A edição de 2023/24 da I Liga arranca já esta sexta-feira e há três novidades para esta temporada. Estrela da Amadora, Moreirense e Farense estão de volta ao principal escalão, uns com um regresso mais tardio que outros.

A I Liga perdeu o Paços de Ferreira, Santa Clara e Marítimo, o que nos traz uma época sem representatividade das ilhas. Em contrapartida, há um histórico a voltar e dois emblemas que há bem pouco tempo já tinham estado entre os grandes do futebol nacional.

No ano passado, por esta altura, ninguém esperaria que o Casa Pia, regressado da II Liga, iria fazer uma temporada que por pouco não culminou com o apuramento para as competições europeias. Será que Estrela da Amadora, Moreirense e Farense conseguem fazer igual ou melhor? Está lançado o desafio para os três promovidos.

Especial Arranque da I  Liga 2023/24: análise aos candidatos, os grandes reforços, as principais saídas

Estrela da Amadora: 14 anos depois, entre os gigantes do futebol português

Uma das grandes notícias para 2023/24. É verdade que a I Liga perdeu representatividade das ilhas, mas ganhou um histórico. 14 anos depois, o 'velho' Estrela da Amadora, da Reboleira, que tanta história fez no futebol português e por onde passaram alguns dos maiores craques que conhecemos, está de volta.

Viajemos para 2008/09, a última aparição, sob o comando técnico de Lito Vidigal e numa equipa que contava com nomes como Silvestre Varela na frente de ataque. Na tabela classificativa o 11º lugar, longe dos habituais lugares de despromoção, mas alguns problemas de ordem financeira levaram à queda do principal escalão e das competições profissionais. O Estrela da Amadora começava um autêntico pesadelo entre os confins do futebol português e só se salvou com a extinção do clube e um regresso à estaca zero em 2010 com a criação do Clube Desportivo Estrela.

Em 2020, fundiu-se com o Club Sintra Football para dar origem ao CF Estrela da Amadora que hoje conhecemos. Foi aí que se deu a rápida ascensão até à I Liga. Em 2020/21 uma promoção diretamente do Campeonato de Portugal para o II escalão (ano em que se iria criar a Liga 3) e depois foi preciso esperar pouco para os Tricolores darem o último passo.

Já são 17 participações do Estrela da Amadora na I Liga. Estamos a falar do 28.º clube com mais aparições e que teve a melhor classificação da história em 1997/98 e 1993/94 (7.º lugar).

Na temporada passada, sob o comando técnico de Sérgio Vieira, os Tricolores garantiram o terceiro lugar na II Liga, que levou ao play-off frente ao Marítimo. Na primeira mão, clara superioridade na Reboleira, mas no Caldeirão a situação ainda se complicou. Apenas nos penáltis se confirmou a subida.

A solidez defensiva foi uma das principais imagens de marca desta equipa na temporada passada com 35 golos sofridos - um registo que procuram manter esta época. O esquema tático predominante tem sido o 3-4-3 e pode estar à vista mais uma equipa a utilizar três centrais no nosso campeonato.

O mercado tem sido movimentado para os lados da Reboleira. Em relação à temporada passada, e até ao momento, saíram nomes como Rui Correia (defesa-central, que seguiu para o Belenenses), Papalelé (extremo-esquerdo), Ronald (extremo-direito), Gustavo Henrique (extremo-esquerdo), João Silva (ponta de lança).

As entradas acabaram por não ser dispendiosas até ao momento, com jogadores emprestados ou a custo zero. Temos como exemplo o caso de Pedro Sá (médio-defensivo), Léo Cordeiro (médio), Kikas (avançado), Manuel Keliano (médio-defensivo) e Erivaldo Almeida (defesa-central). Mas não é só entre os jogadores que há reforços. Na equipa técnica, destaque para a entrada de José Faria no cargo de diretor desportivo (antes, era coordenador da formação).

Gustavo Henriques e Ronaldo Tavares fazem parte da espinha dorsal da temporada passada e são dois nomes a ter em conta para o ano que vem.

Este ano também se mantém Sérgio Vieira no leme e os ensaios de pré-temporada não foram muito animadores, apesar de pouco contarem. Primeiro, uma derrota pesada por 4-1 frente ao Sporting, depois um empate a um golo com o Casa Pia, ao qual se seguiu mais um empate (3-3) com o FC Porto e novamente um desaire pesado frente à AS Roma, de José Mourinho (4-0). Para finalizar, fica um triunfo por 3-2 diante o Benfica B e uma vitória por 2-1 frente ao Petro de Luanda, no jogo de apresentação.

Entretanto, a época já arrancou para os Tricolores, mas com um resultado amargo no terreno do Portimonense (derrota por 3-1), que eliminou a equipa da Taça da Liga ainda numa fase prematura da competição.

Neste regresso ao principal escalão do futebol nacional, os protagonistas do Estrela da Amadora já começaram a dar a cara e prometem "crescer, cimentar e manter-se" na I Liga, salientou Paulo Lopo, presidente da SAD, em entrevista à Sport TV.

O arranque é frente ao Vitória SC, mas na segunda jornada há logo uma visita à Luz: "Ir jogar ao terreno do Benfica é a realização de um sonho para muitos de nós que viemos da II Liga. Para muitos dos jogadores, dos dirigentes... Vai ser uma oportunidade única para desfrutar", destacou ainda.

Moreirense: Bastou um ano na II Liga para o regresso

Foi apenas uma temporada para voltarmos a ver o Moreirense de regresso à I Liga. Em 2021/22, o 16.º lugar empurrou a equipa de Moreira de Cónegos para o play-off de despromoção, num ano com Lito Vidigal, João Henriques e no final Sá Pinto no comando técnico. Entre os nomes do plantel, tinha Rodrigo Conceição (emprestado pelo FC Porto), Steven Vitória (atualmente no Chaves), e Rafael Martins (que agora veste a camisola do Casa Pia).

Foi precisamente frente ao Chaves que se decidiu a continuidade na I Liga, mas foram os Flavienses que levaram a melhor e confirmaram o regresso ao principal escalão. O Moreirense juntava-se assim a BSAD e Tondela numa das piores temporadas da sua história.

Estamos a falar de um emblema com 13 participações no campeonato, sendo o 31.º que mais vezes esteve entre os grandes do futebol português. A melhor classificação da história foi em 2018/19 (6.ª osição).

Foi preciso apenas um ano para o regresso e com uma clara supremacia na II Liga, que culminou com o título de campeão. Em 2022/23, a equipa então orientada por Paulo Alves assegurou o primeiro lugar com dez pontos de distância para o segundo classificado, sendo ainda, de longe, o melhor ataque da competição (77 golos marcados).

A grande novidade para esta temporada chega mesmo do comando técnico. Confirmada a saída de Paulo Alves, é Rui Borges a assumir o lugar, depois de recentemente ter passado pelo Vilafranquense e Mafra.

Entre o plantel, o mercado também trouxe alguns reforços. Kobamelo Kodisang foi o único que, até ao momento, implicou um investimento. O extremo-direito chegou do SC Braga B por um milhão de euros. Entre as entradas, destaque ainda para Maracás, defesa que na temporada passada esteve no Paços de Ferreira, Ofori, ex-Famalicão, Marcelo, ex-Dibah Fujairah, Caio Seco, ex-Penagiel. Nas saídas, destaque para nomes como Walterson Silva, David Bruno, o guardião Ricardo Silva e Platiny.

Para esta época, André Luís é visto como uma das principais esperanças na equipa de Rui Borges. O avançado brasileiro foi o terceiro melhor marcador da II Liga no ano passado.

Nos ensaios de pré-epoca, destaque para a derrota por 2-0 frente ao Rio Ave e uma vitória por 3-1 diante o Varzim. Seguiu-se novamente um desaire com o Casa Pia (1-0) e um 4-3 favorável contra o Lank Vilaverdense. A pré-época terminou com um empate a zeros frente ao Arouca. Pelo meio, uma entrada em falso na Taça da Liga com uma derrota nas grandes penalidades frente ao Farense (também recém promovido), o que levou à eliminação prematura da prova.

Na antevisão desta nova etapa, o objetivo é claro: "Vamos tentar alcançar a permanência o mais depressa possível. Esse é sempre o nosso objetivo, pois fazemos uma gestão racional e correta dos nossos recursos", salientou Vítor Magalhães, presidente do Moreirense, em entrevista ao jornal O Jogo.

Os Cónegos começam logo com um teste de fogo, na receção ao FC Porto, a 14 de agosto.

Farense: A procurar uma estadia melhor que em 2020/21

2023/24 marca o regresso dos Leões de Faro à I Liga, onde estiveram pela última vez em 2020/21, numa estadia curta e inglória. Agora, procuram fazer bem melhor do que há três temporadas.

Na altura, o Farense foi despromovido juntamente com Rio Ave e Nacional e era uma equipa que contava com nomes como Beto (guarda-redes, que entretanto pendurou as luvas) e Licá, também com um longo percurso no futebol português. Jorge Costa começou no comando técnico, mas quem terminou a época foi Sérgio Vieira, que curiosamente agora é treinador de outro regressado (Estrela da Amadora).

Destes três promovidos, o Farense é de longe o que tem mais participações na I Liga: Já são 25, o 14.º classificado nessa estatística. A melhor posição que conseguiu na história foi em 1994/95, com o 5.º lugar.

Depois de 2020/21, a equipa algarvia esteve duas temporadas na II Liga, onde primeiro alcançou o 11.º lugar e agora o 2,º lugar que garantiu a promoção direta. O Farense foi o segundo melhor ataque na Segunda Liga e teve a melhor defesa com apenas 34 golos sofridos. Vasco Faísca foi quem terminou no comando técnico na temporada passada, mas este ano é José Mota que começa à frente dos destinos dos Leões de Faro. Novo treinador e esperam-se novas ideias.

Entre os reforços, destaque para nomes como Rafael Barbosa (médio-ofensivo) e Artur Jorge (defesa-central). Já nas saídas, alguns nomes como o guarda-redes Defendi, Pedro Henrique e Robson.

Marco Matias (líder de assistências na temporada passada) e o reforço Rafael Barbosa são alguns dos principais nomes a ter em conta.

Entretanto, já se fizeram os ensaios de pré-época, com um saldo negativo, pese embora se tratem de jogos de preparação. Primeiro, uma vitória por 1-0 diante a equipa de sub-23, depois uma derrota frente ao Wolverhampton (1-0) e Al Nassr (1-5). Mais recentemente, novo desaire por 2-1 com o Sporting e com a AS Roma de José Mourinho por 4-2. Para o fim, ficou a vitória por 2-1 frente ao Portimonense.

Entretanto, a época também arrancou com a Taça da Liga, simpática para os Algarvios. Primeiro, uma vitória nas grandes penalidades frente ao Moreirense e depois um 3-2 com a UD Oliveirense, o que permitiu à equipa de José Mota seguir para a fase de grupos da competição.

Neste momento, é mais a preocupação do Farense com as soluções que tem ao seu dispor neste ataque ao principal escalão: "Continuamos a aguardar por reforços porque queremos fazer um grupo forte e homogéneo e ter soluções para todos os setores", queixou-se José Mota, depois da vitória suada frente à Oliveirense na Taça da Liga.

O regresso dá-se com uma receção ao Casa Pia a 12 de agosto. Logo a seguir, há uma visita ao Dragão frente ao FC Porto.