O 19.º título de campeão nacional de futebol conquistado hoje pelo Sporting tem como “principais responsáveis” o treinador Rúben Amorim e o presidente Frederico Varandas, elencou o ex-presidente dos ‘leões’ José Sousa Cintra.
“O presidente escolheu um treinador que ninguém conhecia e sobre o qual havia aquelas dúvidas todas. O técnico soube dar a lição aos jogadores e àquela juventude para serem campeões. Todos estão rendidos a ele. Acho que temos de nos curvar e dizer que fez um trabalho brilhante”, frisou à agência Lusa o ex-líder do clube, de 1989 a 1995 e em 2018.
O Sporting venceu hoje a I Liga pela 19.ª ocasião, precisamente 19 anos depois do último título, arrebatado em 2001/02, ao vencer ao Boavista, por 1-0, com um golo solitário de Paulinho, em jogo da 32.ª e antepenúltima jornada, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
“O treinador está de parabéns pelo trabalho que desenvolveu no Sporting. Conseguiu pôr os miúdos a jogar, deu um momento de grande felicidade à família sportinguista e a sua simplicidade, saber, conduta e forma de atuar foram brilhantes. O presidente também, porque soube escolhê-lo e ninguém acreditava que aquilo desse certo no fim”, insistiu.
Líderes isolados desde a sexta ronda, os ‘leões’ reconquistaram o maior troféu do futebol nacional ao fim de 25 vitórias, sete empates e zero derrotas, com 82 pontos, oito sobre o FC Porto, segundo colocado e anterior detentor do cetro, e 12 ao Benfica, terceiro.
“Só se houvesse um grande terramoto é que o Sporting não seria campeão. Sempre acreditei que estava num bom caminho, a jogar com aquela simplicidade. Foi prejudicado aqui e acolá, mas ia em frente. Nunca tive dúvidas. A cada dia que passava, mais entusiasmado ficava. Espero que acabe a época sem desaires”, desejou Sousa Cintra.
O ex-presidente elege como “momento-chave” a contratação de Rúben Amorim ao Sporting de Braga, em março de 2020, a troco de 14,6 milhões de euros, já que “foi fantástico” ter “trazido uma nova visão de jogo e os resultados surgido tranquilamente”.
“Discurso contido? Mostra a grandeza do treinador. Estou 100% de acordo. Não se deve deitar foguetes antes da festa e ele quis ter um comportamento exemplar, estando empenhado em ganhar jogo a jogo e reforçar a equipa com qualidade, experiência e maturidade. Temos de o felicitar pela forma como conduziu aquela juventude”, notou.
José Sousa Cintra, de 76 anos, acredita que este título transmitirá uma “mensagem forte aos jovens”, que “nunca viram o Sporting ser campeão” e simbolizam o futuro de uma instituição que, “sem ganhar há 19 anos, teve sócios fiéis e sempre comprometidos”.
“É um clube diferente, sem dúvida. Tem uma história linda nas modalidades todas e não só no futebol. É o clube mais eclético de Portugal e um dos mais ecléticos do mundo. Contudo, para esta juventude, o futebol é que manda. Esta vitória é muito boa para o futuro do Sporting e para o entusiasmo e a unidade dos sportinguistas”, afiançou.
Nomeado pela comissão de gestão para liderar o futebol profissional no verão de 2018, após os incidentes na academia de Alcochete e aquando da transição entre Bruno de Carvalho e Frederico Varandas, o empresário lembra que “ninguém ganha com guerras”.
“A união faz a força e os sportinguistas devem estar sempre unidos. O que importa é o futuro do Sporting, que foi campeão europeu de futsal e tem as modalidades todas num bom caminho. A unidade é importante e espero que todos estejam unidos, para que as coisas funcionem o melhor possível para bem e glória do nosso clube”, aconselhou.
Sousa Cintra vivenciou períodos de grande instabilidade em Alvalade, culminados nas duas maiores ‘secas’ de campeonatos da história dos lisboetas, estendidas por 18 e 17 épocas seguidas, entre 2002/03 e 2019/20 e de 1982/83 a 1998/99, respetivamente.
“O Sporting sempre se pautou pela verdade do desporto e nunca entrou em coisas que não estivessem dentro da legalidade, da ordem e do respeito. Julgo que os amantes do futebol, e em particular os nossos grandes adversários, Benfica e FC Porto, reconhecem que esta vitória é merecidíssima e ninguém pode apontar alguma coisa”, defendeu.
Durante os seus três mandatos exercidos no final do século XX, e apesar do investimento acumulado, a equipa de futebol do Sporting só conquistou a Taça de Portugal de 1994/95 (2-0 ao Marítimo), cuja final decorreu já na vigência do sucessor Pedro Santana Lopes.
“Desde que haja verdade no futebol, o Sporting irá ser sempre um clube importantíssimo. Se houver outros interesses, não pactuará com isso. Há muitos clubes que pertencem a esta ou aquela cidade, mas somos o Sporting Clube de Portugal e faremos a verdadeira festa nacional. Espero que corra o melhor possível e todos sejam felizes”, finalizou.
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