O futebolista Rúben Macedo entregou um pedido de rescisão unilateral à SAD do Desportivo das Aves, devido a três meses de salários em atraso, confirmou hoje à agência Lusa fonte do último classificado da I Liga.
O extremo, de 24 anos, marcou um golo em 22 partidas e estava vinculado até junho de 2022 à formação do concelho de Santo Tirso, pela qual assinou há um ano, oriundo do FC Porto e na sequência de um empréstimo ao Desportivo de Chaves, sendo o nono atleta a desvincular-se do Desportivo das Aves por sucessivos incumprimentos salariais.
As saídas dos guarda-redes Quentin Beunardeau e Raphael Aflalo, do defesa Jonathan Buatu, dos médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e dos avançados Kevin Yamga e Welinton Júnior reduziram o leque de opções da formação orientada por Nuno Manta Santos, que perdeu na terça-feira na receção ao Benfica (4-0), da 33.ª jornada.
Rúben Macedo esteve ausente da ficha do jogo, na qual constavam apenas 18 atletas, 12 dos quais provenientes da equipa sub-23, tal como os defesas Adam Dzwigala, Hélder Baldé e Mato Milos, os médios Bruno Lourenço, Luiz Fernando e Cláudio Falcão e o avançado Mehrdad Mohammadi, melhor marcador, com oito golos em 29 partidas.
A SAD dos nortenhos informou no domingo que não iria comparecer ao duelo com as ‘águias’, devido à anulação da apólice de seguro de acidentes de trabalho, que a direção do clube desbloqueou no dia seguinte, quando venceu o terceiro mês seguido de dívidas salariais, tendo assegurado duas baterias de exames negativos à covid-19.
A formação de Nuno Manta Santos foi impedida de treinar dois dias antes do encontro, no qual os titulares se recusaram a jogar o primeiro minuto e os suplentes abraçaram-se à equipa técnica, enquanto os ‘encarnados’ recriavam-se com o esférico e aplaudiam o gesto de protesto do emblema do concelho de Santo Tirso.
Os futebolistas, treinadores e outros funcionários deslocaram-se em viaturas pessoais até ao estádio no dia do desafio, colmatando o desconhecimento do clube sobre o paradeiro das chaves do autocarro, a cargo da administração de Wei Zhao, que estava estacionado ao lado do veículo que transportou o vice-campeão nacional.
Os jogadores subiram ao relvado pouco depois de a SAD do Aves ter sido absolvida de um processo disciplinar associado ao incumprimento salarial de março a abril, numa decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) idêntica ao desfecho sobre o atraso de vencimentos entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020.
Em 06 de maio, fonte dos nortenhos adiantou à agência Lusa que os salários de março seriam liquidados na totalidade, enquanto 35% das verbas de abril e maio estariam cativadas devido à paragem provocada pelo novo coronavírus, sendo repostas com o regresso da competição, mas a promessa ainda não foi cumprida por Wei Zhao.
A decisão do Conselho de Disciplina da FPF impede uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 33 jornadas pelo Desportivo das Aves, que confirmou a despromoção à II Liga em 29 de junho e despede-se com a visita ao Portimonense, num encontro da 34.ª jornada, que será arbitrado por Hugo Miguel, da associação de Lisboa.
A SAD ameaçou na sexta-feira faltar à partida marcada para domingo, às 19:30, no Portimão Estádio, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, receando “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva”.
Cinco dias depois, a administração recuou na intenção e assegurou “estar a desenvolver todos os esforços” para assegurar a visita do Desportivo das Aves ao Algarve e “terminar a temporada com a dignidade e respeito que esta instituição merece”.
Os nortenhos começam a preparar na quinta-feira o embate com o Portimonense, 17.º e penúltimo colocado e primeiro clube abaixo da zona de salvação, com 30 pontos, que luta com Vitória de Setúbal (16.º, com 31 pontos) e Tondela (15.º, com 33) pela permanência.
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