“Não é positivo não ter árbitros portugueses no Mundial, não há que esconder. Gostaríamos de lá estar e trabalhamos para isso, mas não é fácil. A FIFA reserva 10 vagas, 11 este ano para a [árbitra francesa] Stéphanie Frappart, para os países europeus e Portugal compete com os melhores. O Artur Soares Dias, que era quem podia ir, estava a competir por uma dessas 10 vagas e os árbitros dos outros países também são bons”, disse, em entrevista à Rádio Universitária do Minho (RUM), no programa ‘Rum(o) Desportivo’.
O melhor árbitro português das duas últimas temporadas, que diz ter a ambição de apitar jogos da Liga dos Campeões, uma final da Taça de Portugal e estar em campeonatos da Europa e do Mundo, recusa, contudo, “arranjar desculpas”.
“Temos que olhar para nós e perceber o que podemos fazer melhor e não arranjar desculpas. Foram dois ingleses, o que foi algo que nunca aconteceu, irem dois árbitros do mesmo país (...) provavelmente essa vaga seria para o Artur [Soares Dias]. Temos que respeitar e perceber que não estamos sozinhos, a seleção nacional também esteve quase a não conseguir ir ao Mundial, teve que ir a um ‘play-off’, são questões de pormenor que podem decidir ir ou não”, disse.
O árbitro natural de Barcelos considera que o clima de suspeição e guerrilha existentes no futebol português “não ajuda a que haja um clima de paz e tranquilidade”.
“Trabalhar sob constantes críticas não é saudável para ninguém, para os jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes. Devemos evitar este clima de guerra existente no futebol português porque não é benéfico para ninguém”, frisou à rádio sedeada em Braga.
João Pinheiro considerou ainda que as mulheres terão um papel cada vez mais ativo na arbitragem: “Elas têm condições fantásticas, conheço algumas, a mais famosa é a francesa Stéphanie Frappart, que tem uma condição física incrível, trabalha imenso, treina mais que eu, faz treinos bidiários, para se ver a qualidade de trabalho da senhora, e o futuro vai ser dela".
Para João Pinheiro, “a grande dificuldade que elas têm é competir com os homens no que concerne aos nossos tempos nas provas físicas, mas com trabalho e dedicação [podem conseguir]”.
A cursar o mestrado de Direito do Desporto na Universidade do Minho, João Pinheiro deixou ainda um elogio às jogadoras, considerando-as "mais honestas" do que os homens.
“Fiz alguns jogos e elas têm uma coisa extraordinária: são muito mais honestas, só se sofrerem uma entrada castigadora ou que ponha em perigo a sua integridade física é que elas ficam no chão, já os homens dão três ou quatro cambalhotas. São muito naturais e tornam o jogo mais fácil de apitar e mais correto”, concluiu.
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