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O funeral realiza-se na segunda-feira às 17:00 no cemitério do Lumiar.
O escritor Manuel Alegre, que dedicou um poema a Eusébio, exaltou hoje a imagem do antigo futebolista, que considera ter sido a “única imagem positiva de Portugal” durante a ditadura do Estado Novo.
“Em primeiro lugar não foi uma surpresa, porque sabia que o Eusébio estava muito doente. O que mais me tem impressionado foi ver que há miúdos a chorar pelo Eusébio, miúdos que nunca o viram jogar. Significa que o Eusébio tinha algo dentro de si, que não era só o dom de um grande futebolista, um dom humano muito especial, que as crianças sabem reconhecer”, afirmou Manuel Alegre, em declarações à agência Lusa.
Na obra que lhe dedicou, Alegre explicava que Eusébio “buscava o golo mais que golo – só palavra” e que um remate certeiro do antigo futebolista “não era golo – era poema”.
O militante socialista e antigo candidato à Presidência da República admitiu que o seu poema não será intemporal, ao contrário do próprio “Pantera Negra”.
“O que é intemporal é o Eusébio, que é um símbolo, não só do futebol português”, frisou.
Manuel Alegre recordou a forma como “viveu” o Campeonato do Mundo de 1966, no qual Eusébio foi eleito o melhor jogador e conseguiu o título de melhor marcador.
“Eu estava no exílio quando foi o Campeonato do Mundo de 1966, lembro-me muito bem do que Eusébio significava. Quando se dizia Portugal, em muitos países, respondiam-nos Eusébio. E Eusébio era, como foi a seleção de 1966, a única imagem positiva de Portugal que passava no Mundo”, sublinhou.
Instado a revelar a perceção sobre Eusébio, Manuel Alegre destaca “a imagem de um grande jogador, de alguém que, num tempo em que a guerra colonial dividia Portugal e África, era um traço de união”.
“Isso foi muito importante, numa altura em que Portugal era condenado em todas as instâncias internacionais por ser uma ditadura e conduzir uma guerra contra as determinações da ONU e as instâncias internacionais em África, numa altura em essa guerra dividia Portugal e os países hoje lusófonos, o Eusébio era um símbolo do futuro, um traço de união. Onde a ditadura e a guerra dividiam, Eusébio era um traço de união. Esse foi, talvez, o seu maior serviço, além dos golos e do talento como jogador, que prestou ao país e à lusofonia”, concluiu.
Eusébio da Silva Ferreira morreu hoje às 04:30 vítima de paragem cardiorrespiratória.
O “Pantera Negra” ganhou a Bola de Ouro em 1965 e conquistou duas Botas de Ouro (1967/68 e 1972/73). No Mundial Inglaterra de 1966 foi considerado o melhor jogador da competição, na qual foi o melhor marcador, com nove golos. Na mesma competição, Portugal terminou no terceiro lugar.
Eusébio nasceu a 25 de janeiro de 1942 em Lourenço Marques (atual Maputo), em Moçambique.
O corpo do antigo jogador de futebol Eusébio está em câmara ardente no Estádio da Luz desde as 17:30 de hoje. O funeral realiza-se na segunda-feira às 17:00 no cemitério do Lumiar.
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