O jogador do Santa Clara Rafael Ramos diz ser necessário manter a forma para o eventual regresso da I Liga, apesar de ser "mais difícil" ter motivação para treinar durante a quarentena num hotel, devido à covid-19.
"É um bocado mais difícil ganhar motivação [para treinar estando num quarto de hotel], mas somos todos profissionais e sabemos bem aquilo que temos de fazer para estar em forma. Não vamos desperdiçar a oportunidade que poderemos ter de voltar à competição", afirmou à agência Lusa o jogador do clube açoriano da I Liga de futebol.
Em 14 de março, o Governo dos Açores decretou a realização de quarentena obrigatória de 14 dias a todos os passageiros que chegassem à região, sendo que, em 26 março, essa quarentena passou a ser realizada obrigatoriamente em unidades hoteleiras destinadas para o efeito, "independentemente da residência" das pessoas, disse o governo na altura.
Rafael Ramos (tal como os colegas André Ferreira, Marco e o treinador João Henriques) decidiu sair da região a 16 de março para ficar junto da família, em Lisboa, durante o período de confinamento.
"Sai na altura em que decidiram parar o campeonato. Eu, como estava sozinho na ilha, decidi ir para o pé da família porque não sabia quanto tempo é que isso ia durar", assinala.
O jogador chegou aos Açores a 19 de abril, completando os 14 dias de quarentena obrigatória no próximo dia três de maio, precisamente o dia em que terminam as férias dos jogadores do emblema insular, que no dia quatro voltará aos treinos por videochamada.
"É um pouco mais complicado estar num quarto de hotel, mas tinha de vir agora para depois estar disponível assim que os treinos pudessem recomeçar. Agora, temos de passar essa fase mais difícil. Há de passar", destaca.
Confinado ao quarto e impedido de circular no hotel, o lateral direito diz ser um "bocado estranho" não ter contacto com ninguém, uma vez que até as refeições são deixadas à porta do quarto.
Ainda assim, faz questão de frisar "todos os cuidados" prestados quer pela unidade hoteleira, quer pelo clube, dando o exemplo da bicicleta que tem no quarto.
"Foi espetacular, deixaram a bicicleta entrar. Eu cheguei no domingo [19 de abril] e o clube na segunda-feira arranjou logo a bicicleta. Ajuda muito porque, além da corrida, não havia muito mais ‘cardio' que eu pudesse fazer sem ser com bicicleta", releva.
O jogador de 25 anos diz que "procura na internet" várias maneiras de se manter ativo durante o dia e fala "com muitos familiares" como forma de passar o tempo.
"Também ocupo muito tempo a ver televisão, a ver as notícias, filmes, séries e jogo muito Playstation também. Surpreendentemente o tempo tem passado rápido", acrescenta.
O atleta considera os treinos por videochamada uma "excelente ideia", porque permite "manter a relação" entre o grupo, e diz que, atualmente, o que sente mais falta é do "ambiente do balneário".
"Agora não temos estado juntos há algum tempo e é disso que mais sinto falta. Aquele ambiente de balneário, de ver toda a gente, estar junto com eles [os colegas], e treinar com eles", aponta.
Rafael Ramos refere que é preciso "força mental" para ultrapassar a situação que vive, sendo que a "mentalidade" de atleta "ajuda" a ultrapassar esta fase.
"Resiliência é o que é preciso agora. Mas acho que para estarmos no mundo do futebol temos de ter um pouco isso e então a nossa mentalidade ajuda a passar essa fase", destaca.
O Santa Clara encontrava-se em 10.º lugar com 30 pontos, aquando da suspensão da I Liga devido à covid-19, a 12 de março.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
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