A época ainda não acabou e a próxima já poderá estar comprometida. Os árbitros da primeira categoria que apitam os escalões profissionais de futebol português (Iª Liga e IIª Liga) ameaçam fazer greve caso não sejam feitas alterações ao Regulamento Disciplinar.

Segundo o Diário de Notícias, os homens do apito querem estar mais protegidos das situações de intimidação e ameaças que têm sido alvos, sendo o caso do vandalismo ao restaurante do pai de Jorge Ferreira o mais recente.

Os árbitros e uma equipa de advogados estão a analisar os atuais regulamentos de disciplina das competições profissionais para apresentarem propostas de alteração, para serem colocadas em prática na próxima época, de forma a protegerem a classe de situações como aquelas que se têm verificado nos tempos recentes, seja de ataques de agentes desportivos mas também a intimidação por parte de adeptos anónimos.

Segundo a mesma publicação, os juízes pretendem que quem os atinja na dignidade ou coloque os árbitros e as suas famílias sob ameaça seja alvo de castigos mais pesados do que os que estão em vigor, mas também que os julgamentos dos casos sejam mais rápidos a serem resolvidos - entre uma a duas semanas -, evitando assim o arrastar no tempo, algo que na opinião dos árbitros faz que se perca um pouco o efeito dos castigos.

Também se pretende que o regulamento venha a responsabilizar os clubes pelas declarações dos seus comentadores e também dos dirigentes das claques e das comunicações. Os árbitros, sabe o DN, reconhecem a dificuldade em imputar aos clubes responsabilidade por estes agentes, mas estão determinados em encontrar uma solução.

Estas são as três propostas da arbitragem que, caso não sejam atendidas, poderão levar a um boicote aos jogos das ligas profissionais em 2017/2018.

Recorde-se de que a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) já apresentou esta época 52 participações por delitos cometidos contra equipas de arbitragem, um número que, segundo Luciano Gonçalves, presidente daquele organismo, "mais do que duplica as registadas no período homólogo da época passada". Aliás, em toda a temporada 2015/16 "foram feitas entre 26 e 28 participações ao Ministério Público, à PSP e à GNR".