“A gravidade desta afirmação não pode ficar impune, já que corresponde a uma acusação de deturpação de atas, isto é, de cometimento de uma ilegalidade”, disse o antigo presidente do Vitória de Setúbal em conferência de imprensa, anunciando a intenção de processar os actuais dirigentes do clube sadino, Júlio Adrião, Américo Rosa e João Martins.
Em causa está a venda do terreno do Pavilhão Antoine Velge e logradouro (Lote 9) por 100 000 euros à imobiliária Sadisetúbal e a posterior venda à Sociedade Lusa de Negócios (SLN) de 60 por cento das ações daquela imobiliária, que antes era detida a 100 por cento pela Sociedade Geral de Participações Sociais (SGPS) do Vitória de Setúbal.
Em declarações à Lusa, no passado mês de Fevereiro, João Martins defendia que a alienação do pavilhão só tinha sido possível devido à alegada deturpação da transcrição de um excerto da ata 38 para a ata número 39.
“Na ata n.º 39, diz-se que se mantém a autorização de alienação ou oneração das posições na sociedade a constituir, mas, em vez de se dizer que autorizava a alienação ou oneração das posições na sociedade a constituir a ‘favor da SGPS’, como na ata n.º 38, diz-se a ‘favor do BPN’”, afirmou na altura João Martins, acrescentando que em lado nenhum se dava autorização para a venda da parcela, mas sim para o seu ingresso na sociedade imobiliária (Sadisetúbal).
Na conferência de imprensa realizada hoje em Setúbal, o antigo presidente do Vitória de Setúbal Jorge Goes, que, juntamente com o antigo vice-presidente Mariano Gonçalves, subscreve uma queixa-crime contra os três directores do Vitória de Setúbal por “denúncia caluniosa”, negou todas as acusações.
“Não é necessário ter grandes conhecimentos jurídicos, mas apenas bom senso e uma compreensão mediana, para entender que entre duas declarações de vontade divergentes, naturalmente que prevalece a vontade mais recentemente expressa”, disse.
Jorge Goes lembrou que a venda dos terrenos foi efectuada por um valor de 300 euros por metro quadrado, que disse ser um preço muito acima dos valores de mercado praticados na época, o que permitiu a entrada no clube de cinco milhões de euros, verba que terá ajudado a financiar quatro épocas desportivas, de 1999 a 2003.
Inconformado com as acusações, Jorge Goes fez saber que, além da queixa-crime contra os três dirigentes, vai também enviar uma carta ao presidente do Conselho Fiscal do Vitória de Setúbal a solicitar-lhe que verifique se as contas de clube, SGPS e SAD retratam todas as operações.
Jorge Goes disse ainda que o problema do Vitória de Setúbal é “não dispor de receitas suficientes para fazer face às suas necessidades”.
Sobre a intenção manifestada pelos três directores de pedirem a anulação da venda dos terrenos do Pavilhão Antoine Velge, Jorge Goes lembrou que tal implicaria para o Vitória de Setúbal o dever de restituição das verbas recebidas.
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