e Otávio também nas alas. Foi já no desespero que o Otávio (oitava assistência da época) mostrou cabeça e clarividência para colocar a bola ao segundo poste para Herrera minimizar os danos e manter o FC Porto na liderança. Quarto golo nos descontos, três deles a virar o resultado, depois das vitórias contra Belenenses e Boavista, ambos fora.
Durante o tempo em que a equipa esteve em 4-3-3, sentiu muito a falta de Marega para esticar o jogo nos corredores. Num dos campos mais estreitos da Primeira Liga, Ivo Vieira montou uma equipa capaz de travar o ataque a profundidade por parte do FC Porto mas sem nunca perder a sua identidade. O Moreirense saía bem para o ataque, sempre apoiado, com Fábio e Chiquinho muito bem na construção, Heriberto, Arsénio e Texeira a esticarem quando era preciso. O golo nasceu de uma lance de bola parada onde os 'cónegos' ganharam a uma das equipas mais fortes nesse sector. O primeiro golo sofrido de canto do FC Porto é de Texeira mas o mérito é de Halliche que ganha nas altura e atira à barra, antes do avançado encostar para o 1-0, aos 80 minutos. Os 'cónegos' a mostrarem que o atual 5.º posto na I Liga é obra de muito trabalho e de uma equipa com identidade.
Antes, tinha-se assistido a uma primeira um pouco melhor do FC Porto, a conseguir chegar no último terço do Moreirense, embora quase sempre em cruzamentos para uma área onde só aparecia Soares em muitas ocasiões. Numa delas, ganhou a bola mas rematou na relva, num lance claro de golo, aos 37 minutos No outro, o seu remate de calcanhar foi travado por Jhonatan, naquele que foi o primeiro 'tiro' dos 'dragões' enquadrado com a baliza no primeiro tempo. No minuto anterior Casillas tinha negado o tento a Heriberto.
A estatística final (GoalPoint.pt) diz-nos que o Moreirense até rematou mais que o FC Porto (14 contra 13) embora só dois tenham levado o caminho da baliza. O FC Porto também só teve três remates enquadrados, um deu golo, nos outros dois brilhou Jhonatan, evitando dois tentos certos.
Os adeptos portistas têm razões para estarem preocupados. Apesar de a equipa ter somado o 26.º jogo sem perder, o FC Porto só conseguiu vencer uma das últimas quatro deslocações na I Liga. Nos últimos cinco jogos, perdeu seis pontos na I Liga e pode ficar com apenas um de vantagem na liderança, caso o Benfica derrote o Nacional.
Espera-se uma reação diferente já esta terça-feira em Itália, quando o FC Porto defrontar a AS Roma, na primeira-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Momento do jogo: Jhonatan segura o empate com defesa monumental
Aos 99 minutos (quatro de desconto, mais o tempo para assistir e retirar André Pereira de maca, mais o tempo que Jorge Sousa demorou a comunicar com o VAR e depois a ir ver o lance entre o avançado e Halliche no monitor), um livre de Herrera encontrou Fernando Andrade na área. O avançado brasileiro rematou em esforço para golo mas Jhonatan agigantou-se e fez uma defesa monstruosa, mantendo o empate.
Polémicas: Muitas decisões difíceis para Jorge Sousa
O lance que poderia dar que falar aconteceu aos 94 minutos, quando Halliche carregou André Pereira pelas costas. Jorge Sousa mandou seguir mas, alertado pelo VAR, foi ver o lance até porque os portistas pediam penálti. O árbitro manteve a decisão até porque a falta foi cometida ainda fora da área.
Antes, tinha mandado seguir numa queda de Soares na área do Moreirense, num lance com João Aurélio.
E fez o mesmo numa queda de Arsénio na área portista, em lance com Militão.
Os Melhores: Jhonatan segurou o que Fábio Pacheco vinha a construir
Duas defesas espetaculares em dois lances capitais do jogo atiraram o guarda-redes Jhonatan para a galeria dos melhores do encontro. Teve poucas intervenções, é certo, mas sempre muito seguro.
Fábio Pacheco 'encheu' o meio-campo, 'roeu' os calcanhares dos criativos do FC Porto e é um dos grandes responsáveis do grande jogo dos 'cónegos'.
Os Piores: desperdiço portista começa a ser um problema
Soares continua a colecionar falhanços incríveis e só joga porque falta alternativas ao FC Porto. Sem Marega e Aboubakar, o brasileiro é aposta quase certa mas a sua falta de eficácia é desesperante. Precisa de afinar a pontaria.
A criatividade do ataque do FC Porto é quase sempre entregue ao que Brahimi consegue fazer. E quando o argelino está desinspirado, como nos últimos jogos, a equipa sofre com isso.
Reações: Conceição lamenta falta de pontaria, Ivo Vieira queria mais
Danilo fala do empate: "Não é o resultado que queríamos mas as fases negativas acontecem"
Ivo Vieira: "Aquilo que nós fizemos foi fantástico, mas o empate sabe a pouco"
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