O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, desafiou hoje, na Assembleia da República (AR), o poder político a assumir as suas responsabilidades na área do desporto, sem receio de ser acusado de promiscuidade, e o combate pela verdade desportiva.
“A promiscuidade não pode ser confundida com os deveres da Assembleia da República, nem esta pode ignorar a importância do desporto a nível nacional e internacional”, disse Bruno de Carvalho no discurso que fez antes do jantar que juntou os dirigente leoninos e os deputados e funcionários da AR adeptos do Sporting.
Entre os deputados que receberam a comitiva do Sporting na AR, estiveram, entre outros, Ferro Rodrigues, Carlos Zorrinho, Vitalino Canas, todos do Partido Socialista, Miguel Frasquilho e Mendes Bota, do Partido Social Democrata, João Oliveira, do Partido Comunista, e Hélder Amaral, do Partido Popular.
O presidente leonino considerou que o futebol “não pode ser deixado de lado” pelo poder político, por ser “uma indústria que movimenta 70 biliões de euros por ano” e por constituir uma atividade vital enquanto “ferramenta de dimensão e natureza social”.
Ladeado à mesa pelos deputados Vitalino Canas, do Partido Socialista, e João Oliveira, do Partido Comunista, o presidente dos “leões” alertou para a “imagem profundamente negativa que o futebol projeta” para os cidadãos comuns, cuja “perceção clara é a de que não existe verdade desportiva”.
“Os poderes políticos não querem entrar no futebol, mas a sociedade tem regras e deveres que não estão a ser cumpridas. Peço aos deputados da AR, que têm o poder de legislar, que cumpram a sua missão”, disse Bruno de Carvalho, para quem Portugal é um dos países onde há menor verdade desportiva e onde quem prevarica nunca é castigado.
Segundo o presidente do Sporting, frases populares como “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte” ou “em terras de cegos quem tem um olho é rei” não podem continuar a fazer vencimento no futebol português, que merece “muito mais do que isso”.
Bruno de Carvalho aludiu ainda “à crise de valores que reina na sociedade atual, em pleno século XXI, e o contributo que o desporto pode dar para a combater”, e prometeu “tudo fazer, não para o Sporting ganhar, mas para modernizar o futebol em Portugal”.
“Ou se olha para o futebol português com mais atenção e se legisla, ou não este não evolui ou evolui com passos pequenos”, reiterou Bruno de Carvalho, que, ao confrontar-se “com tanta promiscuidade e falta de transparência se sentiu invadido por um sentimento de vergonha e uma vontade enorme de mudança”.
De seguida, o dirigente deu conta da “total disponibilidade” do Sporting para trabalhar com os grupos parlamentares da AR, com o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, para “encontrar soluções” para estas preocupações, rejeitando a ideia por muitos veiculada de que “a política não se pode intrometer no desporto”.
Para Bruno de Carvalho o futebol “carece de uma profunda reforma” e que é “a imagem de credibilidade do próprio país que está em causa”, facto que lamenta porque “a nível de atletas Portugal tem talento de sobra, ao contrário dos dirigentes que têm responsabilidades acrescidas no futebol”.
O presidente leonino ainda abordou superficialmente o seu primeiro ano de mandato à frente do clube: “Não foi um ano para acabar em euforia, mas estamos satisfeitos e orgulhosos com o trabalho realizado, sobretudo depois de um ano terrível e do estado em que encontrámos o Sporting a nível desportivo, financeiro e organizacional. Mas há muito a melhorar e a fazer!”
“Foi um ano de batalhas, de projetos, de tarefas árduas e duras, algumas internas e outras externas, que têm a ver com a verdade desportiva”, disse Bruno de Carvalho, que assumiu a vontade de “voltar a ter um Sporting que vença quase todos os jogos”, como acontecia no passado, e que seja “tão grande como os maiores da Europa”.
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