O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, defende uma centralização dos direitos televisivos dos jogos do campeonato português de futebol, indo ao encontro do que pede o presidente da Liga de Clubes.
«Concordo que deve existir uma centralização de direitos. Sou apologista que a centralização de direitos [televisivos] tem vantagens ao permitir uma melhor repartição desses direitos, algo que tem a ver com a competição global», afirmou Fernando Gomes numa entrevista hoje publicada no Diário Económico.
As declarações de Fernando Gomes vão ao encontro do que tem defendido o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, que em junho afirmou que pretende apresentar uma proposta de lei em que a Liga figure como entidade gestora dos direitos televisivos.
Considerando que, em toda a Europa, só Portugal e Espanha não têm os direitos televisivos centralizados nas respetivas ligas, Mário Figueiredo adiantou que a proposta a apresentar se assemelha ao «modelo italiano».
Na entrevista que dá hoje ao Diário Económico, Fernando Gomes defende «um período de transição» e «um mecanismo de solidariedade entre os clubes».
«(...) Acima de tudo que haja, logo à partida, um quadro perfeitamente claro da forma como esses valores poderão ser repartidos pelos diversos intervenientes nos campeonatos. E que se estabeleça algum mecanismo de solidariedade entre os clubes mais conhecidos, mais poderosos e os clubes com menor capacidade de gerar essas receitas», afirmou o presidente da FPF.
Fernando Gomes também considera que a recente passagem de direitos televisivos para a Benfica TV dos jogos dos “encarnados” no Estádio da Luz torna mais difícil a centralização que defende.
«É óbvio que essa decisão cria determinado tipo de constrangimentos, por exemplo, relativamente à [...] centralização de direitos. A partir do momento em que haja um clube que tem esses direitos num canal próprio, começa a ser mais difícil, obviamente», disse Fernando Gomes.
Questionado sobre se existem problemas éticos com o facto de a TV de um clube deter direitos de transmissão de equipas com as quais joga, Fernando Gomes diz que não, considerando que o empréstimo ou cedência de jogadores são questões mais preocupantes. No entanto, admite que não é uma situação normal.
«É óbvio que não é uma situação normal. É uma situação única no universo do futebol e ainda não temos traquejo, conhecimento e experiência para saber se isso pode ter algum tipo de implicação a esse nível, de alguma dependência que [...] condicione a verdade desportiva», afirmou.
Na mesma entrevista, o líder federativo também considera que «só Lisboa e Porto têm condições para se candidatar ao Euro 2020», em função das condicionantes colocadas pela UEFA para as 13 cidades europeias que vão ser palco de jogos.
Entre as condicionantes já anunciadas pela UEFA contam-se, entre outras, a existência de estádios com um mínimo de lugares ou de aeroportos com pelo menos dois terminais (para receber isoladamente adeptos rivais).
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