André Villas-Boas esteve na Casa do FC Porto, em Coimbra, esta segunda-feira, onde se reuniu com algumas dezenas de sócios do clube azul e branco para falar sobre a sua candidatura à presidência dos Dragões.
O candidato às eleições falou do passado, deixou críticas a atual administração liderada por Pinto da Costa e elencou caminhos a seguir para melhorar o FC Porto no futuro.
Regresso a Coimbra: "Prazer enorme regressar a Coimbra, cidade onde iniciei o meu trajeto como treinador principal. Traz uma nostalgia, ainda fui matar uma 'saudadezinha' à Munich [restaurante]. É a minha segunda visita à Casa do FC Porto de Coimbra. No arranque da candidatura quisemos visitar as casas informalmente para recolher informação. Há mês e meio passámos aqui, tocámos à porta, a casa não estava aberta e um senhor da loja em frente veio falar connosco a perguntar o que estávamos ali a fazer. No caminho para baixo, após vermos que a casa estava fechada, ligou-me o meu sobrinho a dizer que uma delegação da Casa de Coimbra estava... na minha sede!"
Tumultos na AG do ano passado: "A comunicação do FC Porto desapareceu. Somos sempre os últimos a saber e nunca nos dizem a verdade. O 13 de novembro é triste, mas acordou os portistas para a realidade. Temos de recordar sempre esse dia, porque pode levar o clube para outra via" disse, abordando também a necessidade de novas infraestruturas: "A formação anda com a casa às costas. Apesar da grande obra de Jorge Nuno Pinto da Costa, ainda há infraestruturas por fazer."
Motivos para ter Academia em Gaia: "Vamos apresentar no dia 2 a nossa Academia, que se tornou um campo de batalha entre as duas candidaturas. Imagino que já tenham ouvido histórias suficientes entre uma e outra. Achamos que o FC Porto precisa de uma obra mais rápida, menos custosa e de trabalhar em unidade entre futebol profissional e de formação. Não faz sentido um FC Porto dividido em três pólos distintos, em zonas circundantes ao Porto. Daí termos procurado terrenos perto do Olival atual para instalarmos o nosso centro de alto rendimento. Até 27 de abril vamos apresentar novidades sobre a Fundação FC Porto, à parte da direção executiva, da desportiva e da administração executiva".
Negócios do FC Porto com João Rafael Koehler, um dos proprietários da Quadrantis: "Eu e o José Pedro, recentemente começámos a deslocar-nos e a ter reuniões exploratórias com a banca internacional. E uma das perguntas que a gente faz frequentemente é se há conflito de interesse ou se já o FC Porto se tinha sentado com os mesmos. E se não nos sentamos com a banca internacional e percebermos as oportunidades de negócio ali, porquê que estamos a fazê-lo com fundos relacionados com determinadas pessoas que depois aparecem nas nossas candidaturas como grandes vice-presidentes e grandes estrategas da parte financeira do FC Porto? Portanto, tudo isto chega a interesses alheios que o FC Porto quer precisamente, e vocês querem que o FC Porto se distancie. Parece que isso não vai acontecer. Parece que este novo FC Porto que está relacionado com outra candidatura é um FC Porto de novo refém dos mesmos interesses alheios ao mesmo e do enriquecimento de outras pessoas e não do clube"
Ter um Centro de Alto Rendimento em Lisboa: "Os portistas em Lisboa são grandes portistas e todo este deserto que sai destes três distritos são sócios que são bravos porque resistem quase no meio de nada. Portanto, para mim apenas fazia sentido provocar. Se eu quero crescer enquanto clube de associados e se em Lisboa, precisamente no coração da capital, estão lá aqueles bravos portistas que resistem e com um poder único de trazer e levar e trazer ainda mais associados, porque é que, neste conceito de crescimento, eu não apresento ali o meu Centro de Alto Rendimento? É ali, em Lisboa, onde temos tantos portistas que são frequentemente desvalorizados pela nossa luta contra o centralismo, contra Lisboa... Eles têm de ser valorizados. O crescimento do FC Porto enquanto clube de associados, enquanto clube nacional, a sua afirmação tem de tocar em todos os pontos. Não somos de categorias por estarmos abaixo da Ponte da Arrábida... Apresento o CAR em Lisboa para trazer este novo FC Porto nacional, com essa força toda."
Mudanças na atribuição dos Dragões de Ouro: "A atribuição do Dragão de Ouro de sócio do ano tem de ser reformulado. Chega de ser uma forma de bajulação a figuras, mas sim para o sócio que sofre e paga as quotas. Que não seja apenas para premiar figuras da sociedade civil, políticas ou da igreja. Há que reformatar esse sentimento e atribuição."
Críticas à plataforma de venda de bilhetes: "Muitos problemas, vai abaixo, bonequinho pendente e problemas na recolha de bilhetes. Uma pessoa de Barcelos tem de ir ao Porto recolher o bilhete, não faz sentido e são muitos episódios."
Modalidades do FC Porto: "Apesar de dignificar a grande obra de Pinto da Costa, a verdade é que as modalidades do FC Porto andam com a casa às costas. Há alguma falta de estruturas."
Mudanças no Porto Canal: "No universo dos conteúdos específicos, fazendo a ponte para o Porto Canal, é um canal que pode oferecer outro tipo de conteúdos e não o faz, muitas vezes para proteção das equipas. Quase todo o universo de conteúdos que o Porto Canal oferece sobre a equipa principal pode ser visto nos generalistas. Falta um bocadinho de exclusividade de conteúdos. Um dia no estágio, um dia de pré-época... O Porto Canal representa custo elevado. Estão empregues no FC Porto, através do Porto Multimédia, muitas pessoas. Trazer a debate a sustentabilidade do Porto Canal é sensível. O nosso objetivo inicial é dinamizar conteúdos do Porto Canal e avaliar capacidade de atrair um novo tipo de clientes e espectadores, que possa torná-lo sustentável, que valorize as pessoas que lá trabalham. E há um papel a jogar junto das empresas a Norte. É uma área de intervenção sobre a qual já falei com o José Pedro: melhoria de conteúdos, controlo de custos e expansão."
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