O presidente do Vitória de Setúbal, Fernando Oliveira, disse hoje que o clube da I Liga de futebol não se vai ‘ajoelhar’ perante a Câmara Municipal de Setúbal para promover o reatamento de relações institucionais.
"Enquanto aqui estiver, o Vitória não se põe de joelhos com ninguém. Temos imensas dificuldades, mas não nos pomos de cócoras a prestar vassalagem seja a quem for", afirmou em conferência de imprensa realizada no Estádio do Bonfim, em Setúbal.
O líder da direção refutou ainda uma afirmação feita a 20 de novembro pela presidente da câmara, Maria das Dores Meira, segundo qual a autarquia ajudou o clube a inscrever a equipa profissional na I Liga de futebol na presente época.
"A Câmara não teve nenhuma interferência. Quem arranjou um cheque de um milhão de euros para pagar às Finanças, ter as certidões e inscrever a equipa foi o Vitória. Não foi nenhum empresário, mecenas ou instituição. Foi o clube através do contrato que mantém com um patrocinador", garantiu.
Fernando Oliveira negou as acusações de "falta de lealdade e ataques constantes" apontadas pelo executivo camarário para o corte de relações com o clube e questionou o sentido de oportunidade da conferência de imprensa de Maria das Dores Meira.
"A senhora presidente achou por bem corresponder a esta prova de lealdade - seriedade e sabedoria, acrescentamos nós - com o agendamento de uma conferência de imprensa precisamente para o dia do 105.º aniversário do Vitória", lembrou.
Em relação ao apoio de seis milhões de euros que a câmara revela ter atribuído ao clube entre 2002 e 2014, o presidente dos vitorianos lembrou que foi eleito em 2009 e garantiu que "alguns temas constantes não foram concretizados, pese embora o tempo decorrido".
Como exemplo, Fernando Oliveira afiançou que "há três anos que o programa de apoio às modalidades amadoras não é pago" e considerou "ridículo colocar a quotização que decorre da condição de associado e cativação de camarote entre os apoios financeiros".
A direção do Vitória considera que várias das informações transmitidas pela presidente da câmara "não correspondem à realidade".
O dirigente colocou várias questões que gostaria de ver respondidas pela autarquia numa altura em que o concelho setubalense se prepara para ser anfitrião da Cidade Europeia do Desporto 2016.
"O relvado sintético anunciado pela senhora presidente, com pompa e circunstância, durante o seu discurso no 103.º aniversário do Vitória em novembro de 2013 vai ser uma realidade? Se sim, quando? A requalificação do Estádio do Bonfim de acordo com o pré-projeto existente vai ser uma realidade? Se sim, quando? Setúbal, Cidade Europeia do Desporto 2016 prescinde do contributo do Vitória? Sim ou não?", perguntou.
Apesar do atual afastamento entre a câmara e a direção do Vitória, Fernando Oliveira admitiu que ambas as instituições têm muito a ganhar com o normal reatar das relações.
"Não conseguimos sequer admitir, por via do peso social, cultural e desportivo do Vitória e dos seus 105 anos de existência como bandeira da cidade de Setúbal, outro cenário que não seja o de uma aliança profícua, duradoura e, principalmente, estável entre a câmara e o clube", finalizou.
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