O presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, acusou hoje a SAD do Desportivo das Aves de se ter aproveitado da pandemia de covid-19 para deixar de cumprir as suas obrigações financeiras na I Liga.
Em declarações à margem do 18.º Estágio do Jogador, em Odivelas, o líder do SJPF reiterou que a grave crise financeira que afeta o último classificado da I Liga “é um caso de polícia” e manifestou a convicção de que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e “as entidades competentes já estarão a acompanhar” a situação do emblema avense.
“Não tem havido casos de salários em atraso na I e na II Liga com esta dimensão. Em março, foi realizado o controlo financeiro e havia cinco clubes em incumprimento. Desses cinco, só um não regularizou: o Aves, invocando a pandemia e que o dinheiro vinha da China e não era possível pagar – uma desculpa de mau pagador, porque, do ponto de vista estrutural, já havia indícios de má gestão. Estas circunstâncias especiais da pandemia condicionaram a eficácia do mecanismo e o Aves aproveitou-se desse fator para não pagar aos jogadores”, referiu.
Sobre a situação pessoal dos jogadores do Desportivo das Aves, que já viu nove jogadores rescindirem o respetivo contrato de trabalho, Joaquim Evangelista explicou que em março nenhum atleta quis acionar o fundo de garantia salarial do SJ, porque “queriam rescindir contrato com justa causa e garantir que o fundamento se mantinha”. No entanto, adiantou que o primeiro pedido de apoio por parte de um jogador chegou esta quarta-feira.
Por outro lado, o líder do SJ não descartou uma revisão do mecanismo de controlo do cumprimento salarial dos clubes, mas preferiu centrar as atenções em “casos excecionais” de clubes que já recorreram a processos especiais de revitalização (PER) e que, por força desse instrumento, continuam a competir, apesar da falta de capacidade financeira.
“É mais grave e acaba por, estruturalmente, afetar as competições, na medida em que muitos não têm capacidade financeira, mas continuam a contratar como se nada fosse, apesar de manterem as dívidas. Cria assimetrias e problemas estruturais graves que é preciso atacar”, observou, sublinhando: “Não há igualdade entre os competidores”.
O Desportivo das Aves, já despromovido à II Liga, despede-se do campeonato com a visita ao Portimonense, num encontro da 34.ª jornada, que será arbitrado por Hugo Miguel, da Associação de Lisboa.
A SAD, liderada por Wei Zhao, ameaçou na sexta-feira faltar à partida marcada para domingo, às 19:30, no Portimão Estádio, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, receando “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva”.
Cinco dias depois, a administração recuou na intenção e frisou “estar a desenvolver todos os esforços” para assegurar a visita do Desportivo das Aves ao Algarve e “terminar a temporada com a dignidade e respeito que a instituição merece”, após a direção de António Freitas referir que já estava a tratar da preparação logística do encontro.
Os nortenhos começaram hoje a preparar o embate com o Portimonense, 17.º e penúltimo colocado e primeiro clube abaixo da zona de salvação, com 30 pontos, que luta com Vitória de Setúbal (16.º, com 31 pontos) e Tondela (15.º, com 33) pela permanência.
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