O ex-presidente do Vitória de Guimarães Júlio Mendes disse hoje que a troca de publicidade por apoio na corrida à Liga de clubes de futebol, atribuída ao ex-presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal, é um "equívoco".
Depois da acusação emitida pelo Ministério Público na sexta-feira, que elencou 21 pessoas singulares e oito coletivas no âmbito do processo Éter, entre as quais o ex-responsável pela entidade turística, Melchior Moreira, e o ex-presidente vitoriano, o diário Público noticiou hoje que a publicidade do Turismo do Porto e Norte junto do Vitória e também do Sporting de Braga visou captar apoios para uma eventual corrida à Liga, tese que Júlio Mendes rejeita.
"Essa é uma tese completamente descabelada. O presidente da Liga era, na altura, eleito pelos presidentes dos 18 clubes da I Liga e pelos 20 da II Liga. Eram 38 presidentes. Isso não lembra ao diabo. Só quem não sabe do que está a falar faz uma acusação dessas. Isto não passa de um equívoco que vai ser esclarecido. Estou completamente à vontade, com a certeza de que servi o clube enquanto presidente", disse, contactado pela Lusa.
O ex-dirigente desportivo alegou que a entidade manifestou então a vontade de patrocinar os clubes minhotos por estarem regularmente presentes nas competições europeias de futebol e "promoverem" a região.
Os contratos firmados com o Turismo do Porto e Norte de Portugal para publicidade nas camisolas vitorianas, disse ainda Júlio Mendes, envolveram uma verba a rondar os 17.000 euros para promover o Geoparque de Arouca, num jogo com o Sporting (3-3, na edição 2016/17 da I Liga), e uma outra de 100.000 euros, relativa à final da Taça de Portugal de 2016/17, na qual o Benfica derrotou o Vitória (2-1).
O presidente do Vitória entre 2012 e 2019 esclareceu ainda que o clube recebeu apenas metade da quantia prevista relativa a esse jogo com as ‘águias’ (50.000 euros), razão pela qual há um processo jurídico em curso contra a Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Já o envolvimento da entidade turística com o Sporting de Braga respeita a um contrato de patrocínio à equipa de futsal que disputou, em novembro de 2017, a Ronda de Elite da UEFA Futsal Cup. No contrato, ficou escrito que o Braga receberia 15 mil euros para aparecer com a marca do Turismo do Porto e Norte nas camisolas dos jogadores.
Estão também em causa nesta investigação adjudicações diretas que cerca de 60 autarquias fizeram na instalação de lojas de turismo interativas, financiadas pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal, e que foram atribuídas a empresas indicadas por Melchior Moreira.
No âmbito da operação Éter foram ainda constituídos arguidos Isabel Castro, ex-diretora operacional da TPNP, Gabriela Escobar, ex-jurista daquela entidade turística, Manuela Couto, administradora da agência de comunicação W Global Communication (antiga Mediana), e José Agostinho, da firma de Viseu Tomi World.
Melchior Moreira tinha sido reeleito a 04 de junho de 2018 para o seu quinto e último mandato na TPNP com 98,36% dos votos para o cargo que exercia desde 2008.
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