O presidente do FC Porto, que tomou posse pela primeira vez em 23 de abril de 1982, disse hoje ainda acreditar no título de futebol, "se tudo for normal", em entrevista que assinala essa data.

Pinto da Costa reafirmou a vontade de renovar com o treinador da equipa principal de futebol, Sérgio Conceição, mas explicou que isso apenas vai ser formalizado depois do final do campeonato.

"A intenção dos dois é prolongar o contrato, não sei se por um ano ou mais, ainda estamos a ver o que será melhor. Estamos de tal maneira envolvidos no campeonato. Eu penso que ainda vamos ganhar, se tudo for normal. Mas ficou combinado que mal acabe arrumaremos definitivamente o assunto. A vontade dos dois é de prolongar, portanto, não estou preocupado. Se está dependente do FC Porto ser campeão? Não", disse em entrevista ao Porto Canal.

Relativamente às expectativas e ao que ainda falta jogar do campeonato, Pinto da Costa frisou a necessidade de vencer todos os jogos até ao fim, explicando que esse é o lema do clube e lembrando como tudo está diferente devido à pandemia de covid-19.

"Todas as jornadas são importantes, faltam seis, são 18 pontos. Qualquer ponto que se perca pode definir o campeonato, seja para que lado for. Neste momento, são todos os jogos difíceis. Mesmo os clubes do topo da tabela perderam pontos com clubes de baixo da tabela. O Sporting empatou com o Famalicão, o Benfica perdeu com o Gil Vicente. Qualquer ponto tem o mesmo peso, seja qual for o jogo", sublinhou.

O dirigente frisou ainda que "o Braga é um concorrente poderoso e que está a fazer uma grande época. O futebol, até pela falta de público, ficou diferente, vê-se pelos resultados que não têm lógica".

"Na jornada anterior, o Gil ganhou na Luz e o Portimonense venceu em Famalicão, na ronda seguinte, o Portimonense perdeu em casa com Benfica e o Gil Vicente perdeu em casa com o Famalicão", disse ainda o dirigente, que afirmou ainda: "O lema é pensar que se tem de ganhar o jogo a seguir. O FC Porto está concentrado e convicto de que tem de ganhar em Moreira de Cónegos na segunda-feira."

Pinto da Costa falou ainda sobre a Superliga Europeia, revelando-se contra desde o primeiro minuto.

"Esse movimento tem uns tempos. Começou quando foi do grupo dos presidentes, do qual eu fazia parte, falou-se nisso, havia conversas. Fui sempre contra, a força do futebol é ser popular, qualquer clube tem direito a participar e ganhar, as provas europeias são por mérito desportivo. Esses clubes que organizaram, nenhum deles é de ingleses, são de americanos, chineses. É desvirtuar o sentido popular do desporto, é descaracterizar o futebol. Sou totalmente contra isso, todos têm possibilidade de competir, quem se classifica vai, não é por ter muito dinheiro", afirmou.

Questionado sobre a pronta oposição do governo português à Superliga Europeia, Pinto da Costa foi bastante crítico: "Não vou comentar. O primeiro-ministro António Costa tem feito tanto mal ao futebol, e nomeadamente ao FC Porto, que acho que ele se devia abster de falar de futebol."

Pinto da Costa lembrou ainda o dia da primeira tomada de posse da presidência do clube, recordando a "grande emoção" sentida.

"Desse dia recordo tudo. Foi um dia de grande emoção. Trabalhámos para ver a situação do clube com o secretário-geral. Tomámos posse no pavilhão onde estiveram grandes figuras e presidentes, como Fernando Martins, presidente do Benfica, um grande amigo de muitas ocasiões. Esteve o Sporting, representado pelo senhor Agostinho Marques. Estiveram os clubes na sua maioria. Um tempo totalmente diferente. Uma posse muito concorrida e emocionante. Recordo-me que tratei Américo de Sá por meu colega, presidente, tinha acabado de assumir, mas ele era presidente honorário. Ele, para mim, continuava a ser presidente do FC Porto. Depois, fomos para um restaurante, estivemos a confraternizar até às quatro da manhã. Quando tomei posse havia grandes problemas, falta de liquidez. Tínhamos as contas todas a zero", lembrou.

Relativamente ao facto de ser um presidente recordista de títulos, Pinto da Costa desvalorizou: "Sinceramente não me diz nada. É bom que o FC Porto tenha ganho esses títulos todos, dão-me tanto gozo os títulos na minha presidência como noutras. Gosto sobretudo de ver a participação e a forma como os sócios e adeptos vivem o FC Porto. Não tive maior alegria nas vitórias do campeonato do que tive no campeonato de 56, que ganhámos com o Yustrich."

"Senti-me tão feliz quando ganhámos esse campeonato, eu como sócio e adepto, como durante na minha presidência. Sucesso partilhado com jogadores, treinadores. É muito importante que as pessoas percebam isto: há muita gente com vida extremamente difícil, gente desempregada e com grandes dificuldades; gente que faz muito esforço para manter os filhos com dignidade e muitas vezes a felicidade que têm é o seu clube a ganhar títulos. Quando festejam nos Aliados, muitas pessoas não têm outro motivo para sorrir além do título do FC Porto. Há que pensar também nesses.", finalizou.