O FC Porto recebeu três futebolistas no último dia do mercado de transferências em Portugal, que encerrou na terça-feira, com o Sporting a garantir o regresso de João Mário, mas sem negociações consumadas por um avançado.
O defesa francês Malang Sarr, o médio sérvio Marko Grujic e o avançado brasileiro Felipe Anderson foram cedidos aos ‘dragões’ até ao final da temporada, oriundos dos ingleses do Chelsea, do Liverpool e do West Ham, respetivamente, colmatando as despedidas recentes dos influentes Alex Telles e Danilo Pereira.
Antes de investir nos empréstimos além-fronteiras, onde contratou o dianteiro Evanilson ao Fluminense por 7,5 milhões de euros (ME), o FC Porto dedicou-se ao mercado português para adquirir o guarda-redes Cláudio Ramos (ex-Tondela) e os defesas Carraça (ex-Boavista), Nanú (Marítimo, dois ME) e Zaidu (ex-Santa Clara, quatro ME).
O ‘raide’ interno permitiu ainda acolher os avançados Toni Martínez (ex-Famalicão, 3,5 ME) e Mehdi Taremi (ex-Rio Ave, cinco ME), um dos melhores marcadores da I Liga 2019/20, com 18 golos, num defeso que terminou em contrarrelógio no Dragão, devido à urgência de cumprir as restrições financeiras impostas pela UEFA.
Em plena pandemia de covid-19, o Benfica contrapôs à contenção universal no mercado e revelou um investimento sem precedentes no futebol português, ao gastar 98,5 ME em nove reforços, na antecâmara das eleições para o triénio 2020/2023, depois da ‘dobradinha’ celebrada pelos ‘dragões’ e do regresso do treinador Jorge Jesus à Luz.
Desse lote constam os avançados Everton Cebolinha (ex-Grêmio, 20 ME), Pedrinho (ex-Corinthians, 18 ME) e Luca Waldschmidt (ex-Friburgo, 15 ME) e os defesas Nicolás Otamendi (ex-Manchester City, 15 ME), Jan Vertonghen (ex-Tottenham, a custo zero) e Jean-Clair Todibo, cedido à última hora pelo FC Barcelona, a troco de dois ME.
Helton Leite (1,5 ME) e Gilberto (três ME) chegaram de Boavista e Fluminense, respetivamente, e Diogo Gonçalves regressou do Famalicão, num verão distinguido pela investida falhada no avançado Edinson Cavani e pelas esperanças depositadas no compatriota de setor Darwin Núñez (ex-Almería), estimadas em 24 milhões de euros.
A contratação mais cara da história do futebol nacional é sintomática da fasquia milionária estabelecida pelo Benfica, apesar da eliminação precoce da Liga dos Campeões, longe dos investimentos de FC Porto (22 ME) e Sporting (17,5 ME), que assegurou o regresso do médio João Mário quatro anos depois, cedido pelos italianos do Inter Milão.
João Mário é a nova figura do ‘leão’ de Rúben Amorim, que já saiu das provas europeias, apesar de ter alistado os médios Pedro Gonçalves (ex-Famalicão, 6,5 ME), os extremos Bruno Tabata (ex-Portimonense, cinco ME) e Nuno Santos (ex-Rio Ave, três ME) e os defesa Zouhair Feddal (ex-Real Bétis, três ME) e Antunes (ex-Getafe, sem custos).
Unindo experiência com juventude, o Sporting também adquiriu a custo zero o guarda-redes Antonio Adán (ex-Atlético de Madrid), integrou os médios Daniel Bragança e João Palhinha e viu chegar o defesa Pedro Porro por empréstimo do Manchester City, mas falhou as negociações com Islam Slimani e Paulinho pelo desejado avançado.
Imutável na reta final do mercado, o Sporting de Braga trouxe a custo zero os médios Al Musrati (ex-Vitória de Guimarães) e André Castro (ex-Goztepe) e apostou em Iuri Medeiros (ex-Nuremberga), Guilherme Schettine (ex-Santa Clara) e no antigo extremo benfiquista Nico Gaitán, uma das grandes transferências da pré-época em Portugal.
O desequilíbrio de gastos entre os quatro candidatos às três vagas de acesso possíveis à Liga dos Campeões e os restantes clubes da I Liga continua a ser gritante, apesar da vitalidade expressa pelo Vitória de Guimarães, que resgatou o veterano Ricardo Quaresma, para contrapor à irreverência de 17 reforços abaixo dos 23 anos.
Estratégia idêntica voltou a adotar o Famalicão, abastecido nas últimas horas com o defesa Diogo Queirós (ex-FC Porto) e os avançados Gil Dias, emprestado pelo AS Mónaco, e Dyego Sousa, cedido pelo Shenzhen, após fracassar no Benfica, numa ‘revolução’ com 21 caras novas, oriundas de várias latitudes europeias e sul-americanas.
Já o investimento de Gérard Lopez alimenta expectativas no Boavista, reunindo em 19 reforços o talento de Angel Gomes (cedido pelo Lille), a experiência do campeão mundial Adil Rami e do ex-benfiquista Javi García, bem como a resiliência de Musa Juwara, que se lançou ao Mediterrâneo e desembarcou num campo de refugiados em Itália, em 2016.
O Rio Ave foi buscar Ivo Pinto e Ryotaro Meshino, fez regressar Francisco Geraldes e Pelé, segurou Aderllan Santos e Gelson Dala e interrompeu no último suspiro do mercado a reforma antecipada do defesa Fábio Coentrão, que regressa à I Liga, tal como Djalma (Farense), Fabrício (Portimonense) e Salvador Agra (Tondela).
Talocha (Gil Vicente) é outro exemplo de uma prática comum no Belenenses SAD, que juntou os velhos conhecidos Afonso Taira, Cauê, Miguel Cardoso e Stanislav Kritsyuk ao ex-internacional brasileiro Henrique, enquanto o Marítimo anunciou Faiq Bolkiah, considerado o jogador mais rico do mundo, por ser sobrinho do sultão do Brunei.
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