
Numa extensa entrevista publicada esta segunda-feira pelo jornal A BOLA, Bruno Lage falou da recente saída do comando técnico do Benfica. Lage falou da relação com Rui Costa, sublinhou que "não queria prejudicar ninguém", razão pela qual colocou o lugar à disposição após a derrota sofrida perante o Qarabag e disse-se orgulhoso pelo que fez nesta segunda passagem pelo leme da equipa principal das águias, com a conquista de uma Taça da Liga e de uma Supertaça.
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"Sabíamos que o Mundial de Clubes iria trazer-nos algumas desvantagens, principalmente, para os nossos concorrentes diretos. Fomos a única equipa em Portugal que realizou o Mundial de Clubes e que depois fez oito jogos no mês de agosto. Nós tínhamos 16 dias para preparar a Supertaça", começa por lembrar na referida entrevista.
"Ficou muito claro que o nosso objetivo era criar condições para que a equipa se apresentasse nas melhores condições para vencer o campeão nacional e conquistar o troféu. E nós fizemos isso muito bem. Mérito para a forma como nos estruturámos, mas grande mérito para a forma como os jogadores interpretaram aquilo que foram as nossas ideias para esse primeiro momento. Um segundo momento foi o jogo da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, com o Nice", prosseguiu.
"Fechámos o primeiro ciclo com a conquista da Supertaça e com a garantia do acesso à Liga dos Campeões. Infelizmente, no início do segundo ciclo, na minha opinião, e as pessoas sabem, o presidente Rui Costa sabe isso, o diretor Mário Branco também, cometemos um erro metodológico, que foi jogar com Santa Clara na sexta-feira", explicou.
O momento da rescisão
Bruno Lage explicou igualmente o momento da sua saída, referindo que 15 minutos após a conferência de imprensa que após à derrota com o Qarabag, na qual colocou o lugar à disposição, foi chamado por Rui Costa para uma reunião de emergência. "Tivemos uma conversa muito franca, muito tranquila. Foi muito rápido. Eu disse-lhe apenas que tinha três condições. A primeira era aquela sobre o meu contrato. A segunda que só queria receber até àquela data e que ele respeitasse o contrato dos meus adjuntos. Por último que eu no dia seguinte fosse despedir-me dos jogadores", resume.
"Queria ter a liberdade de poder contar a minha história, sem mágoas, e desejar as melhores felicidades a todos. E também ter a liberdade - não apenas das pessoas que estão neste momento à frente do Benfica, mas numa eventualidade de no dia de amanhã - eu não querer ver repetido aquilo que se passou há cinco anos, com um ou outro ataque quer pessoal, quer profissional. Hoje tenho essa liberdade para me poder defender", esclareceu.
O episódio com Kokçu
Lage ainda teve tempo para falar de um dos momentos mais polémicos desta sua passagem pelo comando técnico do Benfica: o desentendimento com Kokçu em pleno encontro do Mundial de Clubes com o Auckland City.
"Não tive relações difíceis com ninguém no Benfica. Kokçu foi das relações mais fáceis que tive. Tivemos aquela situação… Foi um momento infeliz de ambos. Primeiro dele e depois também meu. No dia seguinte, depois de tomar o pequeno-almoço, tomei a iniciativa, bati três vezes à porta do quarto dele, ele abriu a porta e começou a rir-se. A primeira coisa que ele me diz é como é que duas pessoas que se deram tão bem durante nove meses tiveram aquele momento", apontou.
"Foi um ano com muitos jogos, sem férias, um Mundial, com o jogo a ser interrompido ao intervalo, e com uma coisa que o Kokçu carrega nele, e ele dizia-me algumas vezes, que era ter a responsabilidade de ser o jogador mais caro de sempre do Benfica. Ele tinha o valor que tinha, as funções que tinha e a forma de jogar dele. Dizia que quando se ganhava, estava tudo bem, quando se perdia, havia dois alvos: primeiro o treinador e a seguir ele, por ser o jogador mais caro de sempre", recorda o ex-técnico do Benfica.
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