Cansados por não haver novidades em relação ao regresso do público aos estádios, os 'Super Dragões' emitiram esta sexta-feira um comunicado considerando que o futebol tem sido tratado como o "parente pobre da sociedade e os seus adeptos como os únicos que não se sabem comportar".
A claque questiona ainda como se permitem outras atividades com público como são os casos da touradas, das missas, dos parques aquáticos e a realização da Festa do Avante. Estranha ainda o silêncio do Benfica.
Leia o comunicado na íntegra
"Sem surpresa, ficou ontem confirmada a realização da Festa do Avante no próximo mês de Setembro, evento que habitualmente reúne dezenas de milhares de pessoas ao longo de três dias consecutivos. Num país onde as touradas se realizam na presença dos seus aficionados, onde os eventos religiosos ocorrem na presença dos seus crentes, onde ainda na semana passada vimos um jantar de um partido com grandes aglomerados de militantes em volta do seu líder, onde há parques aquáticos que se enchem com os seus amantes, onde em pleno Estado de Emergência foi autorizada uma manifestação relativa ao 1.º de Maio, onde as praias estão a abarrotar de veraneantes, onde as portas dos hotéis da capital são palco de aglomerações apenas para ver passar os craques da Champions League, num país onde acontece tudo isto e muito mais, apenas o futebol continua à porta fechada, sem a emoção dos seus apaixonados adeptos.
Os níveis de hipocrisia estão a atingir patamares impensáveis, tratando o desporto rei como o parente pobre da sociedade, e os seus adeptos como os únicos que não se sabem comportar. Esquecem-se que também nós temos família, temos Pais e Mães que não queremos colocar em risco, temos profissões e compromissos aos quais não podemos falhar. Não, não queremos correr riscos despropositados, não queremos ser portadores ou transmissores de um vírus maldito, não queremos promover uma Pandemia na qual, desde a primeira hora, ajudamos a combater através de diversas acções.
Não nos podemos calar perante esta verdadeira discriminação, esta marginalização dos adeptos de futebol. Em breve, iremos solicitar uma audiência à Direção Geral de Saúde para que possamos fazer parte da solução e nunca do problema. Queremos contribuir activamente na construção de um plano que permita o regresso dos adeptos aos estádios, através das medidas que se entendam adequadas para o efeito.
Não podemos aceitar que apenas por cobardia não se dê este passo, mesmo perante as repetidas intervenções de responsáveis do futebol português, onde se destacam o nosso presidente Jorge Nuno Pinto da Costa que tem estado na primeira linha da indignação perante o actual estado de coisas, e o Dr. Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Estranhamento, ou não, apenas o presidente do SL Benfica continua em silêncio profundo sobre esta matéria, quiçá com receio de que o regresso dos adeptos signifique aumento da contestação à sua liderança.
Não abdicaremos desta luta. Não o faremos por nós e não o faremos pelos milhões que anseiam regressar aos diferentes estádios onde são felizes!"
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