O candidato à presidência do Sporting, Pedro Madeira Rodrigues, garante que não fará alianças com o Benfica e o FC Porto, mas promete, sendo eleito, "acabar com obsessão de Bruno de Carvalho em fazer guerras com tudo e todos".

"Vamos mudar radicalmente a política de comunicação do clube, que hoje em dia consiste em fazer guerras com tudo e todos, especialmente com o Benfica, quando devíamos era estar obcecados connosco para combater os rivais", explicou Madeira Rodrigues, em entrevista à agência Lusa.

O candidato sintetiza assim o que vai mudar na comunicação em Alvalade: "Não vamos berrar tanto, vamos, isso sim, tratar de defender com convicção os interesses do Sporting nas instâncias que mandam no futebol e na arbitragem".

Pedro Madeira Rodrigues considera que os leões têm "sido sistematicamente prejudicados" por não estarem presentes nos órgãos de decisão, prometendo "fazer esse trabalho de sapa, sabendo que não vai ter resultados imediatos".

"Vamos candidatar-nos aos cargos e ter lá gente nossa", afirmou.

Para esse efeito conta com o vice-presidente para as relações institucionais, Vítor Ferreira, que se demitiu da direção de Bruno de Carvalho.

"É um homem respeitado no meio, experiente, com quem partilho ideias para formar um 'lobbing' forte para proteger os interesses do Sporting, ao contrário do que sucedeu nos últimos quatro anos", disse.

No entanto, faz questão de esclarecer que o objetivo "não é o Sporting ser beneficiado, mas apenas o de não ser prejudicado", porque essa é "a cultura do clube", que ajudará a mudar o desporto e o futebol, e assegura que o clube assumirá "um papel de liderança que há muito perdeu por se ter deixado ultrapassar".

"Isto não invalida que sejamos muito firmes para quem quiser fazer mal ao Sporting, cujos interesses vamos defender intransigentemente", assegura o candidato, que "não quer um Sporting isolado, que arranja guerras com todos e não é respeitado, não só pelas arbitragens, mas também pelos outros agentes do futebol".

Madeira Rodrigues pretende ter uma boa relação com os outros clubes e com os presidentes da Liga, Pedro Proença, e da FPF, Fernando Gomes, pois acredita que "ambos querem o bem do futebol", algo para o qual também quer contribuir.

O candidato diz que o clube tem sido tratado "com paternalismo e alvo de gozo", dando o exemplo do penálti assinalado contra o Sporting em Setúbal para a Taça da Liga, que lhe fez lembrar "outro célebre, numa final da mesma prova, frente ao Benfica", e que "jamais seria assinalado se fosse contra um dos rivais na luta pelo título".

Todavia, Madeira Rodrigues critica a postura da atual direção ao retirar Ryan Gauld e André Geraldes, emprestados ao Vitória de Setúbal, uma atitude que "ostracizou um clube amigo como o Vítória Setúbal, que passou a inimigo, e que passou a ter melhores relações com o Benfica, que até já lhes emprestou um jogador para fazer evoluir".

"Vamos começar a ganhar mais vezes e eles [Benfica] a perder. Se nos querem fazer mal terão guerra, mas acredito que nos possamos entender nas questões importantes do futebol, nomeadamente a nível fiscal, que tanto prejudica os clubes. É importante passar esta mensagem ao Governo em relação ao tratamento aos clubes, e isso tem de ser feito com todos, incluindo os três grandes. Em algumas coisas teremos de estar de acordo", disse.

No entanto, o Benfica deixa-lhe lembranças amargas como aquela de um dérbi em que o Sporting foi "escandalosamente prejudicado" e em que os sportinguistas ainda tiveram de ouvir o treinador adversário [Jorge Jesus] dizer que a vitória tinha sido "limpinha, limpinha", perante a reação tímida de Bruno de Carvalho.

Outro jogo no estádio da Luz que recorda foi quando uma parte da cobertura tombou devido ao vento, considerando que "o Sporting tinha todo o direito de dizer que não jogava no dia seguinte, mas noutra altura mais conveniente para os interesses da equipa, porque se tratava de uma situação da responsabilidade do adversário, que se teria de ter precavido".

"Mas não, aceitámos jogar quando mais interessava ao Benfica", afirmou.