O presidente da SAD do Marítimo disse hoje à agência Lusa que o emblema madeirense vai sempre priorizar “a consistência dos bons campeonatos”, em vez de um “pico rápido”, após garantida a manutenção na I Liga de futebol.
“Para nós, mais importante do que um pico rápido é a consistência dos bons campeonatos. Queremos que a oscilação entre uma época mais conseguida e uma menos conseguida não resulte numa diferença muito grande na classificação”, adiantou João Luís.
O antigo capitão maritimista e treinador assumiu a liderança da sociedade anónima desportiva ‘verde rubra’ em 02 de dezembro último, dois meses após Rui Fontes suceder a Carlos Pereira no papel de presidente do clube.
Quando a nova direção tomou o leme, o Marítimo ‘trilhava’ o mesmo caminho que os adeptos já tinham assistido nas últimas três temporadas, ocupando lugares de despromoção.
Segundo João Luís, o balanço dos primeiros cinco meses como líder da SAD são positivos, “aquém de tudo aquilo que é desejado, mas dentro do que foi perspetivado”.
“Tínhamos vários objetivos, nenhum deles está concluído porque entrámos com um projeto de melhoria clara, não gosto da palavra revolução, porque parece que estava tudo mal, o que não é verdade, mas de crescimento, que foi aquilo que também todos os outros fizeram anteriormente”, destacou o bisneto de Cândido Gouveia, fundador do clube do Almirante Reis.
A manutenção no patamar mais alto do futebol português foi selada a quatro jornadas do fim e com 36 pontos alcançados, até à data, mas a primeira vitória caseira em 2022 apenas foi alcançada na última jornada, frente ao Boavista, por 4-0.
João Luís relembrou a “fase curta mais difícil”, onde o emblema madeirense ficou seis jornadas sem vencer diante dos seus adeptos, para os quais o “clube trabalha muito” e que agora os acompanham “cada vez mais nos jogos fora”.
“Contas, criação de expectativas e perspetivar coisas no futebol é muito perigoso. Aprendi há muitos anos a evitar fazer muitos prognósticos. Prefiro o discurso de que o próximo jogo é o mais importante de todos e nesse temos de somar o máximo de pontos possíveis”, frisou o madeirense de 54 anos.
Para a temporada 2022/2023, garante que pode ser esperado “um Marítimo em crescente, um Marítimo melhor”, com “passos de crescimento bem sustentados, para que não volte para trás”.
Sobre os objetivos apontados para a próxima época, o dirigente que não gosta de fazer prognósticos, admite que a aposta no “crescimento sustentado pode levar à luta por lugares mais interessantes”.
“Não vamos dizer que não queremos nada disso. É claro que queremos, porque trabalhamos lado a lado com os resultados desportivos e os financeiros e sabemos que esses resultados desportivos acabam por se refletir em resultados financeiros”, afirmou, explicando que não se trata só de “retornos diretos, mas essencialmente, pela elevação da cotação do clube e a valorização dos seus ativos”.
Sobre possíveis alterações no plantel, o dirigente garante que as lacunas já estão identificadas, mas assume que contratar “não é o ponto-chave do sucesso”.
“Não aceito que quando se prepara uma nova época se foque apenas nas contratações, que é até um fator de grande risco. Não é o ponto chave do sucesso do futuro, mas claro que não as podemos descurar”, sublinhou o capitão ‘verde rubro’ na década de 90.
O ‘patrão’ da defesa Zainadine renovou o vínculo ao emblema madeirense até 2024, mas com Alipour e Edgar Costa, em final de contrato, ainda não houve um acordo, mas segundo o líder da SAD, “já foi manifestado interesse em manter os dois jogadores”.
Já o médio Guitane, “que cresceu com o Marítimo, mais concretamente, a trabalhar com esta equipa técnica”, tem mais um ano de empréstimo por opção, que de acordo com o dirigente existe intenção de o manter, mas a decisão está entregue à sua equipa, Stade de Reims, que atua na I Liga francesa.
No sentido inverso, o líder insular admitiu que desde a sua chegada ao clube “houve sempre jogadores [do Marítimo] sondados enquanto estiveram mercados abertos”, muitas das propostas acabaram por não ser concretas, mas as que foram “não defendiam os interesses do clube e dos jogadores”.
“Se não quisermos que os nossos ativos sejam sondados promovemos o insucesso e, aí ninguém vai querê-los. Nós promovemos o sucesso e temos plena noção que uma das consequências é essa. Se continuarmos a ter bons resultados, é normal que os nossos ativos vão ser cobiçados e o treinador também entra nessas contas”, explicou à Lusa.
O técnico Vasco Seabra assumiu as ‘rédeas’ do Marítimo na 12.ª jornada e amealhou 29 pontos, em 19 rondas. Para João Luís, a atual equipa técnica “encaixou muito bem naquilo que são as pretensões e o projeto atual” do emblema madeirense.
“Estamos muito satisfeitos com o seu trabalho, não apenas por estarmos na posição que estamos, mas por sentirmos que o Vasco Seabra e a sua equipa técnica entenderam muito bem o que é a cultura, a filosofia do clube, o projeto que trouxemos e a ligação à formação”, enalteceu, explicando que o último ponto é fundamental para um clube com o perfil do Marítimo.
Segundo o atual líder da SAD maritimista, “não basta rezar para que apareçam jogadores, é preciso realmente um projeto que não consista em ter uma boa formação, mas sim ser realmente formador”.
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