A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) confirmou hoje a investigação a um suspeito, no âmbito do caso dos emails do Benfica, por corrupção passiva e ativa.
Em comunicado, a PGDL dá conta da emissão de mandados de busca domiciliária e não domiciliária, no âmbito de uma investigação em curso pelos crimes de corrupção passiva e ativa, por parte da nona secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
"No inquérito investiga-se a prática, por parte de um suspeito, dos referidos crimes, relacionados com os denominados emails do Benfica. A operação encontra-se em curso, contando com a presença de quatro magistrados do Ministério Público, dois juízes de instrução e 28 elementos da PJ, incluindo inspetores e peritos financeiros e contabilísticos e informáticos", lê-se no comunicado da PGDL.
CASO DOS EMAILS: TUDO COMEÇOU COM FRANCISCO J. MARQUES
O Benfica está a ser investigado por um alegado esquema de corrupção, na sequencia de denúncias de Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto.
O dirigente entregou à Polícia Judiciária documentos com alegadas trocas de mensagens eletrónicas entre o assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, e o presidente dos ´encarnados`, Luís Filipe Vieira, referentes à oferta de bilhetes para jogos do Benfica, no Estádio da Luz, e ainda para a final da Liga Europa, em Turim, na época de 2013/14, escreve a ´Sábado`.
Diz aquela publicação que os bilhetes terão sido entregues a elementos do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol que tinham "de alguma maneira ajudado a alcançar este objetivo [Liga Europa] ou ajudado o Benfica no passado", segundo disse Paulo Gonçalves a Vieira nos emails. Entre os convidados estavam Andreia Couto, na altura diretora executiva da Liga, Nuno Cabral, ex-delegado da Liga, e Emídio Fidalgo, ex-responsável pela nomeação de delegados.
Entre outras situações, o responsável dos ‘dragões’ revelou também a alegada partilha de mensagens de telemóvel do atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, na altura em que presidiu à Liga de clubes, entre o diretor de conteúdos da BTV, Pedro Guerra, e o ex-presidente da Assembleia-Geral da Liga Carlos Deus Pereira.
No entanto, de acordo com o que está na alegada troca de mensagens, não significa que tenha havido crime.
"Pode haver indícios de um crime de corrupção no desporto porque pode ter havido a atribuição de uma vantagem a troco de uma contrapartida. O essencial é perceber que vantagem foi essa", disse Paulo Sá e Cunha, do Fórum de Advogados Penalistas, em declarações citadas pela revista ´Sábado`.
BENFICA TENTOU IMPEDIR DIVULGAÇÃO DE EMAILS MAS PERDEU
O Benfica tentou acabar com a divulgação dos emails por parte do FC Porto, mas acabou por perder o caso no tribunal cível do Porto. Os ´encarnados` apresentaram uma providência cautelar contra o FC Porto, o PortoCanal e Francisco J. Marques e exigiam um milhão de euros de cada vez que a proibição infringida. O juiz Fernando Barroso Cabanelas, que indeferiu a providência cautelar, considerou que a divulgação dos emails por parte de Francisco J. Marques não colocava em causa segredos comerciais do Benfica, nem colocava em causa questões concorrenciais, como foi alegado pelos advogados do clube da Luz.
Na sua decisão, o juiz Fernando Barroso Cabanelas afirmou que alguns dos emails "a ser comprovada a sua veracidade, revestem manifesto interesse público", escreve a ´Sábado`.
´ENCARNADOS DIZEM QUE DECISÃO É "ABSURDA"
Para o Benfica, tratou-se de uma "decisão absurda" pelo que irá recorrer.
"A SAD do Sport Lisboa e Benfica considera a decisão do Tribunal Judicial da Comarca do Porto de determinar como improcedente a providência cautelar por si apresentada como muito grave e absurda num Estado de Direito e que justifica e impõe o inevitável recurso imediato para o Tribunal da Relação", informou o clube. A confissão clubística do Senhor Juiz que proferiu esta sentença, evidenciada no primeiro despacho, atenuou a surpresa desta decisão, apesar do carácter inédito de que se reveste e da gravíssima doutrina que pode originar. O sentido e alcance desta sentença é verdadeiramente insólito e absolutamente inaceitável, consentindo e legitimando, como consente e legitima, a prática reiterada de crimes, ao invés de defender o Estado de Direito e proteger o bom nome das pessoas e das instituições. Por tais razões, a Sport Lisboa e Benfica - Futebol, SAD, no início da próxima semana e após análise minuciosa dos termos desta decisão, tomará posição pública sobre este processo e outros com ele relacionados", escreveu os ´encarnados` em comunicado.
PRIMEIRAS BUSCAS FORAM TRAVADAS
A revista ´Sábado` já tinha avançado que a primeira operação de buscas e apreensão de documentos na Luz tinha sido travada pelo juiz Jorge Marques Antunes, um dos juízes colocados na Instrução Criminal da Comarca de Lisboa. Na altura a PJ tinha selecionado 25 investigadores que tinham como missão a atuação em 12 alvos [escritórios e residências] considerados prioritários para averiguar eventuais actos de corrupção relacionados com arbitragem e jogos de futebol. Os pedidso de mandados previam buscas às instalações do Benfica, ao gabinete e à residência do presidente Luís Filipe Vieira e do assessor jurídico Paulo Gonçalves, bem como à casa do comentador Pedro Guerra, de acordo com a ´Sábado`.
Este processo partiu de uma denúncia anónima que deu entrada no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) a 8 de Junho de 2017 e está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP). Este departamento tenta perceber se ha crime de "corrupção activa na actividade desportiva". Entre os visados estão a SAD do Sport Lisboa e Benfica, o ex-árbitro Adão Mendes, o comentador antigo director de conteúdos da BTV, Pedro Guerra.
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