O Sporting falhou o bicampeonato de futebol, o principal objetivo da época e algo que não alcança há quase 70 anos, mas assegurou a Liga dos Campeões, numa época marcada pelo ‘desaparecimento’ de Pote e o ‘caso’ Slimani.

Na segunda temporada completa de Rúben Amorim, que em 2020/21 levou o clube de Alvalade ao título nacional após 19 anos de ‘jejum’, os ‘leões’ cedo confirmaram que estavam novamente na luta pela I Liga, tendo realizado uma primeira volta de grande nível, mas acabaram por dar um valente ‘tropeção’ em janeiro, sofrendo duas derrotas, situação que acabou por ser determinante nas contas finais.

O Sporting falhou a reconquista do campeonato, mas, com o segundo lugar, manteve a presença na Liga dos Campeões, situação sempre muito importante, a nível desportivo e também financeiro.

Em Alvalade por empréstimo do Paris Saint-Germain, o espanhol Pablo Sarabia acabou por ser a principal figura do Sporting, ao apontar 15 golos, beneficiando do ‘apagão’ de Pedro Gonçalves, que, com oito, ficou bem longe do alcançado em 2020/21, quando foi o melhor marcador, com 23.

Sporting-Pacos de Ferreira
Sporting-Pacos de Ferreira Pablo Sarabia festeja depois de abrir caminho ao triunfo do Sporting. créditos: MIGUEL A. LOPES/LUSA

Paulinho, com 11 golos e muitos ‘falhanços’ à mistura, ficou também distante do que era esperado, sobretudo quando tem o ‘rótulo’ do jogador mais caro da história do clube - contratado ao Sporting de Braga por 16 milhões de euros, em janeiro de 2021.

Do lado positivo, Matheus Nunes conquistou o meio-campo e, junto com Sarabia, foi dos melhores, enquanto brasileiro Matheus Reis e o uruguaio Ugarte, contratado ao Famalicão, deixaram boas impressões.

No final de janeiro, os adeptos celebraram o regresso do avançado argelino Slimani, que tinha deixado saudades depois da primeira passagem, entre 2013 e 2016, mas desta vez tudo acabou por correr mal.

O avançado ainda assinou quatro golos em nove jogos na I Liga, mas a relação com Rúben Amorim depressa ‘azedou’ e o técnico português acabou mesmo por afastar o jogador de 33 anos dos treinos e também dos planos para a próxima época.

Desde o ‘tetra’ (1950 a 1954), o Sporting nunca mais conquistou dois campeonatos seguidos e partiu para esta edição da I Liga com o objetivo de terminar com essa longa espera.

Na primeira volta, voltou a aparecer forte e sobretudo regular, assinado 14 vitórias – 11 delas consecutivas - e dois empates, incluindo triunfos na Luz sobre o Benfica (3-1) e no Minho perante o Braga (2-1).

Contudo, tudo mudou no arranque do novo ano, primeiro com um desaire nos Açores com o Santa Clara (3-2), no jogo que encerrou a primeira volta, e, pouco depois, em Alvalade, quando o Braga ‘vingou’ o desaire em casa, vencendo pelo mesmo resultado (2-1).

O Sporting passou a estar na perseguição ao FC Porto, que se foi mostrando vitorioso e imbatível, incluindo no duelo entre as duas equipas no Dragão (2-2), num encontro em que os ‘leões’ estavam obrigados a vencer para relançar o campeonato.

Na 30.ª jornada, as poucas esperanças que ainda existiam ficaram totalmente perdidas, com nova derrota em casa, desta vez perante o eterno rival Benfica (2-0).

Leões' falham revalidação pela 11.ª vez consecutiva

O Sporting partiu para a época 2021/22 como campeão em título, mas, pela 11.ª vez consecutiva, não logrou revalidar o cetro, ao terminar a I Liga portuguesa de futebol a seis pontos do FC Porto.

Depois da vitória no longínquo campeonato de 1953/54, que, então, foi o quarto consecutivo, há 68 anos, nunca mais o clube leonino’ conseguiu defender com sucesso as ‘quinas’, tendo acabado sempre entre o segundo e o quarto lugares.

Rúben Amorim
Rúben Amorim Rúben Amorim, treinador do Sporting créditos: Lusa

Na presente temporada, o Sporting pareceu, durante muito tempo, a mesma equipa de há um ano, capaz de acabar com mais uma ‘maldição’, mas dois ‘violentos tropeções’ entre o fim da primeira volta e o início da segunda deitaram tudo a perder.

Depois de 14 vitórias e dois empates nas primeiras 16 rondas, o ‘onze’ de Rúben Amorim perdeu por 3-2 no reduto do Santa Clara, à 17.ª jornada, e, após um 2-0 em Vizela, caiu por 1-2 na receção ao Sporting de Braga, à 19.ª.

Os ‘leões’, que seguiam a par do FC Porto, ficaram a seis pontos e não mais os recuperaram, podendo lamentar-se da expulsão de Coates, aos 49 minutos, no Dragão, à 22.ª jornada, quando venciam por 2-1. Acabaram por permitir a igualdade (2-2).

A formação de Alvalade falhou, assim, a revalidação do título, repetindo o que já tinha acontecido - depois do sucesso de 1953/54 - em 1954/55, 1958/59, 1962/63, 1966/67, 1970/71, 1974/75, 1980/81, 1982/83, 2000/01 e 2002/03.

O facto de só ter conquistado um cetro nos últimos 20 campeonatos e um total de três em 40 também não confere muitas oportunidades de revalidação, sendo que, as anteriores quatro tentativas, tinham sido claramente falhadas.

Ainda com as vitórias a dois pontos, o Sporting foi terceiro em 1980/81 e em 1982/83, a 13 e nove pontos do campeão Benfica, respetivamente, e, em 2000/01, já com os triunfos a ‘triplicar’, mais um terceiro posto, a 15 pontos do Boavista.

Em 2002/03, após o penúltimo cetro, o conjunto ‘leonino’ voltou a terminar em terceiro, a longos 27 pontos do FC Porto, comandado por José Mourinho.