Depois do discurso de candidatura à presidência do FC Porto, André Villas-Boas falou aos jornalistas presentes no edifício na Alfândega do Porto.
FOTOS: Apresentação da candidatura de André Villas-Boas à presidência do FC Porto
Razões para a candidatura: "O FC Porto precisa de mudança. Tenho-me vindo a preparar para ser o motor de transformação do clube. O FC Porto precisa de se encontrar com os seus associados, de encontrar uma nova dinâmica, uma nova força. Agora, é tempo de mudança."
Sente que está a trair Pinto da Costa? "Não. Ele é uma peça fundamental da história do FC Porto, assim será recordado para sempre. Mas agora, queremos recuperar a nossa força e mostrar o programa que temos para os sócios decidirem em conformidade aquilo que eles querem para o FC Porto."
Má gestão da atual direção: "Nesta fase estamos muito ansiosos para perceber finalmente o que se passa no negócio com a Legends e com a Sixth Street, que pode recolocar o FC Porto a ter capitais próprios em positivos, ou muito perto de serem positivos como disse o presidente que o iria fazer até 31 do 12. Estamos à espera dessas decisões que são estruturantes para depois adaptarmos a nossa estratégia para a vertente financeira. É lamentável que essas decisões estejam a ser tomadas a três meses das eleições, porque podem hipotecar uma futura gestão do clube. Decisões desta envergadura só acontecem quando se vende parte do clube ou uma das participadas do clube, ou quando se fazem movimentos contabilísticos relativamente aos ativos do clube, como é o Estádio do Dragão."
Qual é a medida diferenciadora da sua campanha? "O motor do FC Porto é a sua gestão desportiva e é essa que lamentavelmente desapareceu. Num modelo de gestão rigoroso, que funcione, o FC Porto pode voltar a encontrar essa força. A nossa força é o desporto, é ganhar troféus, formar jogadores, encontrar melhores jogadores, competir para ganhar, porque isso no fundo é a sustentabilidade do clube. Será isso o nosso motor. Queremos uma gestão desportiva rigorosa e adequada à modernidade, completa com pessoas que com a mística do FC Porto, mas também com pessoas competentes e experientes, com nome no mercado que vão reforçar o FC Porto."
Pediu coragem aos adeptos para irem votar porquê? "Lamentavelmente ainda estamos à espera de saber as consequências da Assembleia Geral de 13 de novembro. Foi uma AG que ficou marcada pelo que todos sabemos. Muitas das Casas não querem perder a pouca alocação de bilhetes que já tem. E naturalmente que casas associadas a outras candidaturas podem ficar ainda mais estranguladas relativamente aos seus bilhetes, por apoiar outra candidatura. O FC Porto deve respeitar as eleições de forma democrática, mas também a atual direcção e os órgãos sociais do FC Porto. Tivemos aqui algumas casas presentes, são muito importantes para nós, para fomentar o associativismo do FC Porto. É importante que se possam exprimir à vontade, escolher os seus candidatos e permitir que os candidatos se desloquem às casas sem medo de represálias."
André Villas-Boas, de 46 anos, passou pelo comando técnico do FC Porto em 2010/11 e arrebatou quatro competições, entre as quais a I Liga portuguesa e a Liga Europa, que representa a última das sete conquistas internacionais da história dos ‘azuis e brancos’.
Iniciada na Académica (2009/10), a carreira de treinador principal passou também pelos ingleses do Chelsea (2011/12) - numa época em que os ‘blues’ venceram a primeira Liga dos Campeões do seu historial e uma Taça de Inglaterra - e do Tottenham (2012-2013).
Seguiram-se experiências com o Zenit São Petersburgo (2014-2016), no qual venceu um campeonato, uma Taça da Rússia e uma Supertaça, com os chineses do Shangai SIPG (2016-2017) e com os franceses do Marselha (2019-2021), último clube por si orientado.
Antes desse percurso nos bancos, André Villas-Boas assumiu funções de observador no FC Porto, integrando as equipas técnicas do já falecido inglês Bobby Robson e de José Mourinho - com quem trabalhou igualmente no Chelsea e nos italianos do Inter Milão - e teve uma breve passagem como diretor técnico da seleção das Ilhas Virgens britânicas.
Técnico mais jovem de sempre a arrebatar uma prova europeia, o detentor do Dragão de Ouro de treinador do ano em 2011 junta-se agora a Nuno Lobo, candidato derrotado em junho de 2020, nas eleições do FC Porto rumo ao quadriénio 2024-2028, cuja data ainda será marcada pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (AG), José Lourenço Pinto.
Pinto da Costa, de 86 anos, ainda não revelou se concorrerá a um 16.º mandato seguido, numa fase em que é o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, tendo sido eleito pela primeira vez como 33.º presidente da história do clube em abril de 1982.
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