Luís Filipe Vieira decidiu suspender funções no Benfica. A informação foi adiantada pelo seu advogado, Manuel Magalhães e Silva, na manhã desta sexta-feira em declarações aos jornalistas. O causídico acabou por ler uma declaração por parte de Vieira, junto ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
"O Benfica está primeiro. Perante os eventos dos últimos dias, no âmbito da operação Cartão Vermelho, em que sou diretamente visado, e enquanto o inquérito em curso puder constituir um fator de perturbação, suspendo com efeitos imediatos o exercício das minhas funções como presidente do Sport Lisboa e Benfica, bem como de todas as participadas do clube. Apelo a todos os benfiquistas para que se mantenham serenos na defesa do bom nome da grande instituição que é o Benfica", foi a declaração lida pelo advogado.
Magalhães e Silva revelou também que a decisão de Luís Filipe Vieira "foi comunicada em simultâneo às estruturas interessadas", nomeadamente aos Órgãos Sociais do clube e esclareceu que não se trata de uma renúncia ao cargo, mas sim de uma suspensão de funções: "Suspensão é suspensão, suspensão não é renúncia. Está a ser comunicada à comunicação social e às estruturas interessadas", esclareceu.
O advogado abordou ainda o estado de espírito do seu constituinte, sem adiantar se Vieira vai prestar declarações ao juiz. "O seu estado de espírito? De completa serenidade, que é revelada por este comunicado, que mostra sentido de responsabilidade com a prevalência da posição institucional sobre a posição pessoal", disse, prosseguindo: "É uma suspensão enquanto o exercício de funções pudesse prejudicar o inquérito em curso."
Entretanto a direção do Benfica deve reunir nas próximas para decidir os próximos passos a dar, já que acaba por haver um esvaziamento na liderança encarnada. Todos os elementos da direção reúnem-se para encontrar um substituto para Luís Filipe Vieira.
Recorde-se que o presidente do Benfica e os outros três detidos no processo ‘Cartão Vermelho’ chegaram, esta sexta-feira, ao Tribunal Central de Instrução Criminal, para prosseguirem os primeiros interrogatórios judiciais.
O presidente do Benfica passou a segunda noite nas instalações da Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.
Às 08:49, as carrinhas que transportavam os detidos, acompanhadas por vários elementos da PSP, deram entrada no tribunal.
O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, de 72 anos, foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos”.
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