O Observatório do Futebol (CIES) publicou esta semana o habitual relatório mensal que este mês se debruça sobre o número de cartões amarelos e vermelhos mostrados nas principais divisões de 87 países por todo o mundo. A liga portuguesa surge em 18º lugar com uma média de 5,32 cartões por jogo.

Segundo o CIES, o estudo revela "a existência de correlações significativas entre a quantidade de cartões por jogo e muitos indicadores socioeconómicos para as nações como o produto interno bruto, o índice de desenvolvimento humano, a taxa de homicídios e um indicador de corrupção percebida".

As diferenças entre países

O estudo do Observatório do Futebol concluiu que, numa média de todas as ligas analisadas, os árbitros mostram 4,42 cartões amarelos por jogo e 0,25 cartões vermelhos. Foi ainda possível perceber que as equipas que jogam fora de casa são as que recebem mais cartões: 53% dos cartões amarelos e 56,7% dos cartões vermelhos. Além disso, a grande maioria dos cartões foram mostrados na segunda parte dos encontros: 65,8% dos cartões amarelos e 81,8% dos cartões vermelhos.

O CIES explica ainda que o número de cartões mostrados varia consoante a confederação a que pertencem as equipas. Assim sendo, na Conmebol (Confederação de Futebol da América do Sul) são mostrados 5,83 cartões por jogo, um valor superior em 45% quando comparado com o número de cartões mostrados na AFC (Confederação Asiática de Futebol), que é de 4 cartões por jogo.

Nas ligas que jogam sob a alçada da UEFA, são levantados 4,49 cartões durante um jogo, 4,28 cartões amarelos e 0,21 cartões vermelhos.

No que aos países diz respeito, a Bolívia tem a liga com mais cartões, com uma média de 6,8 cartões por jogo. A La Liga aparece em 14º lugar com 5,5 cartões por jogo e a I Liga está em 18ª com 5,32 cartões por jogo (5,01 amarelos e 0,31 vermelhos).

Fatores socioeconómicos

O estudo concluiu ainda "que as partidas disputadas em países cujos habitantes têm um padrão de vida e educação mais elevados são menos tensas, ou pelo menos são menos sancionadas pelo corpo de árbitros. A correlação entre a quantidade de cartões por jogo e o Índice de Desenvolvimento Humano é maior do que entre a quantidade de cartões e o PIB: 16,7% e 11,7% respetivamente."

O CIES explica ainda que foi possível verificar "uma correlação estatística significativa entre a quantidade de cartões e a taxa de homicídio por país (20%). A força desse vínculo chega a 33,1% se correlacionarmos a taxa de homicídios apenas com o número de cartões vermelhos por jogo. A violência presente numa sociedade parece, assim, ser transportada para os jogos de futebol."

Por fim, o Observatório do Futebol menciona ainda que "quanto mais os cidadãos consideram que o nível de corrupção no seu país é alto, maior é a probabilidade de os árbitros distribuírem cartões. Este resultado pode refletir a existência de um clima social onde a desconfiança e a suspeita são abundantes."