Sérgio Conceição fez a antevisão do jogo com o FC Porto, este sábado, relativo à 26.ª jornada da I Liga.

O técnico portista voltou a reconhecer as duas facetas do dragão esta época, mas aponta baterias para o que ainda se pode conquistar esta época. Mostrou-se feliz pelas chamadas à seleção de Galeno e Francisco Conceição, estreantes no Brasil e em Portugal, respetivamente, e deu os parabéns ao Benfica pela continuidade na Europa.

Leia todas as respostas de Sérgio Conceição na antevisão da partida com o Vizela.

Ainda o Arsenal

"Em relação ao jogo passado, faz parte da nossa vida, de profissionais de futebol. É verdade que temos um sentimento de alguma injustiça perante uma equipa que teoricamente era mais forte do que nós. Se calhar ninguém apostava em duas prestações fantástica que tivemos. Mas o futebol é um recomeçar constante. Já passou e agora é olhar para o que faltar. Nove jogos de campeonato e esperemos que três da Taça de Portugal. É enfrentar cada jogo como se fosse o último. É isso que vamos fazer."

As duas caras do dragão ao longo da época

São contextos diferentes. Jogos diferentes, caraterísticas próprias. Isto vem um bocadinho ao encontro do que tenho dito nos últimos anos, que o mais difícil para o treinador é trabalhar o plano mental nesta nova geração. Todo um trabalho tem de ser feito para os jogadores perceberem que cada dia é um dia muito importante para se melhorar, evoluir, alimentar essa competitividade que tem de existir dentro de cada um e depois com os outros. As coisas boas que há uns anos essa geração tinha era exatamente isso. Uma mera peladinha era para ganhar, era no limite. Com a qualidade e talento que existe hoje, se juntarmos essa atitude competitiva - e temos o caso de alguns jogadores que fazem carreiras longas e de grande nível -, isso é que é importante.

De há um tempo a esta parte a equipa tem atingido um patamar muito positivo, mas claro que nem sempre é perfeito. Queríamos ser eficazes em todos os momentos do jogo. Nem sempre foi possível, mas vamos atrás dessa estabilidade e de permitir à equipa que esteja sempre no máximo, no limite, porque dar tudo não basta. Ir ao limite é o mínimo e tem de ser assim em todos os jogos, competições e em todos os dias".

A realidade interna do FC Porto

"Incomoda-me alguns dos jogos que fizemos e podíamos ter feito mais. Os jogos são dissecados e são vistos pelos jogadores e pela equipa técnica. Eu assumo a postura que não é nada agradável para os jogadores, eles sabem disso. Trabalhamos sob os erros e depois passa. O futebol é isso. Quando acontece de forma repetida, aí fico verdadeiramente aziado. Agora temos de perceber que temos um final de campeonato para fazer. Estamos focados no próximo jogo. No final faremos as contas no campeonato e na Taça."

Rescaldo europeu - FC Porto, Benfica e Sporting - pode ter influência no campeonato?

"A nossa convicção é que acabamos a época de forma muito forte, mesmo no ano passado fizemos a melhor 2.ª volta de sempre e não chegou para ganhar o título. Tem a ver também com algumas mudanças que se fazem, jogadores que chegam e que têm o seu tempo normal e natural na sua evolução, mas essa evolução tem de ser feita a ganhar, depois qualquer ponto perdido fica difícil.

Nos últimos anos acabámos o campeonato sempre acima dos 80 pontos, e isto diz muito daquilo que é a competitividade que existe para se ganhar o título, a competição mais importante a nível interno. Esperemos que as coisas corram da melhor forma e essa evolução tem sido bem evidente para toda a gente, não só nos jogadores que jogam. Esperamos acabar a época em alta e de uma forma forte para ir à procura ainda daquilo que é possível.

Temos duas competições onde é possível e é o que queremos. Europa? Sempre disse, para bem do ranking, que era bom que as competições europeias acabassem o mais tarde possível para as equipas portuguesas. Infelizmente só temos uma, mas nós temos sido quem contribui mais para esse ranking. O que queremos é que as equipas portuguesas tenham sucesso lá, e queria dar os parabéns ao Benfica pela passagem".

A lesão de Alan Varela e a paragem para as seleções

"O Alan fez trabalho de ginásio. Obviamente que queremos dar continuidade, queremos jogos competir, mas são pausas naturais. Acho que fazem bem, especialmente neste período com muitos jogos, com uma intensidade altíssima, neste caso no último com 120 minutos de pressão e tensão própria de eliminatória da Champions. Amanhã temos mais uma batalha muito importante e depois acho que temos uma pausa merecida, para que os jogadores que vão à seleção também encontrem ambientes diferentes. O importante é que não estraguem. No que é o baixar, o relaxar, para que depois metam a máquina a funcionar novamente a alta rotação. Esse é o meu receio, assim como uma ou outra lesão que vão acontecendo".

Wendell e Galeno falham as grandes penalidades; insultos à namorada de Namaso

"Temos uma câmara de frio, bem grande, vão lá para dentro e passado dois minutos e meio, três minutos, voltam para fora limpos. Não há. Ali, não foi o Wendell e o Galeno a falhar, foi a equipa. Não é um problema. Problema era se numa situação de jogo eles não cumprirem. Fizeram um excelente jogo. Todos nós sofremos como eles. Não são eles os responsáveis, o principal responsável sou eu, sempre. Não afeta minimante... Claro que ficamos desagradados com a nossa eliminação, mas não passa disso. Em relação ao Danny, é uma situação interna. Já falámos com o atleta e está tudo esclarecido."

Galeno na seleção do Brasil

"Fiquei muito feliz, pelo Galeno, do Wendell, uma equipa onde há tantas soluções. Fico extremamente feliz. Falei com o selecionador nacional há uns meses, onde foi pedido por ele para sensibilizar o Galeno para escolher a seleção portuguesa, contei ao Galeno essa conversa. Disse-lhe o que o selecionador tinha dito e dei a minha opinião sobre o que ele podia fazer. A jogar no campeonato português tinha mais hipóteses de ser chamado à seleção portuguesa; passaram várias convocatórias, nunca foi chamado, e agora foi chamado à seleção do Brasil".

Francisco Conceição chamado à seleção nacional

Vejo na mesma forma e sinto o mesmo que pelo Galeno e pelo Wendell. Fico feliz por eles. O João Mário também foi convocado, às vezes puxo-lhe as orelhas, mas fico tão contente como se fosse meu filho. São todos meus filhos".

O FC Porto, terceiro classificado, com 55 pontos, recebe o Vizela, 17.º e penúltimo, com 21, no sábado, a partir das 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, em encontro da 26.ª ronda da I Liga, sob arbitragem de João Gonçalves, da Associação de Futebol do Porto.