
Num editorial da revista Dragões, André Villas-Boas patenteou de forma bem evidente a insatisfação para com a temporada da equipa de futebol que culminou na saída de Martín Anselmi do comando técnico dos dragões.
"Finda agora uma época desportiva que, sem rodeios, ficou aquém das expectativas que sempre temos para o nosso clube. O compromisso de trabalho sério, rigoroso, com foco nos resultados, a ambição e a compromisso com a vitória não se fizeram sentir de uma forma transversal e os resultados não apareceram. Temos que assumir, sem rodeios, que a época de 2024/2025 foi, no seu todo, uma época frustrante apesar da conquista da Supertaça Cândido de Oliveira. O balanço desta época é, portanto, de insatisfação e revolta. Pelas expectativas goradas, pela inconsistência, por nunca termos sentido a confiança para alcançar as vitórias que nos colocassem no lugar que devemos ocupar", pode ler-se.
No longo texto, André Villas-Boas salienta a necessidade de se "identificar os problemas" e desejou as maiores felicidades ao técnico argentino na continuação da sua carreira."
"Para que o façamos, é fundamental identificar os problemas que nos impedem de atingir esses objetivos, fazer o devido diagnóstico e desenhar e executar o plano que nos vai permitir alcançá-los. No FC Porto a exigência e o compromisso com a vitória são inegociáveis e é por isso que estarmos a dar início a um processo de renovação funcional e organizacional da área desportiva que levou à saída do treinador Martín Anselmi, a quem desejamos as maiores felicidades na continuação da sua carreira".
Apesar dos desgostos futebolísticos, o líder azul e brancos também salienta outras conquistas. "Temos, no entanto, muitos outros motivos de orgulho nesta época desportiva. Sinais positivos que merecem ser destacados porque encarnam o espírito de ser Dragão. O contributo dos nossos cinco jovens internacionais no Euro Sub-17 — Mateus Mide, Yoan Pereira, Bernardo Lima, Martim Chelmik e Duarte Cunha — assim como os restantes oito atletas que, formados no clube ou com passagem por cá, contribuíram para a vitória de Portugal na Liga das Nações, nomeadamente os nossos Diogo Costa e Rodrigo Mora. Os seus desempenhos ao serviço da Seleção Nacional sublinham a qualidade da nossa formação e aponta para um futuro promissor, onde o talento que cresce em casa, na nossa casa, terá cada vez mais espaço no plantel principal. Um sinal muito representativo do que criamos, do que somos e que vamos ser cada vez mais", escreveu. "No futebol feminino, a estreia da nossa equipa sénior trouxe uma vaga de esperança, pelo seu exemplo de superação, com uma campanha irrepreensível na terceira divisão nacional, que vencemos. O primeiro de muitos títulos e troféus certamente. Ambição, qualidade e espírito de grupo, amor ao emblema que carregam ao peito e rasgando horizontes no universo azul e branco. Para além disso batemos recordes sucessivos de assistências dentro e fora de casa. A estreia foi mesmo o jogo com mais assistência alguma vez jogado no nosso país, algo que jamais esqueceremos", refere.
O destaque vai naturalmente para o hóquei, mas também há uma palavra para as outras modalidades.
"A equipa de basquetebol falhou o título que mais desejava, mas durante todo ao no demonstrou ao que vinha, o que ambicionava e o que é Ser Porto. O play-off acabou por não ser representativo do seu valor, mas não esquecemos que o foram durante toda a época e que entregaram ao museu a Supertaça e a Taça de Portugal, além do percurso europeu que muito nos orgulho. Da mesma forma, o nosso andebol demonstrou a sua garra e até aos últimos minutos da competição se bateu pelo primeiro lugar. Não foram possíveis os títulos, mas para a próxima época, a esperança é muita, pois a competitividade e a vontade demonstrada foram notáveis. A formação conquistou o título nacional de sub-20, título que fugia há mais de duas décadas e muitos foram os nossos atletas que conquistaram o terceiro lugar no Campeonato do Mundo Sénior e o segundo lugar no Campeonato do Mundo de sub-21, onde Diogo Rêma e João Bandeira foram eleitos para o sete ideal. O nosso voleibol, não tendo atingido os objetivos pretendidos em termos de campeonato, ainda assim conquistou a Taça Ibérica e um acesso inédito à fase de grupos da Liga dos Campeões. A natação deixa-nos também muita esperança de recuperarmos a nossa aura de campeões. Vários títulos nacionais e pódios, nos diversos escalões, das águas abertas à natação pura, atletas qualificados para europeus e mundiais, demonstram o afinco com que se trabalha nas piscinas de Campanhã. Em termos coletivos, o vice-campeonato na vertente feminina e o terceiro na masculina no Campeonato Nacional de Clubes mostram o percurso ascendente em que estamos", destaca.
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