Excertos da entrevista de Pinto da Costa à jornalista Fátima Campos Ferreira no programa 'Primeira Pessoa', da RTP 1.

O que levará no momento da grande viagem? "A paz tranquila, de que fui sempre o melhor que pude em tudo o que me meti e com o pensamento em ser útil aos outros. A bandeira do FC Porto está no meu coração. Desde que não ponham as dos outros, podem pôr a que quiserem, isso já não é comigo... [risos] Se alguém me condecorar a título póstumo, ai de quem lá for. Venho cá abaixo e dou um par de estalos. Eu morro e sou condecorado? Então têm de condecorar todos os mortos, condecorar é em vida.

E uma estátua? "Para quê? Para os cães irem lá mijar?"

Estádio do Dragão poderá passar para Estádio Pinto da Costa: "Isso será sempre com o meu desacordo. O Dragão tem tanta força... Ainda venho do outro lado. Só de me verem assustam-se."

Problemas de saúde: "Fui operado ao coração. Estava mais para o lado de lá do que para cá, mas estou cá. Quando fui para a operação estava convencido que não acordava mais. Mas teve uma coisa boa: encarei com naturalidade. Olha, acabo assim. Não fiquei assim em pânico."

Está preparado para morrer? "Estou. Espero que não seja aqui e que alguém entre aí de pistola."

Escreveu dois comunicados antes de ser hospitalizado: "Deixei cartas escritas para os meus filhos e fiz um comunicado a comunicar a minha morte e outro que tinha sido operado, que tinha corrido bem e que estava tudo bem. Ao fim de 24 horas acordei, vi muitas luzes e disse: 'porra, estou vivo'. E adormecei outra vez. Não tenho medo da Dona morte. Não a desejo, mas é fim de todos. Enquanto cá andar, como uns jesuítas e faço as minhas janeiras."

Ainda quer ganhar mais? "O meu apetite de ganhar é cada vez maior. Não me sinto presidente porque ganhei ou fiz um estádio. Só me interessa como presidente e sócio o futuro. Os projetos que tenho é que gostava de poder realizar, ou pelo menos iniciar."

Qual será o seu maior legado? "Não sei, os outros é que terão de dizer. Quem viveu este período é que tem de dizer. A minha filha diz que o FC Porto é o irmão mais velho dela. Na simplicidade do comentário é um bocado isso."

Deixará de se candidatar se achar que vai perder? "A mim nunca me preocupou os êxitos pessoais, não me dizem nada. Fico mais à rasca quando me elogiam publicamente do que quando me assobiam ou dizem alguma coisa. A minha preocupação é que o FC Porto ganhe. Sou presidente do FC Porto não por ambição, mas por missão. E se for novamente, é porque acho ainda tenho alguma coisa a fazer e a cumprir. Neste momento há tanta coisa que me preocupa e para fazer no FC Porto, que não tenho tempo para pensar em eleições e nada disso."