O antigo treinador do FC Porto André Villas-Boas disse hoje acreditar que está destinado a assumir o cargo de presidente dos 'dragões', sem desvendar se a candidatura irá ocorrer no ato eleitoral de 2024 ou em 2028.
"O plano da presidência [do FC Porto] está na minha carreira. Sou um tipo muito vinculado ao destino. As coisas que eu tenho destinadas tornam-se realidade. [...] Em 2015, estava na Rússia [Zenit] e recebi uma mensagem de uma pessoa que ainda trabalha no FC Porto a dizer: ‘Eu sei que um dia vais ser presidente’. Nunca tinha pensado no assunto, mas a forma como aquilo mexeu comigo fez-me sentir que seria um destino para cumprir", afirmou, aquando da sua participação na QSP Summit, em Matosinhos.
"As exigências de ser presidente do FC Porto são únicas, pela responsabilidade da pessoa que construiu o nosso portismo. O nosso portismo é graças a uma pessoa. É uma coisa que me está destinada, e eu raramente não cumpro os meus destinos. Eu parei a minha carreira por decisão até 2024. Quero ter um papel ativo, como sócio votante que sou, sócio de 45 anos. Se é como candidato ou não, não sei... Não posso responder se serei ou não candidato. Se tenho as qualidades para o ser? Prefiro que sejam os outros a dizer isso", acrescentou.
À margem do evento, o portuense de 45 anos, que não irá aceitar nenhum cargo de treinador até 2024, com vista à preparação para uma futura candidatura à presidência, disse não perceber o porquê de Sérgio Conceição não ter renovado novamente contrato, que tem atualmente apenas mais um ano, após a eliminação da Liga dos Campeões frente ao Inter de Milão, uma questão que considera que "todos os portistas gostavam de ver respondida".
"A primeira coisa que devia ter sido resolvida é a questão do treinador. Para mim, o treinador deveria ter renovado no pós-Inter, ganhando ou perdendo o jogo, porque assim o merece há largos anos e porque se assim fosse teria evitado, se calhar, estes 'cenários de namoro', fruto da sua qualidade e da qualidade do trabalho que tem feito", disse.
Villas-Boas foi mais longe nos elogios ao atual treinador do FC Porto e manifestou que apenas as "capacidades de exigência e intransigência invulgares" de Conceição têm salvado o emblema portista da "gestão desportiva desenquadrada das realidades financeiras do clube".
"Porque é que não avança? Será que o próprio não quer? Não sei, porque não falo com ele. Onde é que estão as respostas a essas perguntas? Era esse o conforto que um portista gostava de sentir relativamente à construção do futuro com um treinador que tanto nos tem dado", questionou.
Em oposição cada vez mais assumida à atual direção, Villas-Boas deixou fortes críticas à gestão atual, abordando as dificuldades financeiras do emblema 'azul e branco', forçado a fazer um encaixe significativo até ao final de junho, como já admitiu o administrador da SAD, Fernando Gomes, sob o risco de incumprimento do 'fair-play' financeiro.
"São questões que apenas o presidente e o conselho de administração poderão responder. Com certeza que já terão pensado em todos os efeitos nefastos que possa ter um incumprimento das regras de 'financial fair-play', de sustentabilidade do clube...", explicou, acrescentando também que as "finanças do clube estão piores ano após ano".
Quanto à possibilidade de concorrer contra o atual presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, com quem admite andar "desencontrado na relação" desde o encontro FC Porto-Marselha, em 2020, quando orientava os franceses, o treinador desvalorizou o facto de já ter afirmado que não o enfrentaria nas urnas, referindo que o dirigente disse o mesmo a seu respeito.
"Isso foi em 2020, quando assinei o livro de candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa. [...] Quando fiz essa declaração, o presidente fez outra que dizia que não avançaria se me candidatasse, porque via em mim as capacidades e características pessoais e de personalidade, de sócio e adepto para uma função desta importância. Estamos aqui entre duas verdades ou duas inverdades, com duas pessoas a possivelmente fazerem algo que disseram que não iam fazer", constatou.
André Villas-Boas foi treinador principal do FC Porto em 2010/2011, tendo ganho a I Liga, Taça de Portugal, Supertaça de Portugal e Liga Europa.
Ao longo do seu percurso como técnico, iniciado na Académica de Coimbra, passou por Chelsea e Tottenham (Inglaterra), Zenit (Rússia), Shanghai SIPG (China) e Marselha (França), tendo suspendido a carreira em 2021.
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