Jaime Marta Soares anunciou esta quarta-feira o cancelamento da Assembleia Geral do Sporting, marcada para este sábado, dia 30. A reunião magna tinha como ponto único a aprovação do orçamento de 1 julho de 2018 a 30 de junho de 2019.
"Não valeria a pena, estando a cerca de dois meses de eleições, irmos aprovar um orçamento e um plano que outros teriam de dar seguimento. Não há nada que ponha em causa esta decisão. A gestão do Sporting continuará sem qualquer percalços. Será feita em duodécimos, aproveitando o orçamento anterior até eleições a 8 de setembro. Por isso tudo funcionará dentro da normalidade. Aprovar um orçamento agora iria limitar liberdade da direção que tomar posse. Foi uma decisão pensada", disse aos jornalistas o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting.
Jaime Marta Soares fez ainda um apelo relativo às eleições de 8 de setembro. "Que apareçam muitos candidatos e que, acima de qualquer preconceito ou interesse pessoal, tenham sempre em consideração o coletivo e o Sporting", referiu.
Sobre a possibilidade do antigo presidente do Sporting se recandidatar, Marta Soares disse que "se estiver dentro dos regulamentos, poderá candidatar-se. Se não estiver, terá de ser o que o regulamento define. Isso é a Comissão de Fiscalização que define. Eu não sei quais são as decisões. Tudo depende dos regulamentos que devem ser interpretados com todo o cuidado."
Jaime Marta Soares falou ainda dos novos estatutos, aprovados desde fevereiro, que ainda não estão em vigor passando as responsabilidades para o Conselho Diretivo. "Estatutos quando forem registados vão definir nova regra para eleições do Sporting. Acaba o Conselho Leonino e tem de haver lista completa para os três órgãos sociais. Nós preparámos tudo que havia a preparar, depois tinha de ser a estrutura executiva a registar os estatutos. Já está pronta a ata há mais de mês e meio. A Mesa não tem funções executivas. Competia ao Conselho Diretivo ter feito esse registo. Os estatutos não estiveram escondidos."
Num comunicado conjunto, a Mesa da Assembleia Geral, a Comissão de Gestão e a Comissão de Fiscalização referem que a responsabilidade pela elaboração desse Plano de Atividades e desse Orçamento para o exercício económico de 01 de julho de 2018 a 30 de junho de 2019 “deverá pertencer ao Conselho Diretivo que resultar” das eleições agendadas para 08 de setembro, nas quais os sócios vão escolher o sucessor de Bruno de Carvalho na presidência do clube, destituído na Assembleia Geral de sábado, com 71,36% dos votos.
“Foi considerado que a decisão ora tomada é a que melhor defende e salvaguarda os interesses do clube, uma vez que não vincula o futuro Conselho Diretivo ao cumprimento de um Orçamento e um Plano de Atividades que não elaborou e que condicionaria toda a sua atividade durante o respetivo exercício económico”, justificam os três órgãos, no comunicado conjunto enviado à agência Lusa.
A nota explica que nos termos do disposto nos Estatutos do Sporting Clube de Portugal, a Assembleia Geral para aprovação do Orçamento de receitas e despesas de cada exercício económico elaborado pelo Conselho Diretivo, acompanhado do respetivo Plano de Atividades e do parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar, deverá ter lugar durante o mês de junho.
Contudo, a Mesa da Assembleia Geral, a Comissão de Gestão e a Comissão de Fiscalização sublinham que esta decisão “não coloca minimamente em causa a boa gestão corrente nem os compromissos administrativos e desportivos, assumidos e a assumir, uma vez que, entretanto, se aplicará o regime de duodécimos legalmente previsto”.
Perante esta realidade “objetiva e inquestionável, e tendo exclusivamente em vista o escrupuloso respeito pelo compromisso com os sócios quanto à defesa dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal, foi decidido por unanimidade desconvocar a Assembleia Geral agendada para o próximo dia 30 de junho de 2018”, refere o comunicado.
Numa das mais concorridas Assembleias Gerais (AG) de sempre do Sporting, que se realizou no sábado, em que votaram 14.735 sócios, Bruno de Carvalho, que marcou presença, votou e permaneceu no recinto da Altice Arena, em Lisboa, até ao anúncio dos resultados, foi destituído com mais de 71% dos votos.
De acordo com os resultados finais, 9.477 dos votantes, com uma correspondência de 53.517 votos, disseram sim ao afastamento de Bruno de Carvalho, enquanto 5.138, correspondentes a 21.475, preferiam a continuidade do presidente.
A AG foi convocada com o objetivo de decidir o afastamento ou a continuidade de Bruno de Carvalho, figura central de uma crise que se agudizou com a perda do segundo lugar na I Liga de futebol e a invasão de adeptos à Academia do Sporting, em Alcochete.
*Notícia atualizada às 13h29
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