Sérgio Conceição é o quarto ex-futebolista do FC Porto a ser campeão também como treinador do clube, depois de José Maria Pedroto, António Oliveira e Augusto Inácio, e o 10.º a conseguir esta ‘dobradinha’ em Portugal.

O primeiro título da carreira de técnico – começou no Olhanense e passou pela Académica, Sporting de Braga, Vitória de Guimarães e os franceses do Nantes – é conseguido no clube do coração, pelo qual tinha sido campeão como jogador em 1996/97, 1997/98 e 2003/04.

A fabula no reino do Dragão começou com José Maria Pedroto, uma das maiores referências da sua história, símbolo, juntamente com o presidente Pinto da Costa, da transformação ‘mental’ do clube, ampliando a sua ambição e projeção, para nível internacional.

O ‘mestre’ ganhou como jogador em 1955/56 e 1958/59, mas foi como treinador que se eternizou, sendo o responsável pelo fim de longo jejum de 19 anos, com os títulos de 1977/78 e 1978/79, numa equipa que contava, entre outros, com António Oliveira.

Oliveira cumpriria o sonho de treinar os ‘azuis e brancos’, conseguindo, em 1996/97 e 1997/98, materializar o ‘tri’ e o ‘tetra’ rumo ao inédito ‘penta’, consumado por Fernando Santos, atual selecionador de Portugal.

No ‘tri’ e no ‘tetra’ um dos futebolistas que mais se destacou foi precisamente Sérgio Conceição, que assim mantém esta ligação umbilical entre gerações.

Antes, porém, também Augusto Inácio – seria igualmente o vitorioso líder do Sporting em 1999/2000 - festejou de ‘azul e branco’ em 1984/85, 1985/86 e 1987/88, sendo que em 1995/96, enquanto adjunto de Bobby Robson, teve de assumir o papel principal durante nove jogos, face a doença do inglês.

Inácio repetiria o feito pelo Sporting, com quem tinha recebido as ‘faixas’ como futebolista em 1979/80 e 1981/82. Na transição do milénio herdou a equipa do italiano Giuseppe Materazzi e levou-a ao cetro, após 17 épocas de jejum ‘leonino’.

No FC Porto, referência ainda para os húngaros Joseph Szabo e Mihaly Siska, que venceram o extinto Campeonato de Portugal (não contabiliza para o número de títulos) em 1931/32 – o primeiro como jogador-treinador – e depois impuseram-se identicamente como técnicos.

O futebol português tem mais exemplos de sucesso, como Juca, que, em 1961/62, substituiu no comando técnico dos ‘leões’ Otto Glória, na segunda jornada.

Além de 1961/62, Juca foi ainda responsável pelo êxito de 1964/65 (em 1965/66 foi adjunto), depois de ter sido uma referência nos relvados na década de 50, vestido de ‘verde e branco’, com o único tetracampeonato ‘leonino’ (1950/51, 1951/52, 1952/53 e 1953/54) e pelo título de 1957/58.

Ainda no reino do ‘leão’, Mário Lino, técnico campeão em 1973/74, tinha celebrado como atleta em 1961/62 e 1965/66.

Mário Wilson comemorou pelos dois maiores rivais de Lisboa, de chuteiras pelo Sporting em 1950/51 e no banco pelo Benfica em 1975/76.

Fernando Mendes entrou igualmente para o lote dos ‘leões’ bem sucedidos, numa época (1979/80) em que foi campeão após substituir Rodrigues Dias: como jogador, festejou em 1957/58, 1961/62 e 1965/66.

Artur Jorge, que venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus pelo FC Porto (1986/87), pelo qual ganhou o campeonato nacional em 1984/85, 1985/86 e 1989/90, foi um jogador de referência no rival Benfica, conquistando os cetros de 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75.

Toni não podia ter tido mais êxito no Benfica, com os títulos de 1988/89 e 1993/94, como treinador, depois de, a jogar nos 'encarnados', ter erguido o troféu por oito vezes, em 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73, 1974/75, 1975/76, 1976/77 e 1980/81.

Antes de Sérgio Conceição entrar na história é preciso recuar a 2000/01, quando Jaime Pacheco, futebolista campeão pelo FC Porto em 1987/88, inscreveu o nome do Boavista pela única vez no lote de vencedores da principal prova do futebol português.

Os campeões em Portugal enquanto treinadores e jogadores:

JÚLIO CERNADAS PEREIRA "JUCA" – Sporting.

Treinador (2): 1961/62 (após substituir Otto Glória no decorrer da época) e 1964/65.

Futebolista: (5): 1950/51, 1951/52, 1952/53, 1953/54 e 1957/58.

MÁRIO LINO – Sporting

Treinador (1): 1973/74.

Futebolista (2): 1961/62 e 1965/66.

JOSÉ MARIA PEDROTO – FC Porto

Treinador (2): 1977/78 e 1978/79

Futebolista (2): 1955/56 e 1958/59.

FERNANDO MENDES – Sporting

Treinador (1): 1979/80 (substituiu Rodrigues Dias no decurso da época).

Futebolista (3): 1957/58, 1961/62 e 1965/66.

ARTUR JORGE – FC Porto/Benfica

Treinador (3): 1984/85, 1985/86 e 1989/90 (FC Porto).

Futebolista (4): 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75 (Benfica).

ANTÓNIO OLIVEIRA "TONI" – Benfica

Treinador (2): 1988/89 e 1993/94.

Futebolista: (8): 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73, 1974/75, 1975/76, 1976/77 e 1980/81.

AUGUSTO INÁCIO – FC PORTO/SPORTING

Treinador (2): 1995/96 (FC Porto), ao substituir Bobby Robson, doente, durante nove jogos, e 1999/2000 (Sporting).

Futebolista (5): 1979/80 e 1981/82 (Sporting), 1984/85, 1985/86 e 1987/88 (FC Porto).

ANTÓNIO OLIVEIRA – FC Porto/Sporting.

Treinador (2): 1996/97 e 1997/98 (FC Porto).

Futebolista (3): 1977/78 e 1978/79 (FC Porto) e 1981/82 (Sporting).

JAIME PACHECO – Boavista/FC Porto

Treinador (1): 2000/2001 (Boavista).

Futebolista (1): 1987/88 (FC Porto).

SÉRGIO CONCEIÇÃO – FC Porto

Treinador (1): 2017/18.

Futebolista (3): 1996/97, 1997/98 e 2003/04.